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20 de abril de 2024 | 0:31
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Sidnei Beneti

Conheci o Ministro Sidnei Beneti enquanto cursávamos o Ginásio do Estado de Ribeirão Preto, rebatizado então com o novo nome de Instituto de Educação Otoniel Mota. Até hoje insistimos em chamá-lo de Ginásio do Estado, ou, Gymnasio do Estado, como indicam as letras constantes do seu frontispício.

A minha turma já fechava as malas para trilhar cursos universitários, quando o ministro Sidney Beneti lá iniciou sua carreira. Éramos um bom grupo, contando, por exemplo, com a presença doFeres Sabino, Nivaldo Laguna, Walderez de Barros, João Cunha, Rui Flávio Chúfalo Guião e o incrível Rubinho, o Rubens Ely de Oliveira, que encerrou seus últimos dias como Juiz de Direito.

A geração de Sidnei Beneti contava, entre outros, com quatro alunos batizados como Luís Antônio: o Luís Antônio Rodrigues da Silva, hoje desembargador, o Luís Antônio Vilhena e o Luís Antônio Roxo Fonseca, médico, e um quarto que minha memória já não consegue registrar.
O ribeirãopretano Sidnei Beneti residia na esquina das Ruas Américo Brasiliense com a São José, onde seu pai man­tinha um estabelecimento dedicado à venda de móveis.

Após completar o curso ginasial o futuro ministro ingres­sou na Faculdade de Direito da USP. Logo após, por concurso público, tornou-se Juiz de Direito, juiz do Primeiro Tribunal de Alçada e Desembargador, quando então foi levado e ele­vado a Ministro do Superior Tribunal de Justiça em Brasília. A sua projeção internacional foi tão grande que acabou eleito Presidente Honorário da União Internacional de Magistrados em Roma. Hoje aposentado, residindo em São Paulo, dedica­-se aos estudos jurídicos e literários.

Há poucos anos atrás, foi homenageado pela Câmara Mu­nicipal de Ribeirão Preto, quando da tribuna do Legislativo, confessou que o momento de mais intensa emoção de sua ex­traordinária carreira foi aquele em que tomou conhecimento ter sido aprovado no vestibular do então Ginásio do Estado. Aquele dia tornou-se a marca registrada das emoções dos antigos alunos e eternos amigos daqueles bancos escolares. Há ex-alunos que se conheceram no Ginásio, casaram-se e vivem até hoje na vizinhança do colégio, convertido no marco inaugural da memória de sua história.

Sidnei Beneti, nas veredas da literatura, acabou de lançar um livro sobre Euclides da Cunha, “Releituras de um Clás­sico”, dedicando a obra à Professora Florianete de Oliveira Guimarães, “marcante na formação de várias gerações do Gymnasio do Estado”, escola que ministrava cinco idiomas a seus alunos: português, latim, espanhol, francês e inglês.

O livro foi publicado pela Editora Migalhas que, há vários anos presta inegáveis serviços ao Brasil, sem sair de Ribeirão Preto.

Euclides da Cunha escreveu várias obras clássicas, entre as quais “Os Sertões”, elaborada na vizinha cidade de São José do Rio Pardo, tendo como objeto a guerra de Canudos, palco de uma mortandade histórica. Euclides da Cunha foi jornalista do Estadão.

A guerra teve como palco a cidade baiana de Canudos, encerrada em1897 com a destruição de toda a localidade. A obra de Euclides da Cunha foi espelhada no livro “A Guerra do Fim do Mundo” escrita pelo peruano Mário Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura, demonstrando assim a sua reper­cussão internacional.

É necessário caminhar pelas veredas de Canudos e da Amazônia, ao lado de Euclides da Cunha para que seja pos­sível conhecer melhor o passado, o presente e o futuro das terras brasílicas. Especialmente enquanto guiado pelas letras do ribeirãopretano Ministro Sidney Beneti.

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