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28 de março de 2024 | 11:35
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Quando não se conhece o passado, os erros são perenes

A educação básica brasileira veio a fórceps no final do século 19 com o advento da República, e este nascimento forçado e não planejado teve consequências desastrosas que nos persegue até os dias de hoje. A invasão dos portugueses nas terras que seriam co­nhecidas como Brasil, e a consequente colonização, não criou uma elite na concepção da palavra. O que aconteceu foi o crescimento e o enriquecimento de uma burguesia sem compromisso com o sentido de Pátria e Nação que se perpetuou ao longo dos séculos.

Países que se transformaram em Nação, o fizeram cuidado com carinho e competência da educação básica, no entanto no Brasil a palavra Nação não faz parte do imaginário daqueles que tomam o poder usando de subterfúgios, e enganando a população trabalha­dora, que os elege achando que vão sair da miséria, e ter uma vida melhor, mas acontece o oposto, pois usam a máquina pública para favorecer o grande capital, e como sabem que a educação básica pública e de qualidade cria a cidadania, e uma população cidadã sabe exercer seus diretos e deveres, fazem de tudo para boicotar a educação básica pública.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) fi­cou tramitando durante 13 anos no Congresso Nacional, e só foi apro­vada em 1961, após uma luta incansável dos defensores da escola básica pública e laica, que fosse para todos, se contrapondo aos interesses das escolas particulares e confessionais, que iriam ficar com a totalidade das verbas educacionais, cabendo à escola pública ser apenas um complemento nesta estrutura, mas felizmente a ideia de termos uma educação básica comandada pela iniciativa privada foi rejeitada.

O sofisma criado pelos executivos nos três níveis da federação emperrou a execução da lei, pois alegavam que não tinham ferra­mentas, nem recursos financeiros fazer frente às novas demandas – e para mostrar como fazer foi criado em 1962 o primeiro Plano Nacional de Educação, que tinha como primeira diretriz: “erradicar o analfabetismo no Brasil”, e passados mais de cinquenta anos, o Plano Nacional de Educação aprovado em 2014 repete a mesma diretriz de 1962: “erradicar o analfabetismo no Brasil”, portanto, não avançamos – andamos de lado.

Os poderosos que compõe o topo da pirâmide perderam a primeira batalha em 1961, mas durante este mais meio século trabalharam como cupins no cerne dos órgãos educacionais brasileiros depreciando a educação básica pública, para mostrar que a rede privada é a solução mágica para todos os nossos problemas. A depreciação in­tencional da educação básica pública colocou a população brasileira de joelhos perante refém da corrupção, a violência e a desigualdade social, pois aquela máxima constitucional de que a cidadania se aprende e se consolida no chão da escola se esvaiu no ar.

As agruras que a educação básica pública sofria, mas que era escamoteada com documentos falaciosos ficou escancarada com a pandemia: “nua no meio da rua com a mão no bolso”. E é nestes momentos que os especialistas defensores da privatização aprovei­tam para depreciar os educandos das redes públicas, dizendo que será necessário de dez a doze anos para recuperarem os conteúdos que não foram aprendidos durante a pandemia. Esse argumento fa­lacioso e indecoroso de gente que só enxerga cifrões pretende abrir o caminho para sangrar ainda mais o erário, e jogar uma pá de cal na educação básica pública.

Uma educação básica pública de qualidade, que construa a cida­dania é feita no chão da escola, mas está escola tem que exercer a sua autonomia, pois as ferramentas para superar este momento estão na Constituição e nas leis educacionais que garantem uma educação de qualidade, não precisamos dos restos que são jogados das redes privadas. Se a competência educacional das redes privadas fosse tão auspiciosa teríamos uma classe de políticos de alta qualidade, pois a maioria frequentou a escola básica privada, no entanto faz tempo que não temos um estadista na política brasileira.

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