18 de abril de 2024 | 22:48
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‘PRÊMIO-INCENTIVO’ – Gratificação gera crise entre poderes

A extinção do prêmio-in­centivo pago aos servidores, em decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) com base em ação direta de inconstituciona­-lidade (Adin) impetrada pela Procuradoria-Geral de Justi­ça (PGJ), estremeceu a relação da prefeitura com a Câmara e Vereadores. A administração municipal diz que as emendas aprovadas pelos parlamentares na sessão de terça-feira, 28 de novembro, desfigurou o proje­to que altera o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS). Avi­sa também que essa decisão vai gerar um impacto de aproxima­damente R$ 84,5 milhões ao ano na folha de pagamento, cerca de 9% de acréscimo.

Com esse impacto, a despesa com o pagamento de servidores ultrapassará os limites estabeleci­dos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), situação que resulta em improbidade administrati­va. O prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) já avisou que vai vetar o projeto, apresentado com o objetivo de garantir o valor da gratificação extinta – a categoria receberá, na próxima quarta­-feira, 6 de dezembro, o salário de novembro sem o prêmio­-incentivo – cerca de R$ 12 mi­lhões a menos. Já a Câmara diz que alterou a proposta original para evitar perdas salariais do funcionalismo. Avisa, ainda, que a responsabilidade pela folha é do Executivo.

Na tarde desta quinta-feira (30), ao menos 18 vereadores con­cederam entrevista para explicar o posicionamento da Câmara em relação ao projeto. A coletiva foi convocada assim que a prefeitura anunciou o veto, alegando que as emendas supressivas aprovadas pelos parlamentares a pedido do Sindicato dos Servidores Munici­pais de Ribeirão Preto (SSm/RP), descaracterizaram o texto original.

Na entrevista, o presidente da Casa de Leis, Rodrigo Simões (PDT), disse que a Câmara fez o possível para adequar o projeto aos interesses dos servidores e ten­tou isentar os vereadores de qual­quer responsabilidade em relação ao desconto salarial nos holerites do funcionalismo. O grupo teceu críticas ao prefeito. “Não houve diálogo até agora. Essa adminis­tração traiu a confiança dos servi­dores desde o início do ano com a suspensão do pagamento e repar­celamento dos 28,35%. Cabe ape­nas ao prefeito resolver isso e não à Câmara”, diz Marinho Sampaio (PMDB). Ou seja, acabou a paz.

Uma reunião está agendada para as 18h30 desta sexta-feira, 1º de dezembro, entre os parlamenta­res e Duarte Nogueira. A prefeitu­ra já disse que vai enviar uma nova proposta ao Legislativo. Se for aprovada, vai pagar o valor refe­rente à gratificação em folha suple­mentar. Depois da coletiva, a Câ­mara divulgou nota dizendo que não está medindo esforços para evitar que os funcionários públicos e a prestação de serviços essenciais sejam prejudicados pelo impasse jurídico que gerou a redução das remunerações dos servidores mu­nicipais. É responsabilidade total da prefeitura de Ribeirão Preto resolver as questões salariais de to­dos os servidores”, diz.

“Por tais razões, a Câmara emendou o projeto para resguar­dar os direitos dos trabalhadores que estavam sendo suprimidos no projeto original enviado pela pre­feitura e deixa claro que, desde o primeiro momento, adotou postu­ra responsável, visando resolver o impasse de forma objetiva e trans­parente para o bem da cidade. O Legislativo cumpre o seu papel ao corrigir injustiças e adequar o pro­jeto ao seu objetivo inicial, visando o bem de todos”, finaliza.

No dia seguinte à aprovação do projeto, o sindicato argumen­tou que a reestruturação das re­munerações previstas no PCCS aprovada pela Câmara teriam efeito imediato e valeria para o salário deste mês, caso não fosse vetada. A entidade sustenta que o projeto original do governo trazia prejuízos concretos aos servidores no cálculo dos quin­quênios e da sexta-parte e tam­bém reduzia o número de faltas abonadas. O SSM/RP também alega, ao contrário do que diz a prefeitura, que as emendas su­pressivas aprovadas pelo Legisla­tivo não aumentam despesas.

O projeto original, sem as emendas, altera a tabela de cargos e carreiras em 35 categorias, sob a garantia de que não haveria danos nas remunerações. Na edição des­ta quinta-feira, a prefeitura publi­cou comunicado no Tribuna com críticas à decisão da Câmara de apresentar as emendas. Na coleti­va de ontem, parlamentares como Maurício Gasparini (PSDB), correligionário do prefeito, se dis­seram injustiçados pelo comuni­cado, a que se referiu como uma “nota infeliz”, que merecia retrata­ção. Também do mesmo partido de Nogueira, Gláucia Berenice disse que o projeto original do Executivo previa uma série de alterações questionáveis.

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