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28 de março de 2024 | 10:09
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Novo modelo de inovação

A inovação tecnológica tornou-se a mais relevante variável para o crescimento econômico em todo o mundo, suplantan­do fatores considerados críticos, tais como disponibilidade de recursos naturais, acumulação de capital, poderio militar ou posicionamento geopolítico.Assim, priorizar investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) representa uma diretriz cada vez mais dominante no estabelecimento de políticas pú­blicas em várias nações.

Infelizmente, no Brasil ainda há um caminho a percorrer. O país tem convivido com uma grande assimetria entre os investimentos em P&D e os resultados do processo em termos de inovação para o mercado. Isso decorre em maior parte pelo fato dos gastos serem acumulados em instituições governa­mentais. Há concentração de recursos em ciência e pouca inte­gração do processo de pesquisa com as empresas. Um aspecto negativo importante inserido nessa situação é que na maioria das universidades públicas há forte resistência ideológica limi­tando o estreitamento da relação entre o público e o privado.

Esse viés ideológico é um fator relevante para explicar a disparidade entre a expansão de artigos brasileiros publicados em respeitáveis revistas estrangeiras e os reduzidos casos de produtos inovadores inseridos regularmente no mercado.

Lamentavelmente, ainda predomina no meio acadêmico brasileiro uma visão que separa o público e o privado na área da inovação. Há um preconceito contra a atuação do governo no sentido de financiar o processo inovativo junto ao setor privado. Isso tem sido determinante para a geração de inefici­ências e é o principal responsável pelos baixos retornos obser­vados no país nessa área.

A inovação é fenômeno que pode promover externalidades e que deve ser visto como falha de mercado. Por conta disso, requer a atuação do Estado no sentido de compartilhar os riscos dos empreendimentos. Independentemente do retorno privado, o retorno social pode ser positivo quando o poder público atua subsidiando empresas.

Outro ponto que deve ser avaliado quando se pensa em inovação diz respeito ao reduzido volume de investimento das empresas em P&D no Brasil. Em países como, por exem­plo, Estados Unidos e Coréia há uma demanda constante por inovação pelas firmas decorrente das implicações que ela traz em termos de concorrência e de sustentabilidade de vantagens competitivas e de participação de mercado.

Ou seja, há demanda por progresso tecnológico nesses países e ela gera sua oferta no mercado. Já no Brasil há um processo inverso, isto é, a oferta em relação às inovações é que tende a criar sua demanda no mercado. Além do abismo entre as universidades e o setor privado e da baixa participação das empresas nos investimentos em P&D há outro entrave impor­tante representado pela complexidade burocrática que absorve recursos que poderiam ser canalizados a centros de pesquisa e profissionais da ciência.

A rigidez burocrática é um dos mais expressivos empeci­lhos para a inovação e o Brasil é um dos países que mais tem barreiras ao sistema com suas normas regulatórias complexas e inibidoras, como as dificuldades em abrir negócios e pagar tributos e os problemas alfandegários.

É imprescindível um novo modelo institucional na área de inovação no país, calcado na atuação colaborativa entre empresas e universidades, no estímulo à criação de centros de pesquisa pelas firmas e na desburocratização do processo. São diretrizes fundamentais para o crescimento econômico de longo prazo que o Brasil almeja.

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