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18 de abril de 2024 | 20:56
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Sempre houve queimadas…

Esta foi a frase que se transformou, nas duas últimas semanas, em verdadeiro bordão na boca dos que preferem tergiversar diante da óbvia e ululante crise ambiental. Isso para ser respeitoso com aqueles que ainda fazem de tudo para justificar uma escolha irresponsável que tem nos levado para um verdadeiro abismo político. Explico. Todos nós sabemos que as queimadas, provocadas ou não pelo homem, é uma realidade histórica do nosso país nos meses mais secos, sem­pre acarretando destruição da flora e da fauna, degradação do meio ambiente, poluição do ar, agravamento de problemas de saúde da população, enfim, graves danos ao ecossistema. Nós mesmos, aqui de Ribeirão Preto, conhecemos essa realidade, com os danos provocados pelas queimadas de cana que ainda não desapareceram por completo.

Os que acreditam que as queimadas desse ano são as mes­mas dos anos anteriores, ou demonstram profunda ignorân­cia do que vem acontecendo com a questão ambiental desde a posse de Bolsonaro ou, conhecendo-a, passam a ser também coniventes com esta tragédia planetária. A nomeação de um anti-ambientalista, Ricardo Salles, para ser ministro do Meio Ambiente foi o ponto de partida. Fragilizou-se a pasta que perdeu a Agência Nacional de Águas para o Ministério do Desenvolvimento Regional e o Serviço Florestal Brasileiro para o Ministério da Agricultura. Ele ameaça rever o traçado das 334 unidades de conservação e até extinguir várias delas. A demissão de Ricardo Galvão, presidente do INPE que denunciou o desmatamento alarmante, teve óbvio objetivo de proteger os criminosos que destroem a floresta.

A fiscalização do IBAMA sobre os crimes ambientais foi propositadamente afrouxada, facilitando o desmatamento, principalmente na Amazônia Legal. As queimadas desse ano foram as maiores desde 2010 e estão diretamente relaciona­das ao desmatamento ilegal que nos primeiros oito meses do governo Bolsonaro atingiu o recorde histórico. Sabemos que as queimadas são feitas para preparar as áreas desmatadas para o plantio de pasto e acabam incendiando também as áreas florestais. A Polícia Federal já está investigando o “dia do fogo” de ruralistas do sul do Pará em homenagem a Bolsonaro. Na reunião com os governadores da Amazônia, voltou a atacar as reservas indígenas que, segundo ele, atrapalham o progresso. Ele alinha o seu discurso com os interesses das mineradoras. O próprio Bolsonaro já foi multado por pesca ilegal e o fiscal do IBAMA que lhe aplicou a multa foi demitido.

Uma coisa é errar a foto. Outra coisa é sucatear o órgão de fiscalização ambiental, tagarelar sobre a “farra das multas”, desacreditar, sem qualquer base trabalhos científicos sobre o desmatamento e tratar o assunto como chatice que só inte­ressa aos veganos. Exatamente como escreveu Ranier Bragon na Folha na última terça. A lambança promovida na área ambiental por Bolsonaro só ganhou caráter de crise devido á reação internacional, com o assunto discutido pelo G7. E ela começou lá atrás com a retirada dos milhões de dólares do Fundo Amazônia por parte dos governos da Noruega e da Alemanha, exatamente por não confiarem nas juras de Bolso­naro em respeitar o Acordo de Paris. Por isso, ele foi chamado de mentiroso por Macron e aí não vai nenhum insulto. É pura verdade. Bolsonaro é mentiroso mesmo e seu governo é uma grande mentira que só continua enganando os néscios e incautos de todas as matizes. Os que continuam a acreditar em Papai Noel e no Coelhinho da Páscoa.

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