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19 de abril de 2024 | 7:35
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Ciência e Tecnologia

Nasa simula impacto com asteroide e conclui que não haveria muito a fazer

Um grupo de cientistas das agências espaciais dos EUA (Nasa) e Europa (ESA) realizou recentemente um exercício para estudar as opções para evitar o impacto de um asteroide com a Terra. E os resultados são preocupantes: mesmo que a rocha fosse detectada com seis meses de antecedência, não haveria muito o que poderíamos fazer para evitar um desastre de grandes proporções.

O exercício, que durou quatro dias, considera um asteroide hipotético chamado 2021PDC, com tamanho “entre 34 e 800 metros” e detectado a 56,3 milhões de km de nós. A cada dia os cientistas avançavam algumas semanas no tempo e descobriam mais detalhes da ameaça, como seu tamanho e trajetória.

No primeiro dia, “19 de abril”, o asteroide foi descoberto. Neste cenário, uma semana depois os cientistas determinaram haver 5% de probabilidade de impacto em 20 de outubro, seis meses após a descoberta.

No segundo dia a equipe avança para “2 de maio”. Novas análises da trajetória mostram que 2021PDC “certamente” irá atingir a Europa ou o Norte da África. Começam os esforços para projetar uma missão que possa destruir o asteroide ou alterar sua trajetória.

Região do hipotético impacto de 2021PDC. Imagem: CNEOS/Nasa
Região do hipotético impacto de 2021PDC. Imagem: CNEOS/Nasa

Mas os cientistas concluíram que tais missões não seriam capazes de decolar no curto espaço de tempo antes do impacto. “Se confrontados com o cenário hipotético de 2021PDC na vida real, com a capacidade atual não seríamos capazes de lançar qualquer espaçonave em tão pouco tempo”, disseram os participantes.

Uma opção considerada foi detonar um explosivo nuclear próximo ao asteroide, na esperança de destruí-lo ou alterar sua rota. “Enviar uma missão para disrupção nuclear poderia reduzir significativamente o risco de danos com o impacto”, disseram, mas não seria capaz de impedir que ele acontecesse.

Um fator que complica esta opção é que, na janela de lançamento de uma missão nuclear, o asteroide ainda está fora do alcance de nossos radares. Com isso, os cientistas não são capazes de estimar com precisão seu tamanho e composição, dados cruciais para determinar a eficácia de uma explosão.

O terceiro dia do exercício avançou para “30 de junho”, e a trajetória de 2021PDC mostra uma rota de colisão com a Europa Oriental. O tamanho do asteroide finalmente é determinado: 160 metros, com margem de erro de 80 metros para mais ou para menos.

No quarto dia, uma semana antes do impacto, havia 99% de chance de que o asteroide atingisse a região da fronteira entre a Alemanha, República Tcheca e Áustria. Cidades como Praga (República Tcheca), Vienna (Áustria) e Zagreb (Croácia) estão na mira. A explosão liberaria tanta energia quanto uma bomba atômica de grande porte.

Neste momento, tudo o que poderia ser feito seria evacuar a região do impacto quanto antes.

“Em última análise, esses exercícios ajudam a comunidade de defesa planetária a se comunicar entre si e com nossos governos para garantir que todos sejamos coordenados caso uma ameaça de impacto potencial seja identificada no futuro”, disse Lindley Johnson, oficial de defesa planetária da NASA, em um comunicado à imprensa.

Estamos a salvo de Apophis

A Nasa já identificou mais de 25.500 asteroides próximos da Terra (NEOs, Near-Earth Objects), a maioria dos quais é pequena demais para oferecer qualquer risco ao nosso planeta e à vida que o habita. Entretanto, alguns destes objetos são classificados como “Objetos Potencialmente Perigosos” (PHOs, Potentially Hazardous Objects).

Recebem este nome quaisquer objetos, sejam asteroides ou cometas, cuja órbita intersecte a da Terra a uma distância de 7,5 milhões de quilômetros (19,5 vezes a distância entre a Terra e a Lua) ou menos e tenham um diâmetro de cerca de 140 metros ou mais.

São grandes o suficiente para causar “devastação regional sem precedentes na história humana” em caso de impacto com o solo, ou imensos tsunamis caso caiam no oceano. Mas um impacto destes ocorre, em média, uma vez a cada 10 mil anos.

Um destes objetos é o asteroide Apophis. Descoberto em 2004, ele foi originalmente apontado como um dos asteroides mais perigosos que poderiam impactar a Terra, com uma chance de 2,7% de colisão em 2029.

A gigantesca rocha espacial tem cerca de 340 metros de diâmetro médio (450 metros de comprimento), 41 milhões de toneladas e energia equivalente a 60 mil bombas de Hiroshima.

Se ele atingisse nosso planeta, seria capaz de devastar milhares de quilômetros quadrados e causar dezenas de milhões de mortes. Fica fácil entender porque ele recebeu o nome do Deus egípcio do caos e da destruição.

A possibilidade de impacto em 2029 já havia sido descartada, mas ainda havia um pequeno risco em 2068. Felizmente, a Nasa anunciou no final de março que novas observações permitiram determinar que o 99942 Apophis não vai colidir com nosso planeta por pelo menos 100 anos.

“Um impacto de 2068 não está mais no reino da possibilidade, e nossos cálculos não mostram nenhum risco de impacto por pelo menos os próximos 100 anos”, disse Davide Farnocchia, do Centro de Estudos de Objetos da Terra Próxima (CNEOS) da Nasa.

“Com o apoio de observações ópticas recentes e observações adicionais de radar, a incerteza na órbita do Apophis caiu de centenas de quilômetros para apenas um punhado de quilômetros quando projetada para 2029. Este conhecimento muito aprimorado de sua posição em 2029 fornece mais certeza de sua movimento futuro, então agora podemos remover Apophis da lista de risco”, disse.

Fonte: Business Insider

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