A Câmara de Vereadores aprovou, na sessão de terça-feira, 21 de junho, projeto que pune com multa os estabelecimentos flagrados comercializando, adquirindo, transportando, estocando ou revendendo produtos oriundos de furto, roubo ou outro tipo de atividade ilícita.
Se a proposta for sancionada pelo prefeito Duarte Nogueira (PSDB) e virar lei, o infrator pagará multa de 200 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo. Neste ano, cada Ufesp vale R$ 31,97, resultando em penalidade no valor de R$ 6.394. A proposta partiu do presidente do Legislativo, Alessandro Maraca (MDB).
Segundo ele, além da inspeção ostensiva – in loco – nos estabelecimentos, que deverá ser feita pelo Departamento de Fiscalização Geral da Secretaria Municipal de Justiça, pelas polícias Civil e Militar e Guarda Civil Metropolitana (GC M), a multa poderá ser aplicada a partir de veiculação da infração pela imprensa.
Neste caso, a fiscalização poderá constatar se existe fundamento para a autuação com base no boletim de ocorrência (BO), que será solicitado aos órgãos de segurança pública responsáveis pela apreensão do produto. A partir desta fase, serão tomadas as providências impostas pela nova lei.
Segundo a justificativa do projeto, a lei municipal número 14.201, de 20 de junho de 2018, que regula o setor, criou avanços no combate ao crime na cidade, mas não foi suficiente para punir os receptadores. A legislação determina apenas a cassação do alvará de funcionamento dos estabelecimentos envolvidos com receptação.
“Entretanto, a cassação do alvará de funcionamento não consegue, de forma isolada, frear a continuidade delitiva, já que em muitos casos o infrator permanece operando seu negócio na clandestinidade ou se valendo de terceiros, os chamados laranjas, para este fim”, afirma o parlamentar.
Segundo ele, as multas terão quatro finalidades básicas: inibir a prática delituosa, compensar a sociedade pelos prejuízos ocasionados pelo ilícito, punir os infratores em caráter pedagógico, de reeducação, civilidade e sanção e complementar a legislação municipal sobre o assunto.
Uma indicação também foi encaminhada para o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) sugerindo a criação de um fundo municipal destinado à segurança pública, ligado ao Conselho Municipal de Segurança Pública (Conseg). Os recursos seriam provenientes das multas aplicadas aos receptadores.
Dados divulgados pela prefeitura de Ribeirão Preto em reunião na Câmara de Vereadores revelam que, nos primeiros cinco meses deste ano – de janeiro a maio –, foram registrados 111 furtos e roubos de fios de cobre em equipamentos municipais, cerca de um a cada 32 horas. A Secretaria Municipal da Saúde diz que nove Unidades Básicas de Saúde foram alvos de furtos.
Já a Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp) registrou, no mesmo período, 64 ocorrências que resultaram em furto de 2.500 metros de cabos próximos aos semáforos e prejuízo de R$ 30 mil. No ano passado, foram furtados 3.418 metros de cabos semafóricos, em um total de 65 ocorrências, gerando gastos com reparos na ordem de R$ 27.344.
São 129 boletins de ocorrência em pouco mais de um ano. Nos poços artesianos da Secretaria Municipal de Água e Esgoto (Saerp) foram registrados, em cinco meses, 38 furtos de cabos de cobre. Em 2019 foram 51 e em 2020 este número foi de 96. No ano passado saltou para 132, totalizando 317 em três anos e meio. Para se ter uma ideia do prejuízo, em 2021 chegou a R$ 484 mil.