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19 de abril de 2024 | 1:48
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Cultura

Peça ‘Refúgio’ é atração online

O espetáculo “Refúgio”, de Alexandre Dal Farra, estava pro­gramado para fazer uma circu­lação pelo Estado de São Paulo, porém, os planos mudaram as­sim que começou a pandemia de coronavírus. Por conta disso, o diretor adaptou o projeto para uma imersão virtual que poderá ser vista pelo YouTube.

Ribeirão Preto era uma das cidades que estavam na pro­gramação, e agora o público da cidade pode conferir a peça de outro jeito, na sexta-feira (25) e no sábado, 26 de setembro, às 20 horas. Haverá uma ativida­de diferente a cada dia: no pri­meiro será exibido o vídeo da montagem na íntegra e outro com o diretor falando do pro­cesso criativo.

No segundo dia será feita uma leitura encenada seguido de um bate-papo com elenco (Marat Decartes, Fabiana Gugli, Andre Capuano, Carla Zanini e Clayton Mariano) e a direção. As atividades são gratuitas e acontecem de às sextas e sá­bados, às 20 horas, com trans­missão pelo no link http://bit. ly/canalespetaculorefugio

Sobre o espetáculo
Na trama, nada se explica completamente. A linguagem lacunar das personagens não se deve às suas características psicológicas, mas sim a uma indefinição objetiva da própria realidade. A peça flerta com o ambiente do cinema noir de diretores como Alfred Hitchco­ck (1899-1980) e com o teatro do absurdo de Samuel Beckett (1906-1989).

O elenco traz Fabiana Gu­gli, Marat Descartes André Capuano, Carla Zanini e Clay­ton Mariano. “Se existiu um teatro do pós-guerra, que ten­tava dar conta da experiência catastrófica da guerra, aqui é como se estivéssemos olhan­do para a possibilidade de um conflito iminente, como um ‘teatro pré-guerra’. O texto fala de um mundo que se acabou, de um momento histórico em que a esperança de um capita­lismo com face humana caiu por terra”, comenta Dal Farra.

Para o dramaturgo, essa expe­riência online vai trazer um novo contato do público com a obra. “As pessoas vão poder ficar mais pró­ximas do espetáculo com a leitura, comparar com o vídeo da peça, além de poder conversar sobre todas as camadas que envolvem o projeto. Refúgio se aproxima do espectador pelo suspense. Poste­riormente, cai no abstrato, resulta em um desnorteamento”, diz.

“É uma dissolução da lin­guagem diante desse cenário de uma perda de comunicação. Um espelho para a situação de isolamento político (para além do isolamento literal) de isola­mento que estamos passando atualmente. Na verdade a parte política dessa situação já estava bem visível em 2018, e a peça só tira consequências daquilo”.

A ideia da peça é explorar duas concepções diferentes de refúgio para discutir a desestru­turação simbólica do cotidia­no. “Tratamos da ambiguidade entre dois sentidos da palavra refúgio: uma opção de fuga de um lugar em que não se quer/ pode ficar ou como um espaço em que se fica para fugir de uma situação. É por causa desse senti­do amplo que o refúgio se dá em um ambiente aparentemente cotidiano. Não se trata de uma guerra ou algo destrutivo, mas sim de uma espécie de desagre­gação sutil da estrutura do pró­prio cotidiano”, explica o autor.

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