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19 de abril de 2024 | 2:54
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Um pênis verde-amarelo na Paulista

Um detalhe chamou atenção de muita gente durante a ma­nifestação golpista do 7 de setembro, em plena avenida Paulista. Foi um pênis verde-amarelo gigante e inflado. O simbolismo se inicia com o próprio espaço onde ele apareceu. Afinal, a Paulista é onde se concentra boa parte do PIB do Brasil. Havia muito mais homens do que mulheres na manifestação. Homens bran­cos e mais velhos, cheios de muita raiva. Poucos jovens. Ainda bem. As pesquisas demonstram que mais de 70% de jovens entre 16 e 24 anos desaprovam o Genocida.

A ex-deputada federal Manuela d’Ávila chamou atenção nas redes para aquele curioso objeto no lugar em que se preparava a liturgia de um golpe de Estado. Golpe este pretendido por um presidente que gritava como se estivesse possuído pelos demô­nios do ódio, do rancor e da violência. Ela compartilhou o vídeo e indagou sobre o estranho objeto: “Gostaria que me ajudassem a traduzir o simbolismo de um objeto fálico gigante inflado na Paulista”. Vou dar a minha ajuda.

O vídeo acabou viralizando com respostas criativas à sua indagação, algumas bem humoradas, outras ferozes e até impu­blicáveis. Sabemos que todas as manifestações convocadas pelo Genocida sempre tiveram um aspecto masculino, com poucas mulheres, muita raiva e nenhuma alegria. Sem crianças. Aliás, Bolsonaro e sua manada sempre se comunicam com símbolos sexuais, recheados de misoginia, homofobia e diversas outras formas de preconceito e discriminação.

Na Paulista, o clima estava mais para guerra e ameaças do que para festa. E isso no aniversário de uma data que deveria ser uma balada para todos nós.Uma festa que acabou deturpada pelo Genocida, não apenas incapaz de governar e de enfrentar os graves problemas que abalam a nação em um dos momentos mais cruciais de nossa história, mas que insiste em arrastar o país a uma divisão intransponível, com sua obsessão pela violência e pelas armas.

O pênis era verde-amarelo, cores da bandeira que foram seques­tradas pelas forças fascistas do país. Ele estava ereto e era carregado sobre um carrinho vazio de supermercado. Bastante simbólico isso aí também. Pode tranquilamente simbolizar o drama de milhões de brasileiros com o desemprego e a fome. Esta é a nossa sina: um dra­ma social nunca visto subordinado a um pênis ameaçador. Vivemos um estupro mortal desencadeado pelos desatinos dos últimos anos.

O maior drama das manifestações golpistas da extrema direita machista foi o próprio chefe da nação. Com seus discursos inflados por ameaças, não soube ter nem uma única palavra de esperança e alento sobre o verdadeiro drama que aflige o país. É explícita não apenas a sua incapacidade de governar, mas também a ausência, em sua alma, de um único sentimento de empatia pela dor do outro. Dizem que ele é incapaz de chorar. Deve ser verdade.

Foi certamente essa falta de compaixão pelos que sofrem que fez com que ele não abordasse, nem uma vez, os graves problemas que nos afligem, como a fome que voltou a açoitar milhões de famílias, a inflação galopante, as ameaças de falta de energia elétrica, a crise hídrica, a desvalorização da moeda, a total ausência de sinais de esperança e até o perigo de que os investidores acabem buscando países mais seguros, sem ameaças de golpes de Estado.

Mais ameaçadora do que o pênis grotesco seria uma fila de carri­nhos vazios para simbolizar o drama que aflige e faz chorar tantas famílias, vítimas do desgoverno do Genocida. Vítimas de quem, há muito, deveria estar fora do governo para permitir que o país recu­pere a esperança. Mas essa esperança não pode e não vai morrer! Voltaremos a viver, protegidos de qualquer estupro, quando este Genocida e sua turma estiverem longe do Planalto. Impeachment já!

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