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18 de abril de 2024 | 20:05
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Justiça

Trio vira réu por morte de dupla

O Ministério Público Fede­ral (MPF) apresentou à Justiça do Amazonas denúncia contra três suspeitos por duplo homi­cídio qualificado e ocultação de cadáver no caso das mortes do indigenista Bruno Araújo Pereira, de 41 anos, e do jorna­lista Dom Phillips, de 57.

Amarildo da Costa Oli­veira, o Pelado, seu irmão Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos, e Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha, tornaram­-se réus após a Justiça Federal de Tabatinga (AM) receber a denúncia do MPF, apresenta­da na quinta-feira, 21 de ju­lho. O juiz responsável tam­bém abriu o sigilo dos autos.

Confissão
O MPF argumenta que tanto Amarildo quanto Jeffer­son confessaram o crime. Já a participação de Oseney foi considerada após depoimen­tos de testemunhas. Segundo os procuradores, havia regis­tro de desentendimentos entre Bruno e Amarildo por pesca ilegal em território indígena.

No documento, o MPF explica que a razão do cri­me teria sido o fato de Bruno pedir para Dom fotografar o barco dos acusados, motiva­ção considerada “fútil” pelo Ministério Público Federal, o que pode agravar a pena. De acordo com a denúncia, Bru­no foi morto com três tiros, sendo um deles pelas costas.

Já Dom foi assassinado por estar acompanhando Bruno na visita ao Vale do Javari (AM). O documento mostra a repro­dução de conversas e cita lau­dos periciais, como análise dos corpos e objetos encontrados durante as investigações.

Procuradoria
Em uma peça de 23 pá­ginas, a Procuradoria indica que a decisão de matar Bruno “decorreu do fato de a vítima ter tirado fotografia de Ama­rildo e de sua embarcação, afirmando que aquela era a ‘embarcação do invasor’” – informações que constam da confissão do pescador.

“Motivo fútil, portanto”, in­dica a denúncia. O documento foi elaborado pela procuradora Nathália di Santo, de Tabatin­ga, e por Samir Nachef Júnior, Edimilson da Costa Barreiro Júnior, Bruno Silva Domingos e Ricardo Pael Ardenghi, inte­grantes da Câmara Criminal do MPF, que auxilia nas apu­rações de crimes contra a vida.

Bruno e Dom
O jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Araú­jo Pereira foram assassina­dos na manhã de 5 de junho, domingo, enquanto faziam o trajeto entre a comunida­de Ribeirinha São Rafael e o município de Atalaia do Nor­te, no Amazonas.

Ameaças
Bruno sofria repetidas ameaças por trabalhar com os indígenas isolados do oeste do Amazonas e em defesa da ma­nutenção de áreas ambientais. Antes de atuar junto à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o indige­nista trabalhou na Fundação nacional do Índio (Funai) como coordenador de povos isolados e foi exonerado do cargo durante a pandemia.

Jornalista
Já o jornalista estrangeiro, colaborador do jornal The Guardian e de outros veícu­los da imprensa internacio­nal, acompanhava o trabalho para registrar em livro que pretendia escrever sobre a preservação da Amazônia. No início de julho, a Polícia Federal (PF) prendeu Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, citado em meio às investigações do as­sassinato de Bruno e Dom.

Ele é apontado como finan­ciador da pesca ilegal na região e tem ligação com Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado. Colômbia não foi incluído na denúncia do Ministério Públi­co, acatada na quinta-feira pela Justiça Federal no Amazonas. Ele foi preso por outra razão. As autoridades ainda avaliam se houve um mandante para o crime e sua eventual vincu­lação ao caso.

Após ter comparecido es­pontaneamente à sede da cor­poração em Tabatinga a fim de prestar esclarecimentos sobre o assassinato da dupla, ele foi preso por porte ilegal de documento. Colômbia negou participação no crime, mas segue preso pela PF até que sua identidade seja verifica­da, e porque a polícia teme que ele fuja do país.

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