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18 de abril de 2024 | 18:41
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Mari Ferrer: OAB repudia sentença

A 12ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, a OAB de Ribeirão Preto, promoveu nesta quinta-feira, 5 de novembro, um ato de repú­dio em relação ao julgamento do caso de estupro da blogueira catarinense Mariana Ferrer, de 23 anos. Ela acusou o empresá­rio André de Camargo Aranha de estuprá-la durante uma festa, em dezembro de 2018, em um camarim privado de um beach club em Jurerê Internacional, em Florianópolis.

Depois de um julgamento polêmico, com ataques à víti­ma, o acusado foi absolvido. A decisão da 3ª Vara Criminal de Florianópolis que inocentou o empresário André Aranha da denúncia de estupro é de 9 de setembro, e o caso ganhou re­percussão após site The Inter­cept Brasil divulgar detalhes da sessão de audiência.

O ato de repúdio ocorreu na Casa do Advogado, no Jardim São Luiz, na Zona Sul, e reuniu a Comissão da Mulher da OAB Ribeirão Preto, o Conselho Municipal da Mulher e outras entidades ligadas à defesa dos direitos femininos. Segundo o presidente da OAB-RP, Luiz Vi­cente Ribeiro Corrêa, foi elabo­rado um documento assinado por todos os presentes que será encaminhado para Corregedo­ria Nacional de Justiça (CNJ), OAB de Santa Catarina e para a Justiça Estadual catarinense, en­tre outras autoridades.

A Corregedoria Nacional de Justiça já abriu procedimento disciplinar para apurar a con­duta do juiz Rudson Marcos, de Santa Catarina, que presidiu a audiência de julgamento e per­mitiu que o advogado do réu atacasse a jovem de 23 anos que fez a denúncia.

A seccional local da OAB também notificou o defensor, Cláudio Gastão da Rosa Filho, para investigar possíveis desvios éticos do profissional. O empre­sário acusado de abuso sexual foi inocentado. A influenciadora digital Mariana Ferrer alega ter sido dopada e estuprada no ca­marote vip. Com o argumento de que a relação foi consensual, a defesa do empresário exibiu, na audiência, fotos sensuais fei­tas pela jovem antes do episódio, e sem qualquer relação com o fato. O advogado de Aranha, Cláudio Gastão, chegou a dizer que a menina tem como “ganha­-pão” a “desgraça dos outros”.

Apesar das intimidações, o juiz não repreendeu. Em deter­minada altura da audiência, a jovem chegou a implorar ao ma­gistrado por respeito. “Excelen­-tíssimo, estou implorando por respeito, nem os acusados são tratados do jeito que estou sen­do tratada, pelo amor de Deus, gente. O que é isso?”.

O pedido de investigação na corregedoria, órgão do Conse­lho Nacional de Justiça (CNJ), partiu do conselheiro Henrique Ávila. O Tribunal de Justiça de Santa Catarina disse apenas que também abriu investigação in­terna para apurar a conduta do magistrado na audiência.

Defesa e MP sustentaram que a jovem estava consciente durante o ato sexual – e não sob forte efeito de drogas –, portanto não haveria estupro de vulnerá­vel. O juiz concordou que não poderia ser caracterizado como estupro de vulnerável. O MP catarinense disse, porém, que a absolvição não foi baseada no argumento de “estupro culposo” (sem intenção), como afirmou o The Intercept, mas “por falta de provas de estupro de vulnerável”.

Em nota, o advogado Gastão disse que os fatos “foram com­pletamente esclarecidos após investigação policial e nos autos processuais”. O Senado decidiu também tomar providências em relação ao caso envolvendo a jovem Mariana Ferrer e a pro­curadora da Mulher do Senado, Rose de Freitas (Podemos-ES), informou ainda que pedirá a anulação da sentença.

Para o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a sentença desonra a socieda­de. “Que a justiça brasileira seja instrumento de acolhimento, jamais de humilhação.” Juristas dizem ser pouco provável que a atuação do advogado por si só leve a alguma mudança no des­fecho do processo, como uma eventual anulação da sentença.

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