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19 de março de 2024 | 7:54
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Neuropsicometria Cognitiva (22): Covid-19 e o Tratamento do Stress Emocional

Na ocorrência de um surto pandêmico do porte daquele que estamos vivenciando, a falta de sistemas de suporte para a saúde mental e social, acrescida da falta de profissionais bem treinados a lidar com variadas desordens mentais, o risco de as pessoas poderem desenvolver diferentes formas de stress emocional e psicológico pode aumentar. Neste caso, uma rápida medida preventiva, a resposta pró-ativa envolvendo uma rápida avaliação dos estressores psico­lógicos associados à pandemia, é relevante, tanto para a população em geral quanto para os profissionais de saúde diretamente envolvidos no tratamento da mesma.

Usualmente, baseado na trajetória dos sintomas auto referidos, uma decisão clínica necessita ser feita se um dado paciente deva ser encaminhado para tratamento imediato ou se o mesmo deve ser, continuamente, monitorado, com a expectativa de que os sintomas possam ser resolvidos ao longo do tempo. Para os pacientes encaminhados para trata­mento, as intervenções usuais consistem, primariamente, na terapia cognitivo-comportamental, que tem se mostrado significativa em reduzir a severidade dos sintomas relacionados ao stress emocional.

Métodos de triagem rápidos para as desordens de ansiedade e ânimo são importantes para melhorar os cuidados associados às desordens mentais e psicológicas, nos contextos médicos, tais como, na atenção primária, pois os pro­fissionais de saúde tipicamente não têm tempo, ou treino, para administrar entrevistas diagnósticas. Assim, segundo Taylor (2019), o uso de instrumentos de triagem, validados, é o primeiro passo relevante para integrar cuidados visan­do as desordens de ansiedade e de ânimo dentro do serviço de atenção à saúde. Uma triagem eficiente é a base para tratar problemas emocionais relacionados à pandemia. Nesse contexto, instrumentos de triagem rápidos, tais como questionários gerais de saúde do paciente, questionários para analisar o stress pós-traumático ou aqueles que visam focar o impacto de um evento pandêmico na vida das pessoas, com validade e fidedignidade, conhecidos para avaliar depressão e ansiedade em geral, têm sido muito úteis na identificação de pacientes que necessitam de alguma forma de tratamento e avaliação mais intensivos e sistemáticos.

O stress relacionado à pandemia pode dissipar-se sem intervenção, exatamente como os efeitos emocionais de outros estressores se dissipam ao longo do tempo. De fato, a pessoas que se preocupam pouco, ou têm stress mode­rado e relação aos efeitos pandêmicos, sem qualquer prejuízo de seu funcionamento social e emocional, podem ser oferecidos programas educativos sobre como lidar com stress pandêmico. Contrastando, às pessoas que experienciam níveis severos de stress relacionado à pandemia, cuidados mais intensivos devem ser oferecidos. Em especial, as intervenções psicológicas podem ser mais úteis nos estágios iniciais da pandemia, quando ansiedade antecipatória e preocupação são prováveis de serem mais elevadas, e nos estágios finais, onde as pessoas são, especialmente, expostas a eventos traumáticos, tais como ter testemunhado a moret de amigos e entes amados. Intervenções psicológicas podem ser úteis, portanto, mesmo a pandemia ter acabado. Neste caso, algumas pessoas, por exemplo, experienciam reações de apatia severa após enlutamento quando parentes queridos falecem.
Diferentes formas de terapia podem ser deliberadas via internet, via Skype, Zoom ou Google Meet, entre outros, se restrições severas em relação ao distanciamento social sejam obrigatórias. Se a quarentena é implementada, as pessoas devem estar preparadas para lidar com esta experiência de várias maneiras. Por exemplo, a elas devem ser fornecida a possibilidade de contato com as pessoas queridas por meio de computador ou celular, bem como, serem adequadamente informadas sobre a natureza da provável duração da quarentena.
Para o público em geral, estudiosos recomendam o seguinte autocuidado físico-emocional para enfrentamento do stress durante uma pandemia: 1º) Fique informado sobre como manter-se seguro. Essa recomendação refere-se à busca de informação em fontes confiáveis ou nas agências locais de saúde. Relembrar que a mídia, muitas vezes, tende a sensacionalizar as coisas, focalizando excessivamente as notícias ruins. Portanto, limite sua exposição aos sites e programas televisivos que exacerbam o seu medo; 2º) Mantenha as coisas em perspectiva.

Muitas pessoas são resi­lientes. Muitas adaptam-se às mudanças mesmo aos desastres de uma pandemia. Não piore o seu cenário. Lembre-se que as coisas ficarão melhores; 3º) Mantenha-se saudável. Tenha um estilo de vida saudável, incluindo dieta apro­priada, exercício, sono e repouso no seu cotidiano. Lembre-se que esse comportamento constitui boas defesas contra as doenças. Ademais, evite álcool e consumo de substância intoxicantes. As práticas higiênicas, como lavar as mãos e cobrir espirros, minimizarão a disseminação da infecção para você e para outros; 4º) Construa sua resiliência. Esta é o processo de se adaptar para lidar melhor com a adversidade; 5º) Faça planejamento. Tenha um plano para lidar com os eventos difíceis, de forma que esse plano possa mitigar sua ansiedade. Um exemplo? Fique em casa. Especial­mente se você estiver doente; 6º) Comunique-se com suas crianças. Discuta o impacto da pandemia de forma aberta e apropriada à idade das mesmas. Procure não deixa-las nervosas, nem perceberem sua irritação; 7º) Mantenha-se conectado. Manter-se nas redes sociais pode ser atitude valiosa enquanto forma de compartilhar sentimentos e de aliviar stress; 8º) Busque ajuda se necessária. Algum grau de medo e ansiedade em relação à pandemia é normal, mas algumas pessoas necessitam de ajuda para lidar com stress; 9º) Onde buscar ajuda? Se seu medo, ansiedade, depres­são e outros sintomas relacionados à pandemia são percebidos como exagerados, busque um profissional de saúde mental. Algumas vezes, uma consulta, em épocas de pandemia, pode ser conduzida via internet, a partir do que um profissional treinado pode ajudar as pessoas a delinear um plano para lidar com o stress.

Finalizando, uma adequada avaliação dos fatores de vulnerabilidade à doença pode ser particularmente útil nos estágios iniciais de uma pandemia para avaliar pessoas que são especialmente prováveis de expe­renciar problemas emocionais relacio­nados a este fato.

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