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28 de março de 2024 | 11:19
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Um Senado da República a conferir!

As eleições de outubro de 2018 renovaram em 85% o cenário do Sena­do Federal. Essa esperança de renovação por uma nova política, segundo alguns comentaristas políticos, iniciou com as manifestações de 2013, quando o povo brasileiro demonstrou sua insatisfação com um sistema político profundamente corrompido.

Nos dias 1º e 2 de fevereiro, durante horas intermináveis, assistimos mais alguns daqueles “espetáculos circenses” protagonizados pelos nobres senadores, que aos gritos, insultos e baixarias tomaram posse de suas ca­deiras e foram premiados com mais uma intervenção do Supremo Tribu­nal Federal.

Provocados por dois partidos, obtiveram um veredicto do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, contrariando uma decisão da maioria do plenário da Casa, que é, segundo a Constituição, independente, decidindo em favor de alguns desesperados, pelo voto secreto para a eleição do novo presidente do Senado, devendo a votação ser presidida pelo senador mais idoso, José Maranhão.

Os senadores Kátia Abreu e Renan Calheiros, subestimando e escanda­lizando os calouros recém-chegados, entre outros, mais uma vez perdendo o equilíbrio e a capacidade de diálogo civilizado, pretenderam intimidar a maioria do plenário que, por 50 a 2 desejavam eleições abertas para a cadeira presidencial do Senado.

Não menos indecente do que ocupar a Mesa Diretora com marmitas e tudo, a furiosa senadora “desceu do salto”, tomando a pastinha do presi­dente em exercício, Davi Alcolumbre. A sessão precisou ser suspensa e, entre a noite e a madrugada, correram para pedir socorro ao STF, achando que assim conquistariam a mudança da maioria dos novos senadores elei­tos com a mesma legitimidade do que a deles.

Alguns candidatos à presidência do Senado, que parecem desejar mudanças, declinaram de suas candidaturas em favor de alguém diferente do mesmo e que tentava se “eternizar” naquela cadeira, Renan Calheiros. Mas ainda no primeiro escrutínio apareceram duas cédulas fora dos envelopes, somando um total de 82 votos, mesmo que o Senado seja formado por apenas 81.

Uma fraude ainda a ser investigada, não obstante o presidente da elei­ção, José Maranhão , por pura “ingenuidade”, por não ser o escrutinador, ter verificado para quem eram os dois votos fora dos envelopes – destina­dos a Renan Calheiros – e depois rasgado e colocado no bolso do paletó os pedacinhos dos votos fraudulentos. Mas, como tudo é filmado, não será difícil descobrir o autor da fraude.

Uma frase que me chamou a atenção e me entristeceu profundamente, pronunciada por Renan Calheiros, exige do exercício de nossa cidadania ainda maior atenção: “Precisamos acabar com essa cultura de que a maio­ria vence”! O que ele chamou de desrespeito à Constituição, ao Regimento Interno (ultrapassado) e um golpe contra a democracia, não nos deixou nenhuma dúvida de seu desespero, ao perceber que estão fadados a cair os “caciques” de uma política viciada em corrupção, falcatruas e mentiras deslavadas.

A democracia só sobreviverá se a maioria vencer pelo diálogo e a minoria souber respeitar os que pensam diferentemente desses. Mesmo assim, percebendo que perderia, porque sempre foi um excelente “calculis­ta”, chamando o candidato mais jovem de Golias, renunciou e se retirou do plenário, em votação já iniciada, o que é tão grave quanto aquilo que aos gritos ele e Kátia Abreu atribuíam aos calouros.

Finalmente, a segunda votação confirmou o senador Davi Alcolumbre como novo presidente do Senado, com 42 dos 41 votos necessários. Renan Calheiros teve apenas cinco votos. O primeiro discurso do jovem presi­dente foi conciliador, porém com o firme propósito de servir o povo e não servir-se dele! Depois de tanta molecagem numa das Casas mais “nobres” que já não parece mais tão nobre assim, esperamos que a educação de ber­ço volte a conduzir as sessões destes próximos dois anos. Porém, estamos diante de um Senado da República a conferir!

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