No mesmo dia em que um drone que carregava um explosivo atingiu o quartel-general da frota russa no Mar Negro, na cidade de Sebastopol, Crimeia, o presidente Vladimir Putin anunciou que as tropas da Rússia vão usar novos mísseis hipersônicos Zircon, na guerra na Ucrânia.
O ataque ocorreu no Dia da Marinha da Rússia e levou ao cancelamento das comemorações que ocorreriam na Crimeia, península anexada pela Rússia em 2014, onde está a Frota do Mar Negro. O serviço de imprensa da frota disse que o drone parecia ser caseiro e descreveu o explosivo como “de baixa potência”.
O prefeito de Sebastopol, Mikhail Razvozhaev, disse que seis pessoas ficaram feridas. No desfile naval em São Petersburgo, Putin afirmou que os mísseis hipersônicos serão incorporados aos navios russos. Segundo ele, a frota russa “vai ser capaz de infligir uma resposta fulminante a todos aqueles que decidem atacar nossa soberania e liberdade”.
“A entrega às Forças Armadas russas começará nos próximos meses”, disse Putin. Os mísseis de cruzeiro Zircon podem atingir alvos a mil quilômetros e viajar nove vezes mais rápido que a velocidade do som. Ainda no domingo, 31 de julho, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky emitiu uma ordem de retirada obrigatória para os civis que ainda vivem na região leste de Donetsk, devastada pelos constantes ataques russos.
“Há centenas de milhares de pessoas, dezenas de milhares de crianças. Muitas se recusam a sair, mas isso precisa ser feito”, disse em seu discurso noturno. As forças russas tomaram grandes áreas de Donetsk, mas observadores dizem que elas reduziram a ofensiva nas últimas semanas.
Morte de empresário
Um dos empresários mais ricos da Ucrânia e sua mulher foram mortos em bombardeios na cidade de Mikolaiv, no sul do país, disse ontem o governador regional Vitali Kim. Oleksi Vadaturski era dono da empresa agrícola Nibulon, especializada na produção e exportação de grãos de trigo, cevada e milho.
A empresa é a única agrícola na Ucrânia com frota e estaleiro próprios. A fortuna de Vadaturski era estimada antes da guerra em US$ 430 milhões (R$ 2,2 bilhões). Zelensky disse que a morte do empresário foi “uma grande perda para toda a Ucrânia”.
Grãos
O primeiro carregamento de grãos desde o início da invasão russa em fevereiro deixou o porto ucraniano de Odessa na manhã desta segunda-feira, 1º de agosto, com um acordo que pretende aliviar a iminente escassez global de alimentos e fortalecer as finanças da Ucrânia.
O primeiro navio a ser enviado, o Razoni, partiu carregando 26 mil toneladas de milho com destino final em Trípoli, no Líbano, segundo o governo turco, que ajudou a intermediar o tratado. Espera-se que o graneleiro com bandeira de Serra Leoa chegue a Istambul nesta terça-feira (2) e continue trajeto após as inspeções.
O Razoni foi escoltado por um navio das forças ucranianas por um território do Mar Negro repleto de minas, para evitar um ataque à cidade portuária estratégica no sul do país. Equipes de inspeção, incluindo funcionários da Turquia, das Nações Unidas e da Rússia, devem verificar os navios envolvidos no acordo sob o documento assinado em Istambul no mês passado.
O carregamento de grãos é o primeiro teste para permitir que a Ucrânia, uma das maiores exportadoras de grãos do mundo, comece a enviar ao exterior cerca de 20 milhões de toneladas do produto que a invasão da Rússia prendeu no país.