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19 de abril de 2024 | 23:02
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Larga Brasa

Vereador queria trabalhar
Há tempos não distantes havia um vereador de nossa Câmara Municipal que, junto com sua esposa, havia adotado mais de vin­te filhos em um trabalho social inédito na Vila Tibério. Sua mulher foi considerada em um programa da TV Tupi, que era comandado por Blota Junior, como a Mãe do Ano, nacionalmente. Afora isso, sempre foi um político que procurava trabalhar no Legislativo e também politicamente para quem tinha ideias semelhantes às suas. Participava de um partido e tinha ideais.

Convite para ir para a capital
Certas feita ele foi convidado por um alto dirigente partidário que vislumbrou em sua liderança um apoio futuro para sua candida­tura. Sem o dizer, indicou-o para trabalhar no Palácio dos Ban­deirantes, na capital. Era um cargo com nome pomposo e com salário identicamente polpudo. Cheio de orgulho, ele avisou a família, pegou o “Cometão” e se dirigiu para São Paulo, pleno de esperança e vontade de batalhar pelos seus ideais. Apresentou­-se ao porteiro que possuía seu nome e a orientação para ele se dirigir a um chefe de sua seção do “batente”.

Apresentações de praxe
Ele foi levado perante a uma pequena plateia em que suas vir­tudes foram enfatizadas e até arrancaram algumas palmas. Ele seria lotado em importante setor responsável pelo apoio logístico ao Governador do Estado, supremo orgulho. Terminada a exposi­ção sobre qual seria sua missão os poucos que estavam na gran­de sala voltaram-se para seus trabalhos, ocupando as mesas e cadeiras existentes. Ele se assustou, pois não havia sobrado nenhum lugar em que ele deveria se sentar para colocar todas as suas reivindicações para sua cidade e região.

Chefe é chefe
Todo “cheio de dedos’ procurou o chefe que havia feito a sua apresentação pomposa e perguntou qual era a sua mesa de trabalho. Surpreso o referido superior lhe disse que não havia trabalho. Somente ele deveria enviar pelo Correio, todo final de mês, o dia a dia de pontos assinados para que se completasse a folha de serviços prestados para que fosse feita a folha mensal. Mais incrédulo ainda ele questionou dizendo que queria traba­lhar, tinha muitos sonhos e reivindicações de seu povo, etc. O chefe, já ríspido, lhe disse: – “Meu amigo, aqui e política, não se trabalha. Colocamos os amigos dos políticos para recebe­rem seus salários sem questionamentos. Volte para Ribeirão Preto, envie seus pontos mensais e passe bem…”. O vereador, tal e qual “cachorro caído de mudança” voltou de ônibus para Ribeirão Preto. Não entendia o que havia acontecido. Ficou a viagem inteira matutando o que faria. Em aqui chegando bateu uma carta de demissão colocando que deixava de assumir seu trabalho por falta de condições para exercê-lo e por não ter en­contrado sua mesa e cadeira do labor.

Pito
Ainda no dia do retorno recebeu telefonema de São Paulo do po­lítico que o indicou que lhe passou um “pito” por não ter aceito o pseudo serviço, dizendo-lhe que a política era assim mesmo. Ele reiterou a demissão e denunciou a situação pela tribuna da Câmara. Ficou sem emprego no Estado e outro foi indicado para seu lugar. Seu nome: José Rosário Caminiti, já falecido.

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