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17 de abril de 2024 | 22:45
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Los Hermanos e o poder da música ao vivo

Por Guilherme Sobota

“Saudades de uma aglomeração, né, minha filha?”. Milhares de fãs dos Los Hermanos acompanharam  a “live” promovida pela banda como parte do lançamento de Los Hermanos 2019, o novo disco ao vivo lançado nas plataformas no mesmo dia, já disponível.

Num momento único e terrível para o sistema da música ao vivo no mundo todo, e quando artistas procuram formas de se comunicar com os fãs, a banda apresentou uma novidade: o vídeo mostra o “ponto de vista Hermanos”, ou seja, a câmera, de cima do palco ou no solo, fica apontada o tempo todo para a plateia, para “los fãs”, num tipo de homenagem que ganha novos significados nos tempos em que vivemos.

O vídeo, agora disponível no canal oficial da banda, mas transmitido ao vivo com um chat, criando uma espécie de festa entre pessoas conectadas de diversos locais, mostra a cerca de 1h30 do disco gravado, interpolada com imagens, em shows nas 11 cidades pelas quais a banda passou em 2019. É uma hora e meia de faces, cantando emocionadas músicas que marcaram uma geração de brasileiros, talvez a última de amantes da música tão centralizada por uma banda de rock nacional, cria deste solo.

O repertório é conhecido. É fácil perceber que a iniciativa da banda, certamente pensada antes da pandemia, propõe um ato simples como olhar para as pessoas, estipulando uma base de empatia e solidariedade em falta no Brasil.

Com O Vencedor, Marcelo Camelo aponta o microfone e o público canta, vibrante, os primeiros versos de uma música que preconiza um tipo de otimismo melancólico, signo de uma geração, transformado em música: “Olha lá, quem acha que perder / É ser menor na vida / Olha lá, quem sempre quer vitória / E perde a glória de chorar / Eu que já não quero mais ser um vencedor / Levo a vida devagar pra não faltar amor”. Com Primeiro Andar, A Outra, Pois É, Sentimental, a banda arranca lágrimas desgarradas de rostos às vezes mais jovens que as músicas, marcas de uma idade em que sofrer por amor é regra, e não exceção.

De Onde Vem a Calma é nomeada pelos fãs de “Evangelho Segundo São Camelo”, e uma série de canções do primeiro disco recupera das entranhas do início dos anos 2000 as batidas aceleradas descendentes do indie rock de guitarras do século passado.

“Claro que a peça central disso tudo são vocês, ano após ano, e agora enchendo estádios”, diz Camelo, genuinamente impressionado “Um sonho que a gente jamais ousou sonhar, como disse o Bruno”, referindo-se a Bruno Medina que, como Rodrigo Barba, participou do chat no YouTube.

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