A Ucrânia acusou, nesta terça-feira, 7 de junho, o Exército russo de prender cerca de 600 pessoas, em sua maioria jornalistas e ativistas, na região de Kherson (sul), totalmente ocupada pelas tropas de Moscou. “Segundo as informações que temos, quase 600 pessoas estão retidas em porões especialmente habilitados, em câmaras de tortura, na região de Kherson”, disse Tamila Tacheva, representante do presidente ucraniano para a Crimeia, a península ucraniana limítrofe com Kherson que foi anexada por Moscou em 2014.
A representante afirmou que se trata principalmente de jornalistas e ativistas que organizaram manifestações a favor da Ucrânia em Kherson e sua região. “Estão detidos em condições desumanas e estão sendo torturados”, acusou Tacheva, sem fornecer detalhes. Alguns dos ucranianos detidos na região de Kherson – civis, mas também prisioneiros de guerra – foram enviados posteriormente a prisões na Crimeia, disse a mesma fonte.
Segundo o jornal britânico The Guardian, ainda não há uma confirmação independente sobre as alegações. Kherson tinha mais de um milhão de habitantes antes da invasão russa em 24 de fevereiro. Já no início da guerra, as tropas russas assumiram o controle de toda a região de Kherson e grande parte da região de Zaporizhzhia, ambas no sul.
Autoridades russas e seus nomeados locais falaram sobre planos para essas regiões declararem sua independência ou serem incorporadas à Rússia. Mas no que pode ser o mais recente caso de sabotagem anti-Rússia na Ucrânia, a mídia estatal russa disse nesta terça-feira que uma explosão em um café na cidade de Kherson feriu quatro pessoas. A agência estatal Tass chamou a explosão na cidade ocupada de “ato terrorista”.
Tropas ucranianas enfrentaram russos pelas ruas da cidade devastada de Severodonetsk nesta terça-feira, tentando manter os ganhos de uma contraofensiva-surpresa que reverteu o ímpeto em uma das batalhas terrestres mais sangrentas da guerra na Ucrânia. A luta pela pequena cidade industrial é crucial no Leste do país, com a Rússia concentrando seu poder ofensivo na região, na esperança de alcançar um dos objetivos de guerra declarados – capturar totalmente a província de Luhansk, em nome de separatistas pró-Moscou.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu por um corredor seguro para que os navios ucranianos possam exportar os grãos produzidos no país, de forma a evitar escassez de alimentos na África e na Ásia. “É importante para nós que haja um corredor de segurança… que a frota deste ou daquele país garanta o transporte dos grãos”, disse, em coletiva de imprensa. Segundo ele, Kiev está conversando com países como Turquia e Reino Unido sobre garantias de segurança aos navios ucranianos.
Zelensky acrescentou que “se agora temos 22 a 25 milhões de toneladas bloqueadas nos portos, no outono podemos ter 75 (milhões de toneladas)”. A questão dos grãos bloqueados estará na agenda desta quarta-feira (8) durante a visita do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, à Turquia. Ancara está envolvida nos esforços das Nações Unidas para chegar a um acordo para o embarque de grãos ucranianos em meio a uma crescente crise alimentar.
Zelensky disse que Kiev não foi convidada, possivelmente porque a Turquia quer primeiro obter garantias de segurança da Rússia para seus próprios navios. Ele explicou que a Ucrânia não pode exportar grandes carregamentos de grãos por ferrovias por causa dos longos prazos de entrega, embora Kiev esteja em negociações com a Polônia e os países bálticos. Um transporte através do território de Belarus, aliada da Rússia, não é uma opção, disse ele.