27 C
Ribeirão Preto
28 de março de 2024 | 14:56
Jornal Tribuna Ribeirão
Início » Os debates no Centro
Artigos

Os debates no Centro

O artigo de Rui Flávio Chúfalo Guião, advogado, empresário, historia­dor, veiculado no dia 4 de agosto nesta Tribuna, sobre o histórico Centro de Debates Culturais, que a emissora pioneira do interior do Brasil, a PRA-7, nosso orgulho, relembra a importância de sua existência, para a formação de nossa consciência cívica, social e nacional.

O excelente artigo trouxe-nos inesquecíveis recordações.

Era tempo da Frente Parlamentar Nacionalista, formada na Câmara Federal, por parlamentares de muitos e diferentes partidos políticos, mas que atuavam coesos nas matérias sensíveis aos interesses nacionais.

Era época de debates nacionais, que valem ser lembrados, para compa­rar-se com nossa atualidade político-institucional e social, em que decisões importantes, como por exemplo da Câmara Federal, são tomadas irrespon­savelmente à noite e por plenário virtual, que até executou reforma da Cons­tituição, o que significa dizer que a arruaça institucional do Brasil enterrou a prática necessária e obrigatória do debate aprofundado.

Uma palestra inesquecível foi a do deputado Dagoberto Sales, que fora o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre “Minerais Atômicos”. Ele pertencia ao partido de Ademar de Barros, o PSP – Partido Social Progressista.

Nessa palestra a revelação nos trouxe a prova provada de um Brasil sequestrado, sujeito à traficância criminosa de materiais atômicos, como aconteceu com as areias monazíticas das praias do estado do Espírito Santo. Elas eram levadas aos montes, como calado de navio sob a vista grossa de nossa inconsciência e de nossa ignorância.

O outro palestrante foi o deputado Gabriel Passos, que pertencia à UDN – União Democrática Nacional, e que integrava a Frente Parlamentar Nacionalista, hoje nome de uma refinaria da Petrobras. Ele falou sobre o tema Notas Reversais do Tratado de Roboré, cujo objeto é a demarcação de limites geográficos entre Brasil e Bolívia. Ele era cunhado do Presidente Jusceli­no Kubitscheck.

Ainda, os nomes dos deputados Abguar Bastos e Rogê Ferreira ficaram inscritos nessa memória que trazia, à época, nos problemas em debate, a certeza de um Brasil promessa, que se tornou essa pasmaceira oficial com que nos brinda a figura sinistra que se reúne com embaixadores estrangeiros para humilhar o país.

Quando se lembra das areias monazíticas sendo levadas só para ajustar o calado dos navios estrangeiros, e se vê que hoje nos céus da região amazô­nica circulam aviões de contrabandistas, que aterrissam e decolam de mais de mil e seiscentos campos de pouso clandestinos, número superior ao das pistas legais existentes, avalia-se a diferença, entre aquele tempo de técnica de controle inexistente e esse nosso tempo de possível controle técnico avan­çado e primoroso, mas que é calculadamente inexistente ou calculadamente precário no Brasil de hoje. O mesmo país sequestrado, mas com tantos militares no governo, ocupados em atacar as urnas eletrônicas, ao invés de integrarem um projeto nacional de desenvolvimento gerado por civis e militares, só para não dizer das associações de classe e das universidades, ou da sociedade civil.

A geração daquela época, formada na vigência da Constituição de 1946, educou-se no rico período da tolerância democrática, com uma forte presença da imprensa nacionalista, combativa, que denunciava a tentativa de Internacionalização da Hileia Amazônica, quase entregue, de graça, a um conjunto de países, cujo instrumento jurídico de entrega o Brasil não teria nem a versão em português. Na Câmara Federal, os discursos do deputado constituinte Goffredo da Silva Telles e o pronunciamento do Ministro da Guerra foram a tábua de salvação da dignidade brasileira.

O Centro de Debates instituído pelo pioneirismo radiofônico do “seo” Bueno serviu de campo de irradiação de cultura e consciência.

Hoje, por sugestão do advogado e professor Sérgio Roxo da Fonseca, a OAB – 12ª Subseção presidida pelo advogado Alexandre Nutti resolveu reavivar o Centro de Debates, que será inaugurado pelo desembargador aposentado Artur Marques da Silva Filho, atual Presidente da Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo.

Mais notícias