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28 de março de 2024 | 17:10
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O cérebro e o envelhecimento

Como qualquer outro órgão do corpo humano, o cérebro também passa por al­terações e mudanças ao longo dos anos e envelhece com o tempo. As alterações são não apenas estruturais, mas também fun­cionais. Nos cérebros idosos, por exemplo, ocorre uma perda de sintonia entre suas várias regiões.

Para esclarecer algumas curiosidades so­bre a saúde do cérebro e o envelhecimento cerebral, o médico Marcelo Valadares, neu­rocirurgião da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Uni­camp e do Hospital Albert Einstei- elencou alguns mitos e verdades sobre o tema. Vala­dares é especialista em Neurocirurgia Fun­cional e seu enfoque de trabalho é voltado às cirurgias de neuromodulação cerebral em distúrbios do movimento, cirurgias menos invasivas de coluna, além de procedimentos que envolvem dor na coluna, dor neurológi­ca cerebral e outros tipos de dor.

Verdades
– O tamanho do cérebro pode diminuir com a idade
A redução do volume do cérebro com a ida­de é comum durante o envelhecimento. Isso se deve à diminuição no número de células, entre elas, os neurônios, que são os princi­pais responsáveis pelo funcionamento do órgão. “Além disto, acontece também uma diminuição das conexões entre os neurônios. Esta alteração do volume cerebral também é chamada de atrofia e pode ser maior ou menor, de acordo com outras condições de saúde, que variam para cada pessoa”, explica o médico Marcelo Valadares.

O médico especialista Marcelo Valadares esclarece algumas curiosidades sobre a saúde do cérebro e o envelhecimento cerebral

– Os neurotransmissores sofrem com mudanças durante o envelhecimento
Dentro do próprio neurônio a transmissão se dá por meio de energia, como acontece com o sistema elétrico de uma casa, por exemplo. Como os cabos de energia, os neurônios são compridos e podem ter mais que 1 metro de extensão. Entre as células, são os neurotransmissores que se comuni­cam, passando a mensagem adiante. “Hoje conhecemos mais de 60 tipos de neuro­transmissores e, com a idade, a concentra­ção de cada um pode variar; isso pode estar associado a problemas de saúde”, ressalta o neurocirurgião.

– O estilo de vida de um jovem pode in­fluenciar no envelhecimento do cérebro
Um cérebro jovem deve ser estimulado e bem cuidado. “A forma como se estimula o cérebro hoje, impacta diretamente no amanhã. O cuidado deve ser físico, mental e emocional, uma vez que as emoções e a cognição estão ligadas às conexões entre os neurônios. Hábitos de vida saudáveis associados a um sono regular, evitando estresse e ansiedade, são cuidados essen­ciais”, afirma Valadares.

– Hábito de ler e estudar ajuda a evitar demência
Sim, é verdade: manter vivos hábitos como ler e estudar parecem estar relacionados a um menor risco de desenvolver demências ou, ao menos, de resistir aos sintomas em seu início. O neurocirurgião explica que a principal hipótese para explicar o mecanis­mo é chamada de reserva cognitiva. “Estu­dos indicam que, quem estimula o cérebro, teria mais conexões entre seus neurônios e maior capacidade de processamento da infor­mação. Essa reserva seria fundamental diante da morte de neurônios ligada ao envelheci­mento ou a doenças, suprindo a função que seria perdida normalmente”, afirma.

– Atividades físicas também contri­buem para a saúde do cérebro
Por mais estranho que pareça, é verdade. Diversas pesquisas apontam que a ativi­dade física moderada está associada com menores índices de atrofia do cérebro. Ou seja: o cérebro de quem faz exercício físico pode ser maior que o daqueles que não fa­zem. Pesquisadores também acreditam que isso signifique um risco menor de doenças neurodegenerativas.

– Alimentação desregulada e álcool influenciam no envelhecimento do cérebro
Tanto o consumo excessivo de álcool, quanto açúcares e alimentos processados em excesso podem influenciar o cérebro. Entre mudanças possíveis estão: altera­ções na capacidade cognitiva em qualquer idade; aumento na atividade inflamatória, afetando especialmente pessoas idosas. De acordo com médico da Unicamp, pesqui­sas apontam que evitar alimentos do tipo em excesso pode preservar a estrutura e as funções cerebrais. No caso do álcool, especificamente, podem ocorrer alterações profundas nos neurotransmissores.

Mitos sobre o cérebro
– Exames preventivos contribuem para evitar o envelhecimento do cérebro
Até o momento, não existem exames que possam prevenir o envelhecimento do cére­bro. As recomendações são relacionadas a prevenção de problemas de saúde. Exames podem ser úteis quando existem alterações neurológicas perceptíveis, como problemas de memória e de atenção.

– Existem formas de frear doenças, como Alzheimer e Parkinso-
Infelizmente, ainda não existe uma forma clara de frear processos degenerativos no cé­rebro, principalmente quando doenças como Alzheimer e Parkinso- já foram identificadas. Porém, segundo o neurocirurgião da Unicamp e do Hospital Albert Einstein, existem condi­ções de saúde que podem reduzir o risco do desenvolvimento destas doenças. “Adotar um estilo de vida mais saudável desde cedo, com alimentação balanceada, prática de atividades físicas e evitando o excesso de bebidas alcoólicas, por exemplo, pode reduzir o risco de doenças neurodegenerativas”, diz o médico.

– Durante o sono o cérebro desliga
Segundo o Dr. Valadares, o sono de qualidade é um dos principais elementos para manter a saúde do cérebro em dia. “Enquanto dor­mimos, em vez de ‘desligar’, nosso cérebro inicia um dos seus momentos de maior ativi­dade. Enquanto nossa consciência está au­sente e sonhamos, os neurônios processam e arquivam as informações recebidas durante o dia. Além disso, acreditamos que boa parte da ‘limpeza’ de resíduos de atividade cerebral ocorra durante o sono. Esse trabalho noturno é o que garante a qualidade e a limpeza, ga­rantindo que o órgão esteja apto às ativida­des no próximo dia”, diz o médico.

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