30 C
Ribeirão Preto
20 de abril de 2024 | 13:33
Jornal Tribuna Ribeirão
ALFREDO RISK
Início » Preso diz ter emprestado nome a hacker ‘Vermelho’
Geral

Preso diz ter emprestado nome a hacker ‘Vermelho’

Em depoimentos à Polícia Federal, três presos por suspeita de hackear autoridades, junto com Walter Delgatti Neto, de 30 anos, apresentaram versões nas quais “Vermelho” é tratado como líder do grupo. O moto­rista Danilo Cristiano Marques, de 36 anos, afirmou à PF que emprestou seu nome para o amigo Delgatti Neto alugar um imóvel em Ribeirão Preto em 2018. As contas do imóvel fica­ram no nome de Marques. Ele disse que não recebeu pagamen­tos ou vantagens para emprestar o nome. O Edifício Premium fica na avenida Leão XIII, no bairro da Ribeirânia, área nobre na Zona Leste da cidade.

O DJ Gustavo Henrique Elias Santos, de 28 anos, disse em seu depoimento que tam­bém chegou a ser hackeado por Delgatti Neto em fevereiro. O próprio hacker teria confir­mado a ação e, meses depois, revelado a Gustavo que tinha acessado a conta do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, no Telegram. Ele disse ter registros da troca de mensagens. Ele justificou sua movimentação financeira com negociações em criptomoedas. O DJ afirmou que Delgatti Neto é “simpatizante do PT” e que pretendia vender as mensagens acessadas para o partido. Suelen Priscila de Oliveira, de 25 anos, também presa, afirmou que desconhece as operações finan­ceiras do namorado Gustavo, mas confirmou que ele fazia movimentações em seu nome.

A lista de “Vermelho”
O presidente Jair Bolsona­ro (PSL), o ministro da Justiça Sérgio Moro, procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato, e os presidentes da Câ­mara, Rodrigo Maia (DEM), e Davi Alcolumbre (DEM), es­tão na lista dos hackeados por alvos da Operação Spoofing, que prendeu quatro por inva­sões de celulares de autorida­des. A Polícia Federal estima, em uma análise preliminar nos celulares dos investigados, que são mais de mil vítimas. So­mente “Vermelho” afirmou em depoimento que iniciou suas invasões por um promotor de sua cidade, Araraquara.

Marcel Zanin Bombardi foi responsável pela denúncia con­tra “Vermelho”, em 2017, por tráfico de drogas e falsificação de documentos públicos, na ocasião em que foi preso com remédios e uma carteirinha falsa da Medicina da Universidade de São Paulo (USP). A partir da in­vasão do celular do promotor de Justiça, o hacker diz que obteve contatos de procuradores, já que acessou um grupo do Ministério Público Federal.

Ele cita que chegou a inva­dir os celulares de José Robali­nho Cavalcanti, ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República a partir do grupo. Em junho, o Cavalcanti afirmou ter tido uma suposta conversa com um hacker que se passava por Mar­celo Weitzel Rabello de Souza, membro do Conselho Nacio­nal do Ministério Público.

Por meio de um procura­dor da República do qual não se lembra, ele ainda afirma que acessou o celular de Kim Kata­guiri (DEM), deputado federal. Na agenda do parlamentar, Vermelho cita que obteve aces­so ao celular do ministro Ale­xandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. “Vermelho” também diz ter invadido o ce­lular do ex-procurador-geral Rodrigo Janot a partir da agen­da do ministro.

Por meio do celular dele, também afirma ter invadido procuradores da Operação Lava Jato, como Deltan Dallagnol, Or­lando Martello Júnior e Januário Paludo. Em sua suposta rota até o alegado fornecimento ao site The Intercept, ele afirma ter in­vadido também os celulares dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Na agenda da petista, diz ter encontrado o número de Manuela D’Ávila, ex-deputa­da pelo PC do B. Ele diz que a ex-parlamentar teria interme­diado o contato com o editor do The Intercept Glenn Gre­enwald. Ela admite que rece­beu o contato de um hacker e o repassou ao jornalista.Os no­mes de vítimas de hackeamen­tos, no entanto, vão muito além do relatado por “Vermelho”.

Somente no mandado de prisão contra “Vermelho” e ou­tros três suspeitos na Spoofing, consta que já eram investiga­das as invasões de celulares de do de­sembargador fede­ral Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Rio de Janeiro, ao juiz Flávio Lucas, da 18ª Vara Federal do Rio e aos dele­gados da PF Rafael Fernandes, em São Paulo, e Flávio Viei­tez Reis, em Campi­nas – que era lotado em Ribeirão Preto e participou das in­vestigações da Ope­ração Sevandija.

Em uma análise preliminar sobre os celulares de inves­tigados, a Polícia Federal afirma ter encontrado mil ví­timas. Entre elas, estariam o minis­tro da Justiça e Se­gurança Pública, Sérgio Moro, o presidente da Câmara, Ro­drigo Maia (DEM-RJ), o pre­sidente do Senado, Davi Alco­lumbre (DEM-AP).

Já foi comunicado de que foi vítima dos ataques o presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de Noronha. En­tre os hackeados, estão ainda o ministro da Economia, Paulo Guedes; e a líder do governo Bolsonaro no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP). O presi­dente Jair Bolsonaro também foi alvo do ataque hacker, segundo o Ministério da Justiça.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou ter sido alvo de uma tentativa frustrada de hacke­amento. Segundo dados da Procuradoria-Geral da Repú­blica, 25 membros do Minis­tério Público Federal também foram hackeados.

Mais notícias