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16 de abril de 2024 | 0:36
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Política

Secretário depõe à ‘CEE dos Mortos’

O secretário da Saúde de Ribeirão Preto, Sandro Scar­pelini, afirma que se o médico tiver qualquer dúvida referente à morte no momento do preen­chimento do atestado de óbito, as seguradoras podem prejudi­car o pagamento às famílias e processar o profissional médi­co. Ele depôs em audiência da Comissão Especial de Estudos (CEE) que apura a demora na liberação de corpos pelo Servi­ço de Verificação de Óbitos do Interior (SVOI), a popular “CEE dos Mortos”.

O depoimento ocorreu na tar­de de quinta-feira, 5 de setembro. Foi chamado para falar sobre de­clarações de diretores do serviço à própria CEE. Eles afirmaram que o motivo da demora na liberação dos corpos, na maioria dos casos, acontece porque os cadáveres são encaminhados para necropsia já com a causa da morte determina­da. Outra alegação é a falta da cha­mada “Guia Amarela”, usada para documentar o óbito.

A comissão foi criada depois que famílias reclamaram da de­mora para conseguir a liberação dos corpos de parentes encami­nhados ao SVOI. É presidida por Igor Oliveira (MDB) e tem como membros Marinho Sam­paio (MDB) e Luciano Mega (PDT). Em determinados casos, a espera para conseguir o do­cumento com a causa da morte chegava a até 15 horas.

Esta foi a quinta oitiva da CEE. Antes do secretário foram ouvidos o ex-diretor do SVOI, Marco Aurélio Guimarães; e a atual diretora Simone Gusmão Ramos além de familiares de pessoas falecidas que demora­ram para ter os corpos liberados para a realização do enterro.

No encontro, Scarpelini expli­cou que as “guias amarelas” rela­tadas são atestados de óbitos nu­merados estabelecidos em quatro vias, fornecidos pelo Ministério da Saúde em blocos que ficam em poder da Secretaria Municipal da Saúde e são repassadas às ins­tituições públicas e particulares. Informou ainda que elas fazem parte do Serviço de Informação de Mortalidade (SIM), alimenta­do eletronicamente.

Cada via do atestado tem sua própria destinação, como cartó­rio, funerária, família e Secretaria da Saúde. Segundo o secretário, a distribuição está regular e dis­ponível nas unidades. Por moti­vo de extravio, no início do ano passado, o repasse dos atestados foi controlado para coibir possí­veis desvios. Scarpelini destacou que realizou reunião com os gestores do Hospital Santa Lydia e do Serviço de Verificação de Óbitos do Interior e que mudan­ças pontuais foram realizadas.

Principalmente no período que antecede o deslocamento dos corpos. Disse que atualmen­te em cada unidade um planto­nista responsável possui acesso sistema eletrônico do Serviço de Informação de Mortalidade. Há duas semanas, durante au­diência, o ex-diretor Marco Au­rélio afirmou que boa parte dos médicos ainda se sente muito insegura ao declarar um óbito, devido ao que chamou de um emaranhado da legislação.

“Hoje em dia a maioria dos médicos tem receio de algum tipo de processo”, disse. Já a atual dire­tora do SVOI, Simone Gusmão Ramos, afirmou que existe falta de profissionais na equipe o que dificulta a agilidade dos trabalhos e que essa defasagem obrigou a alteração no horário de funcio­namento. Antes o Serviço atendia 24 horas por dia, mas atualmente funciona das sete às 19 horas. No ano passado foram realizadas 783 autopsias, média de duas por dia.

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