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28 de março de 2024 | 17:09
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Ciência e Tecnologia

Novo telescópio do ESO, em La Silla, vai buscar e rastrear asteroides próximos à Terra

ESA (Agência Espacial Europeia) e o ESO (Observatório Europeu do Sul) inauguraram um novo observatório em La Silla, no Chile. O Telescópio Bed-Test 2 faz parte do projeto de teste de uma futura rede de telescópios que vai se unir aos esforços globais para proteger a Terra de asteroides perigosos.

O Telescópio Bed-Test 2 com outros telescópios de La Silla ao fundo. Créditos: eso.org
O Telescópio Bed-Test 2 com outros telescópios de La Silla ao fundo. Créditos: eso.org

Quando falamos de proteção da Terra contra impacto de asteroides, existem alguns fatores que tornam essa tarefa bastante complicada. Primeiramente porque só conhecemos uma pequena parcela dos asteroides que podem atingir a Terra. Então, se quisermos proteger nosso planeta de fato, precisamos antes de tudo, conhecer o inimigo, ou seja, encontrar e rastrear todos esses asteroides perigosos.

E para fazer esse “senso”, precisamos vasculhar nossos céus em busca dos asteroides. E aí vem outro problema: nós não conseguimos procurar em todo o céu, simplesmente porque não podemos enxergá-lo por completo. Uma boa parte dele está sempre oculta pela luminosidade do dia. E algumas vezes, os asteroides se aproximam da Terra justamente pelo lado diurno.

Foi dessa forma que um asteroide com 17 metros se aproximou sem ser visto em 2013, e atingiu Chelyabinsk na Rússia, ferindo mais de 1500 pessoas e deixando 33 milhões de dólares de prejuízo.

Rastro deixado pelo meteoro de Cheliabinsky ao amanhecer. Créditos: Alex Alishevskikh / Wikimedia
Rastro deixado pelo meteoro de Cheliabinsky ao amanhecer.
Créditos: Alex Alishevskikh / Wikimedia

Além disso, todos os grandes telescópios e a imensa maioria dos observatórios que buscam asteroides próximos à Terra estão no Hemisfério Norte do Planeta, e não conseguem enxergar boa parte do céu do Hemisfério Sul. É como proteger um banco com forte esquema de segurança na entrada, mas ter apenas um muro baixo e um cachorro manco nos fundos.

Mapa de cobertura do céu pelos observatórios que buscam asteroides próximos à Terra na noite de entre 02 e 13 de abril de 2018. Cada retângulo colorido representa uma área do céu coberta por um observatório. Em ciano, a área do céu em que é impossível pesquisar devido à luz do dia e em vermelho, a lacuna provocada pela falta de grandes observatórios no Hemisfério Sul do Planeta
Mapa de cobertura do céu pelos observatórios que buscam asteroides próximos à Terra na noite de entre 02 e 13 de abril de 2018. Cada retângulo colorido representa uma área do céu coberta por um observatório. Em ciano, a área do céu em que é impossível pesquisar devido à luz do dia e em vermelho, a lacuna provocada pela falta de grandes observatórios no Hemisfério Sul do Planeta

E é justamente para ajudar preencher essa lacuna no Hemisfério Sul Celeste que a ESA instalou esse novo equipamento no Chile. O Telescópio Test-Bed 2, ou TBT2, tem 56 cm de diâmetro e fará par com o TBT1, em Cerberos, na Espanha. Juntos, eles devem testar as capacidades necessárias para detectar e seguir asteroides próximos à Terra, com o mesmo sistema de telescópios.

Como a maioria desses asteroides são relativamente pequenos, com alguns poucos metros, são difíceis de serem detectados, a não ser quando estão bem próximos da Terra, se deslocando rapidamente no céu. E para detectar e rastrear esses objetos, a ESA planeja criar a rede de telescópios robotizados “Flyeye”. Os telescópios TBT são os precursores da Flyeye e servem para comprovar a eficiência desse sistema.

Instalação do Telescópio Bed-Test 2 no observatório em La Silla. Créditos: eso.org
Instalação do Telescópio Bed-Test 2 no observatório em La Silla. Créditos: eso.org

A instalação do Telescópio Test-Bed 2 foi concluída agora, em abril, e ele já captou sua “primeira luz”: uma bela imagem da Galáxia irregular Centaurus-A. Apesar do seu objetivo ser detectar asteroides próximos e não fotografar galáxias, imagens como esta são importantes para testar o funcionamento dos instrumentos. E mesmo em fase de testes, o TBT2 já mostra suas capacidades promissoras, em parte graças ao excelente céu de La Silla.

“Primeira luz” captada pelo TBT2: a Galáxia Centaurus A. Créditos: eso.org
“Primeira luz” captada pelo TBT2: a Galáxia Centaurus A. Créditos: eso.org

Apesar de extremamente raros, os impactos na Terra de asteroides perigosos eventualmente ocorrem. E para nos prevenirmos de um impacto catastrófico no futuro, o conhecimento é fundamental. Graças aos esforços realizados desde o final do Século XX, estima-se que já conhecemos mais de 95% dos asteroides próximos maiores que 1 quilômetro. Mas, não mais do que 10% dos maiores que 100 metros e talvez 1% dos asteroides próximos à Terra com mais de 10 metros.

Quando estiver totalmente operacional, a Flyeye mapeará o céu noturno em busca desses pequenos objetos se movendo rapidamente. Quem sabe isso nos ajude a evitar surpresas desagradáveis no futuro.

Via Olhardigital

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