18 de abril de 2024 | 21:26
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Pandemia ameaça 60,4% das empresas

Uma pesquisa realizada pela Associação Comercial e Indus­trial de Ribeirão Preto (Acirp) na semana passada, entre quin­ta (14) e sexta-feira, 15 de maio, com 306 empresas associadas da entidade, revelou detalhes dos impactos negativos da quaren­tena imposta pelo isolamento social na economia. O levanta­mento traz um dado alarmante: 60,4% correm o risco de fechar suas portas em até 60 dias por causa da pandemia de covid-19.

Quando perguntados quan­to tempo conseguiriam manter seu negócio com o faturamento atual, 12,7% dos entrevistados afirmaram que já estão encer­rando ou encerrarão suas ativi­dades caso o quadro atual per­dure. Com a manutenção das atuais condições, 28,4% dos em­presários afirmaram que conse­guem manter suas empresas por mais 30 dias e 19,3% até 60 dias.

Dos entrevistados, apenas 10,5% declararam que o fatura­mento atual lhes permite man­ter indefinidamente o funcio­namento do seu negócio. Outro dado revelado pela pesquisa é a queda no faturamento de 90% das empresas. Deste universo, mais da metade (53,9%) teve queda superior a 20% nas recei­tas. Do total de empresas pesqui­sadas, 40,2% já sentiu redução superior a 40% no faturamento.

Além da queda de receita as empresas enfrentam também a dificuldade de obtenção de cré­dito para honrar seus compro­missos. A pesquisa mostra que dentre as empresas que procu­raram instituições financeiras, 58,2% tiveram a solicitação de crédito negada. As principais linhas de financiamento procu­radas são relativas a folha de pa­gamento e fluxo de caixa.

Diante disso, empresas têm postergado e negociado paga­mentos. As negociações foram realizadas principalmente com fornecedores, aluguéis e ban­cos. Já com relação ao paga­mento de obrigações, 59% das empresas afirmaram que dei­xaram de pagar impostos; 22% não pagaram aluguéis; 27% as­sumiram dívida com fornece­dores e 11% não conseguiram pagar em dia os salários.

Presença digital
A pesquisa revelou tam­bém que as empresas busca­ram diversificar canais de ven­da e recebimento de pedidos. Os principais meios foram o WhatsApp (utilizado por 82% do total de respondentes), o tradicional telefone (ferramen­ta de 69,3% das empresas) e as redes sociais (49%).

A venda presencial, se­guindo as regras sanitárias, foi apontada em 43,1% dos casos. Os piores desempenhos foram com e-commerce (15,7%) e marketplace (12,4%). Tam­bém chama atenção o fato de que a maioria das poucas em­presas que tiveram aumento de vendas tem forte presença digital, vendendo por e-com­merce 14% ou realizando marketing digital.

O mesmo acontece com a maioria das empresas que teve menos de 10% de queda nas ven­das. Já como canais de entrega, os respondentes apontaram o aten­dimento presencial e o “delivery” próprio como principais ferra­mentas para seus clientes, com 55,6% (170 respostas) e 48% (149 respostas), respectivamente. Solução para reduzir custos com empresas de entregas.

Demissões e negociações
O levantamento reforçou os altos índices de demissões nas empresas consultadas. Segun­do a pesquisa, 39,5% das em­presas tiveram que demitir ao menos um trabalhador. A com­pilação de dados mostrou redu­ção de 9,79% do total de vagas nas empresas em comparação com o período pré-pandemia.

Das empresas pesquisadas, 25,6% do total tiveram que de­mitir mais de 30 funcionários. Outras medidas já tomadas ou previstas pelas empresas têm sido a concessão de férias, alternativa encontrada por 48,4% dos entrevistados; re­dução de jornada e de salários proporcional, opção de 35,9%; home office parcial, 22,2% e divisão das equipes em turnos, adotada por 7,8%.

Empresários
Outro indicador preocu­pante é a pequena reserva finan­ceira dos empresários para suas despesas familiares. Problema grave uma vez que os empre­sários não possuem benefícios como Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e Se­guro Desemprego.

Dentre os pesquisados, 40,8% apontaram ter recursos para até 30 dias de despesas familiares enquanto 30,1% afir­maram ter condições financei­ras para até 60 dias e 17%, até 90 dias. Ou seja, daqui a três meses 87,1% dos empresários não conseguirão pagar suas despesas pessoais.

Informações sobre a pesquisa da Acirp
A pesquisa foi realizada pelo Núcleo de Relações Institucio­nais da Asociação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) e enviada por e-mail e grupos de WhatsApp às empresas da Base da entidade, que conta com aproximadamente 5.600 asso­ciados, dos quais cerca de 1.300 visualizaram a mensagem e 306 empresas responderam.

De acordo com o Portal Empresômetro, Ribeirão Preto possuía até domingo, em 17 de maio, 110.293 empresas. Segun­do pesquisa no Portal do Empre­endedor desse total, 48.173 são Microempreendedores Individuais (MEIs), ou 43,7%. .

A base ativa de relaciona­mento da Acirp se constitui majoritariamente de empresas mais maduras com ao menos cinco anos de funcionamento e dois ou mais empregados, ou seja, o segmento MEI não está significativamente representado na amostra. Para analisar a pes­quisa na íntegra basta acessar https://cutt.ly/byTq1AP.

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