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19 de abril de 2024 | 7:49
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O coração e o sono

A Sociedade Brasileira do Sono instituiu o período de 11 a 17 de março como a Semana Brasileira do Sono, e o dia 13 como o Dia Nacional do Sono, com o objetivo, entre outros, de conscientizar a população sobre a importância do sono para a saúde das pessoas. Numerosos trabalhos científicos publicados em revistas médicas de grande prestígio tanto dos Estados Unidos como do Reino Unido mostram que a insônia prejudica o corpo humano como um todo, sendo capaz de desencadear o aparecimento do diabetes, da hipertensão arterial e causando ainda alterações respiratórias, doenças da pele e obesidade entre outras doenças.

A insônia pode ser conceituada como uma dificuldade de pegar no sono ou de manter o sono por um período de tempo necessário para a pessoa, ao acordar, se sentir bem. Ela pode ser inicial, terminal ou com sono interrompido em que a pessoa dorme e acorda várias vezes. Qualquer que seja a insônia os danos causados ao organismo são consideráveis. A insônia é uma condição tão frequente na população que as estatísticas sugerem mais de dois milhões de casos por ano no Brasil. Diversos dados estatísticos mostram que grande parte da população brasileira padece de distúrbios do sono, colocando o Brasil ao lados dos Estados Unidos e do Reino Unido como o país com omaior número de portadores de distúrbios do sono e na frente dos países da América Latina e Caribe.

E o coração da pessoa que tem insônia como é que fica ? A resposta é: fica muito prejudicado, isto por que a qualidade do sono interfere diretamente na prevenção das doenças cardiovasculares, tanto que a Sociedade Europeia de Cardiologia, em recente encontro, divulgou pesquisas mostrando que quem dorme mal tem quase três vezes mais chance de se ter Infarto Agudo do Miocárdio e até quatro vezes mais AVC (Acidente Vascular Cerebral). Já é fato conhecido que não existe um número determinado de horas que a pessoa precisa dormir e que essa questão é individualizada.

No entanto, estabeleceu-se um intervalo de sete a nove horas por noite, o ideal para qualquer pessoa dormir e se sentir bem além de não causar danos ao orga­nismo em geral e ao aparelho cardiovascular em particular. Mas há pessoas que se satisfazem dormindo seis horas por noite. Por outro lado, diversos trabalhos da literatura médica mostram que as pessoas que dormem seis horas ou menos estão muito mais sujeitas a ter problemas do coração e quando ela se associa à apneia do sono, que é uma condição em que a pessoa para de respirar por uns poucos segun­dos, mas em seguida recuperando a respiração normal, às vezes até sem acordar, pois a pessoa passa apenas de um sono profundo para um mais superficial, aí o problema se torna bem mais grave para o lado dos eventos cardiovasculares.

O Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue (NHLBI, na sigla original em inglês), órgão do governo dos Estados Unidos, mostrou recente­mente que as pessoas portadoras de apneia do sono têm risco de desenvolver Insuficiência Cardíaca aumentado em 140%, Infarto Agudo do Miocárdio em 60% e Doenças das Artérias do Coração em 30%. O sono se situa assim como um restaurador da capacidade física e mental prevenindo inclusive o apareci­mento do mal de Alzheimer. Ao dormir, o ritmo cardíaco diminui e o corpo fica em estado de compensação de energia.

O corpo de quem dorme pouco não faz essa pausa e, portanto fica mais propenso a ter distúrbios do ritmo levando o coração a bater fora do ritmo, dando origem a uma doença grave chamada Fibrilação Atrial e a outras formas de arritmias até mais graves estando a pessoa sujeita a ter morte súbita. Tudo porque a pessoa não está dormindo o número de horas necessárias para o bom funcio­namento de seu organismo. Afinal de contas, por que os brasileiros dormem tão mal? O stress decorrente de problemas no trabalho, as preocupações com doenças, problemas conjugais, crises financeiras, falta de dinheiro, descaso do governo com a população e ultimamente o uso exagerado das redes sociais.

A solução para que as pessoas voltem a dormir direito começa pela solução desses problemas, quer dizer tratar a causa da insônia. Às vezes medidas sim­ples como ir para a cama sempre no mesmo horário, evitar as preocupações, ter um quarto escuro e acolhedor, não usar as redes sociais pelo menos quatro horas antes de ir para a cama, evitar noticiários de televisão ou programas violentos também algumas horas antes de ir dormir, praticar atividades físicas durante o dia, não tomar café ou bebidas que contenham cafeína, também seis horas antes de ir dormir, não fazer refeição pesada à noite.

E, finalmente procurar um médico clínico geral que é a porta de entrada para um atendimento médico que, se for necessário fará o encaminhamento para um médico especialista em sono ou um médico neurologista para o acompanhamen­to do caso. Com essa assistência a pessoa com insônia pode ter o seu problema solucionado e voltar a ter todas as condições para ter uma vida longa e feliz.

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