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28 de março de 2024 | 6:20
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O coração e a obesidade

Nós já discutimos aqui nesse espaço alguns dos chamados
fatores de risco observados nas doenças do coração, cérebro
e vasos. E já apresentamos dados surpreendentes sobre os
malefícios causados ao coração por doenças perfeitamente
controláveis como a pressão alta e o diabetes.


Se essas doenças forem corretamente tratadas, os efeitos
danosos tanto da hipertensão quanto do diabetes ao coração
são mínimos. E comentamos também os danos arrasadores
ao coração causados pelo “stress” e pelo cigarro. Felizmente
(chego a dizer, graças a Deus) o número de fumantes no
mundo e no Brasil está diminuindo. Infelizmente (chego a
dizer, é uma lástima) o número de brasileiros estressados só
aumenta.


Mas os fatores de risco para as doenças do coração não são
somente esses. Há outro, também na categoria dos controláveis,
que é a obesidade. Esta é decorrente do que nós médicos
chamamos de erro alimentar. E a obesidade se situa tanto no
mundo em geral como no Brasil em particular vem aumentando
assustadoramente e se situando em algumas sociedades
como uma verdadeira epidemia.


O Brasil já possui mais da metade de sua população com
peso acima do normal se situando dentro do que nós classificamos
como sobrepeso ou obeso, sendo que em algumas
cidades já temos quase 60% de sua população nessa condição.
E a obesidade de acordo com a Sociedade Brasileira de
Cardiologia, mesmo por si só, já se constitui em um dos
fatores de risco mais graves para o surgimento das doenças
do coração. A obesidade de acordo com trabalhos científicos
publicados nas mais conceituadas revistas médicas tem
mostrado que ela é responsável por doenças no coração tendo
em vista que o coração no obeso tem que trabalhar bem mais
para desempenhar o seu trabalho de bombar o sangue para os
diversos órgãos e sistemas do corpo.


E o coração como qualquer máquina, se trabalhar demais
pode estragar ou ter seu tempo de vida útil antecipado. E
como a pessoa obesa come mais, tem como corolário consumir
mais gordura que nós chamamos de saturadas, isto é, de
origem animal ou em bem menos escala, de origem vegetal
como o coco e o chocolate.


O consumo de gordura animal em maior quantidade pode
favorecer o aumento do colesterol no sangue o que leva a um
acúmulo de placas de gordura nas artérias podendo levar
ao Infarto Agudo do Miocárdio, ao AVC (acidente vascular
cerebral) e à morte súbita.


E mais: dentre todos os fatores de risco, a obesidade é
a que mais afeta e se relaciona com outros, tendo principalmente
ação sobre as gorduras no sangue, a hipertensão
arterial, o diabetes, a respiração deficiente (tumultuada) trazendo
distúrbios do sangue e mais recentemente as pesquisas
científicas têm mostrado que sua relação com os marcadores
inflamatórios parecem exercer papel importantíssimo nos
eventos circulatórios que podem pôr fim à vida da pessoa.


Diante desse quadro que medidas podem ser adotadas
para se evitar tudo isso? O primeiro passo é procurar um
médico clínico geral que vai orientar tudo que a pessoa
tem que fazer para ter um perfil alimentar adequado à
pessoa, solicitar os primeiros exames básicos e diante
da análise desses resultados, se necessário, encaminhar
para outros médicos especialistas como os cardiologistas,
nutrólogos e outros necessários para em conjunto fazer
o acompanhamento necessário para que a pessoa possa
fazer uso de uma dieta balanceada e assim poder voltar
ao seu peso normal e adquirir a possibilidade totalmente
possível de ter uma vida longa e feliz.


PS: Esse trabalho é dedicado à memória de um dos mais
importantes professores da minha vida: o coronel do Exército
e engenheiro militar Mário Matoso Campelo, meu grande
incentivador a ter uma vida inteiramente dedicada ao trabalho
e aos estudos.

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