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18 de abril de 2024 | 19:18
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Economia

Remédios vão ficar mais caros

A partir do dia 1º de abril, os preços dos medicamentos serão reajustados. A previsão é que o valor suba de 4,46% a 6,31%, mas ainda não há nada definido ofi­cialmente. A Câmara de Regula­ção do Mercado de Medicamen­tos (CMED), órgão que ajusta os valores, leva em consideração a influência do câmbio, oscilações do mercado, índice da inflação e os custos operacionais da indús­tria para estabelecer um valor.

Os valores são estabelecidos através de três classes: fitoterápi­cos, genéricos e equivalentes e os produtos de referência. Quan­do o reajuste for divulgado, as farmácias já estarão autorizadas para aplicar os novos valores dos medicamentos. Os gastos com a compra de remédios estão na lista das principais despesas para os cuidados com a saúde entre as famílias brasileiras.

“Infelizmente, o aumento vai agravar ainda mais a dificuldade de quem não consegue seguir o tratamento medicamentoso prescrito por um especialista por falta de condições em cus­teá-lo, e poderá gerar o mesmo problema para quem já o faz com algum sacrifício”, diz Luiz Monteiro, presidente da Asso­ciação Brasileira das Empresas Operadoras de Programas de Benefícios em Medicamentos (PBMA). Estima-se que cerca de 50% das pessoas que iniciam um tratamento de saúde o aban­donam por falta de acesso ao medicamento prescrito.

“E de muitas que seguem, uma boa parte acaba se endivi­dando por isso”, diz o presiden­te da entidade. É o que mostra uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), publicada no ano passado. Os números divulgados apontaram que, em 2017, despesas não pagas relacionadas aos cuidados com a saúde colocaram 25,3% dos bra­sileiros na lista de negativados. O gasto médio mensal de quem faz uso de remédios contínuos ou periódicos é de R$ 138,32.

“A interrupção do tratamen­to acaba gerando ainda mais despesas ao paciente, já que os problemas com a saúde se agravam e, invariavelmente, é necessário a realização de novos exames e até mesmo de novas internações”, completa Montei­ro. Ele explica que, com o Pro­grama de Benefícios em Medi­camentos, as pessoas têm mais chances de seguir o tratamento, já que o subsídio oferecido por empresas facilita o acesso da po­pulação ao medicamento.

“O subsídio pode variar de acordo com o plano escolhido pelas empresas, mas há casos em que pode ser de até 100% do valor”, relata o presidente da PBMA. O conceito de PBM já existe no mercado americano desde 1980 e atualmente perto de 80% da população aviam suas receitas médicas pelo sistema. Aqui no país o conceito chegou a partir de 1990.

Hoje, no Brasil, funcionários de empresas como Telefônica Brasil, IBM, Caterpillar, Unile­ver, Arcelor Mital, Carrefour, Nestlé, Gerdau e Tigre, entre outras, já subsidiam medica­mentos para seus funcionários. Dados levantados pela associa­ção mostram que cerca de 110 milhões de unidades (caixas) de remédio foram distribuídas no país, em 2018, por meio do PBM. Para 2019, a instituição prevê um crescimento em torno de 15%, ou seja, que aproxima­damente 125 milhões de unida­des sejam dispensadas.

No ano passado, os medi­camentos ficaram, em média, 2,43% mais caros. O reajuste aplicado ficou entre 2,09% a 2,84%, abaixo da inflação de 2017, de 2,95%, segundo o Ín­dice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Sindicato da Indústria de Produtos Far­macêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) disse que, pelo segundo ano consecutivo, o reajuste dos medicamentos ficou abaixo do que a inflação. De 2013 a 2017, cita, a taxa acu­mulada do IPCA foi de 36,48%, ante 32,51% dos reajustes mé­dios autorizados pelo governo para remédios.

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