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18 de abril de 2024 | 6:08
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Protestos geram mais mortes no Afeganistão

Manifestantes carregando bandeiras foram a diversas ci­dades afegãs nesta quinta-fei­ra, 19 de agosto. Várias pessoas foram mortas quando comba­tentes do Taleban dispararam contra uma multidão, disse uma testemunha. Este foi o primeiro ato de oposição po­pular aos militantes desde que eles tomaram a capital Cabul.

“Nossa bandeira, nossa identidade”, gritava uma mul­tidão de homens e algumas mulheres, acenando com ban­deiras nacionais pretas, verme­lhas e verdes em Cabul, mostra um vídeo divulgado nas redes sociais. Uma mulher caminha­va com uma bandeira sobre os ombros. O Afeganistão come­mora a independência do con­trole britânico, conquistada em 1919, no dia 19 de agosto.

Um porta-voz do Taleban não estava disponível de ime­diato para comentar. Em Asa­dabad, capital da província de Kunar, várias pessoas foram mortas durante uma manifes­tação, mas não ficou claro se as baixas resultaram de dispa­ros ou da debandada causada pelos tiros, diz a testemunha Mohammed Salim.

“Centenas de pessoas saí­ram às ruas”, conta Salim. “De início, fiquei assustado e não queria ir, mas quando vi que um dos meus vizinhos par­ticipava, tirei a bandeira que tenho em casa.” “Várias pes­soas foram mortas e feridas na dispersão e pelos disparos do Taleban”, diz.

Manifestantes também fo­ram às ruas de Jalalabad, cida­de do leste afegão e um distri­to da província de Paktia. Na quarta-feira (18), combatentes do Taleban atiraram em ma­nifestantes que acenavam com uma bandeira em Jalalabad e mataram três, relataram teste­munhas e a mídia.

Em alguns lugares, ma­nifestantes arrancaram ban­deiras brancas do Taleban, de acordo com a mídia, que tam­bém citou cenas semelhantes em Asadabad e Khost, outra cidade do leste, ainda na quar­ta-feira. O primeiro vice-presi­dente Amrullah Saleh, que está tentando congregar a oposição ao Taleban, expressou apoio aos protestos.

“Saúdem aqueles que car­regam a bandeira nacional e assim defendem a dignidade de nossa nação”, diz no Twit­ter. Na terça-feira (17), Saleh afirmou que está no Afega­nistão e que é o “presidente interino legítimo”, já que o presidente Ashraf Ghani fu­giu quando o Taleban tomou Cabul no domingo (15).

A repressão aos protestos cria novas dúvidas sobre as ga­rantias do grupo extremista de que mudou desde que gover­nou o país entre 1996 e 2001, quando reprimia severamente as mulheres, realizava execu­ções públicas e explodia está­tuas budistas antigas.

Agora o Taleban diz que quer paz, que não se vingará de antigos inimigos e que res­peitará os direitos das mulhe­res nos moldes da lei islâmica. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) convo­cou para esta sexta-feira, dia 20, uma teleconferência extra­ordinária.

Vão participar ministros de Relações Exteriores de nações que integram o grupo para discutir a crise do Afeganistão, dias após o grupo extremista Taleban retomar o controle do país. De acordo com comuni­cado agora divulgado, a reu­nião de chanceleres será pre­sidida pelo secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

Ajuda
Em um apelo por uma mobilização para ajudar os afegãos, o diretor-geral do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Robert Mardini, disse que ainda é difícil pre­ver o resultado na transição que acontece no país, mas que as necessidades humanitárias continuarão altas.

Com essa preocupação, al­gumas organizações já mantêm campanhas para quem quiser doar e ajudar os afegãos, que assistem ao retorno da milícia radical Taleban ao poder no país após 20 anos. Segundo Mardini, o CICV está aliviada ao ver que a cidade de Cabul está evitan­do o que poderia ter sido uma guerra urbana devastadora.

No entanto, diz, a organi­zação continua atenta aos mi­lhares de civis que estão feridos e foram deslocados em decor­rência dos últimos combates em outros centros urbanos. Desde 1º de agosto, mais de 7,6 mil pacientes com ferimentos causados por armas receberam tratamento em estabelecimen­tos de saúde apoiados pelo CICV em todo o país.

Nos meses de junho, julho e agosto, mais de 40 mil pes­soas feridas por armas foram tratadas nesses estabelecimen­tos de saúde, explicou ele, pre­vendo que as equipes de saúde e reabilitação física do CICV deverão receber pacientes nos próximos meses e anos.

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