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18 de abril de 2024 | 8:51
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Um doutor vereador

Em seu quinto mandato de ve­reador o médico Jorge Parada é o único representante do Partido dos Trabalhadores (PT) no Legislativo de Ribeirão Preto. Com forte atuação na defesa da saúde pública, também realiza voluntariamente há mais de trinta anos, atendimento no ambula­tório médico da Igreja Santo Antônio Maria Claret.

Com uma postura considerada nos meios políticos, como apazigua­dora, Jorge Parada afirma que nunca sofreu discriminação por se vereador pelo Partido dos Trabalhadores, refe­rindo-se ao fato do partido em nível nacional ter várias lideranças acusa­das ou condenadas por corrupção. “Da mesma forma como respeito os membros de agremiações partidárias também envolvidas em escândalos de corrupção recebo o respeito recí­proco. Talvez porque as pessoas en­trelaçam minha conduta correta no exercício da vereança”, explica.

Em entrevista ao Tribuna, ele afirmou que sempre foi favorável a manutenção de vinte e sete verea­dores, pois quem estabelece isso é a Constituição Federal. “Os vereadores representam os setores da sociedade. Então acho que este é um número justo e não vai aumentar o custo da Câmara”, diz.

Tribuna Ribeirão – O senhor é o único vereador do Partido dos Trabalhadores na atual legislatura. Já sofreu algum tipo de preconcei­to em função da legenda a qual o senhor pertence ter vários de seus líderes acusados ou condenados por corrupção?
Jorge Parada – Pessoalmente nunca sofri discriminação por se vereador pelo Partido dos Traba­lhadores. Da mesma forma, como respeito os membros de agremia­ções partidárias também envolvi­das em escândalos de corrupção recebo o respeito recíproco, talvez porque as pessoas entrelaçam mi­nha conduta correta no exercício da vereança.

Tribuna Ribeirão – De um modo geral quase todos partidos no Brasil têm políticos acusados de corrupção. A que o senhor atri­bui o fato do PT ser o que mais aparece na mídia quando se fala nesse assunto?
Jorge Parada – Na realidade, o PT conduziu pela quarta vez consecutiva o Governo Federal, operando importantes mudanças benéficas na vida da população brasileira, principalmente nas ca­madas mais desfavorecidas. Acre­dito que isso incomodou muita gente poderosa, pois um quinto mandato do PT na presidência com o Lula era iminente. Estas for­ças conservadoras se articularam para derrubar a presidente Dilma e prender o ex-presidente Lula sem provas o impedindo de concorrer às eleições. Gostaria de ressaltar que a grande mídia teve extrema partici­pação nesse processo.

Tribuna Ribeirão – O senhor tem uma atuação marcada por propostas no setor da saúde além de realizar atividades voluntárias na área. Que avaliação faz da saú­de pública na cidade?
Jorge Parada – A exemplo do que ocorre na maioria dos municí­pios brasileiros, a saúde está cada vez mais precária em Ribeirão Pre­to. O avanço da crise econômica, a precarização do exercício profis­sional, a desativação do Programa Mais Médicos e a falta de gestão na área da saúde, são alguns motivos que dificultam um atendimento ágil e digno daqueles que neces­sitam dos serviços oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O prefeito Duarte Nogueira prome­teu três AMES e três UPAS, que ainda não concretizara, frustrando assim, as expectativas de melhora do atendimento à saúde.

Tribuna Ribeirão – Que ava­liação faz da atual administração municipal?
Jorge Parada – Como aspecto positivo destaco o não envolvi­mento, pelo menos até o momen­to, em escândalos de corrupção e a tentativa de equilibrar as finanças municipais com pagamento em dia aos fornecedores. No entan­to, falta ousadia e iniciativa para, mesmo com orçamento limitado, fazer frente as suas responsabilida­des de bem gerir a causa pública. Particularmente considero que as terceirizações na saúde e educação não trazem benefícios na qualida­de de atendimento, além de preca­rizar as relações de trabalho dos funcionários da área.

Tribuna Ribeirão – O senhor apresentou uma proposta para o transporte público coletivo gra­tuito e de qualidade para todos. Como seria possível viabilizar este tipo de gratuidade?
Jorge Parada – Naturalmen­te essa é uma proposta arrojada e ela não é utópica já que existem no mundo 86 cidades, em 24 pa­íses, que aboliram a cobrança pelo transporte coletivo, como é o caso das cidades paulistas de Agudos, e Paulínia, que implantaram mode­los próprios de transporte gratuito e operam com sucesso esse novo sistema além de países, como Es­tônia, Estados Unidos e França. Só que para implantar o Tarifa Zero em Ribeirão Preto ela precisa ser assumida pelo governo que teria que adotar essa atitude com com­promisso para que se viabilizasse. Porém, acredito que não será nes­se governo que isso vai acontecer.

Tribuna Ribeirão – Que proje­tos e leis de sua autoria que o se­nhor considera mais importantes?
Jorge Parada – Eu tenho alguns projetos importantes que são de legislaturas passadas como a obri­gatoriedade de se fazer o teste da orelhinha que detecta surdez con­gênita nos recém-nascidos, a reali­zação obrigatória do teste de PSA , que é o teste do câncer de próstata, também o projeto que torna obri­gatório a vacinação da hepatite B, também se destaca a Lei Municipal que isenta do Pagamento do IPTU imóveis atingidos por enchentes. A Lei 7970/ 98 que torna obrigató­rios supermercados de grande por­te, manterem à disposição de seus clientes portadores de deficiência física, cadeiras de rodas dotadas de cestos acondicionadores de com­pras. E a Lei mais importante que é a do Parlamento Juvenil que nesse ano está no 4º mandato e dessa vez são 15 escolas participando e esse projeto visa aproximar estudantes do ensino médio de escolas públicas e particulares ao Poder Legislativo Municipal, simulando a vivência do processo democrático, mediante participação em atividades par­lamentares, em que os estudantes atuam como jovens parlamenta­res. Protocolei um projeto de lei para ser analisado pela Casa, insti­tuindo a normatização municipal sobre o bem estar animal.

Tribuna Ribeirão – O senhor é favorável a quantos vereadores na próxima legislatura?
Jorge Parada – Sempre fui fa­vorável a 27 vereadores e é isso que determina a Constituição Fede­ral. Entendo que a representação quanto maior for na Câmara mais profícuo e representativo será o trabalho do Poder Legislativo. Afinal os vereadores representam setores da sociedade que levam trabalho mais amplo, ainda mais para uma cidade como a de Ribei­rão Preto que tem porte quase que uma metrópole. Então acho que é um número justo e não vai aumen­tar o custo e a Câmara que tem feito até muita economia e vai continuar fazendo prevalecer essa filosofia de trabalho. Assim, defendo com tran­qüilidade 27 cadeiras para a próxi­ma Legislatura mantendo as atuais que a Lei permite.

Tribuna Ribeirão – O Parti­do dos Trabalhadores deverá ter candidato a prefeito nas próximas eleições municipais?
Jorge Parada – É bem possível que tenha. O PT sempre teve essa tradição de ter um candidato a prefeito, mas existe a possibilidade de se fazer uma coligação propor­cional para prefeito, nós sabemos que para vereador não se pode fazer coligação. Cada partido tem que andar com sua chapa própria, mas para prefeito isso é possível e deve-se discutir isso no momento.

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