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19 de março de 2024 | 1:26
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Larga Brasa

A história do Zé da Mangueira
Há tempos na Ribeirão Preto de outrora houve uma ocorrência policial das mais graves e que não era comum acontecer. Al­guns “filhos de papai”, que já estavam se utilizando da cocaí­na e não mais comum maconha ou Pervitin (metanfetamina, popularmente conhecida como cristal), se envolveram com traficantes da pesada que estavam tentando conquistar novos mercados para as drogas dentre estudantes de nossa cidade. A polícia desconfiou de um carro mais ousado para época e determinou que os “playboys” descessem do veículo. Os jo­vens saíram em desabalada carreira e houve troca de tiros, atingindo um deles, de outra cidade, que foi hospitalizado em estado grave. O que era daqui foi preso e um grupo grande de advogados acorreu à delegacia para assistência de direito. O terceiro elemento fugiu nas proximidades da Igreja de São José e, pulando de telhado em telhado foi se esconder em uma mangueira na confluência das ruas São José e Lafaiete e lá se envolveu na escuridão.

Polícia e bombeiros
Policiais com ajuda de bombeiros começaram a vasculhar os quintais com holofotes potentes e encontraram o bandido com duas pistolas automáticas. Tentaram argumentar com o rapaz, apelidado no ato de “Zé da Mangueira’ que se mostrou muito perspicaz e enrolou os primeiros homens da lei. Pediu que o delegado regional comparecesse ao local que ele se en­tregaria. O regional subiu em uma escada, tentou convencê-lo e disse que nada iria acontecer. Mas ele se negou, mas pediu que chamassem o arcebispo. O arcebispo compareceu e ten­tou a fazer até uma oração para que o armado descesse. Ele garantiu que se chamassem o comando da Policia Militar ele cumpriria com o trato de se entregaria. Nada disso aconteceu. O que os policiais sentiram é que ele queria ganhar tempo pois estava com dois holofotes apontados para ele e não conse­guia estudar a situação do entorno. Foram levando a conversa esticando os argumentos. Aí disse que queria conversar com alguém do rádio que estivesse lá. Fomos nós para o alto da mangueira, plena madrugada, para dialogar com o bandido. Enquanto isto a esposa do repórter, grávida nos últimos meses de gestação, aguardava dentro do “Fusquinha” do lado de fora. O repórter desceu e nada aconteceu. O dia começava a raiar.

Pistolas apontadas, fuzis engatilhados e gravador pronto
Tudo estava pronto para um final feliz se ele se entregasse, mas as perspectivas não eram das melhores. Em dado mo­mento, duas pistolas que estavam de posse do rapaz começa­ram a atirar em direção dos policiais e no meio do tiroteio este repórter gravava em seu gravador Phillips. Em dado momen­to um choque surdo no chão e ele desabou. Imediatamente levado ao hospital constatou-se a sua morte que se tentou evitar durante a noite e madrugada adentro. Final não feliz. O repórter divulgou a matéria, passou para a Tupy de São Paulo e retornou ao carro onde, pacientemente, sua esposa o aguardava. Com preocupação estampada no rosto e um tanto revoltada ela diz ao jornalista: -“Vamos fazer um trato. En­quanto eu não tiver o seu filho, não faça outra reportagem com risco da sua própria vida”. Nunca mais a desobedeci. Ganhei o Troféu Carlos Espera como melhor reportagem. Neste ano completamos 51 anos de casados.

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