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29 de março de 2024 | 12:36
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Saúde

Vacina é mais eficaz com intervalo maior entre doses

Um artigo científico em pré-print (ainda sem revisão por pares) aponta que a eficá­cia da Coronavac contra a co­vid-19 é maior do que o dado anteriormente divulgado. A chamada eficácia primária, que representa a proteção da vacina contra a doença em qualquer intensidade, passou de 50,38% para 50,7%, che­gando a 62,3% com intervalos maiores entre as doses.

Contra casos moderados, o imunizante tem eficácia de 83,7%, quando o dado anterior apontava 78%. As informações constam de artigo elaborado pelos profissionais que condu­ziram os testes da Coronavac no Brasil, liderados pelo Insti­tuto Butantan. O documento foi submetido para análise da revista científica The Lancet.

O estudo avaliou o efeito da vacina em 12,4 mil voluntários em 16 centros de pesquisa no País e teve os primeiros resul­tados divulgados pelo governo de São Paulo em 7 de janeiro. A vacina começou a ser aplicada nacionalmente no dia 18 de ja­neiro e a produção pelo Butan­tan representa a maior parte das doses distribuídas até aqui.

“Esse estudo corrobora o que já havíamos anunciado há cerca de três meses e nos dão ainda mais segurança sobre a efetiva proteção que a vaci­na do Butantan proporciona. Não resta nenhuma sombra de dúvida sobre a qualidade do imunizante”, afirma em nota à imprensa Dimas Covas, dire­tor do Instituto Butantan.

A análise divulgada aponta que os resultados de eficácia podem melhorar se houver um intervalo maior entre as doses. No estudo, a maior parte dos voluntários receberam as va­cinas com intervalo de 14 dias dada a urgência para análise do imunizante e necessidade de proteção dos profissionais de saúde.

Os pesquisadores acreditam que um período de 28 dias seja o mais adequado. “Os dados suge­rem que é recomendável enco­rajar intervalos maiores entre as doses, como 28 dias, na imple­mentação da vacina”, escrevem no artigo. O Butantan afirma que vai entregar os dados com­pletos sobre imunogenicidade – capacidade de geração de respostas imunes aos vacina­dos – para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvi­sa) no dia 30 de abril.

A bula da Coronavac esti­pula o intervalo para a segunda dose como de 14 a 28 dias, mas a aplicação a partir do 21º já é defendida pelo Butantan desde o mês de janeiro. Um intervalo ainda maior entre as doses che­gou a ser cogitado como forma de ampliar a cobertura da vaci­nação e acelerar a aplicação, o que acabou não sendo imple­mentado. Um intervalo supe­rior a 28 dias não é consenso entre os especialistas diante dos efeitos não estudados so­bre a eficácia do imunizante.

Uma outra informação que consta do artigo é que a Corona­vac se revelou eficaz na proteção contra as chamadas variantes de preocupação P.1 e P.2 do vírus SARS-CoV-2. “Apesar de as va­riantes terem várias mutações que são chave para o funcio­namento de muitos anticor­pos, houve uma neutralização consistente dessas variantes por parte do soro dos partici­pantes que receberam a vacina inativada”, pontuaram os espe­cialistas no documento.

O aumento da circulação da P.1, a chamada variante bra­sileira, primeiramente identifi­cada em Manaus (AM), é as­sociado à vertiginosa elevação da curva de casos, internações e mortes vista no País a partir de janeiro. No início do ano, a cri­se em Manaus chegou a afetar o abastecimento de oxigênio, pro­blema que se alastrou pelo Brasil a partir de fevereiro com conti­nuidade em março, o mês mais letal da pandemia até aqui, com 66 mil mortes pela doença.

Nesta segunda-feira (12), o governo de São Paulo liberou mais 1,5 milhão de doses da va­cina do Instituto Butantan para o país. Já foram entregues 39,7 milhões ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). Somente em abril foram 3,5 milhões.

O total de envios corres­ponde a 86,3% das 46 milhões de doses acordadas até 30 de abril no primeiro contrato com o Ministério da Saúde. Em março foram disponibilizadas pelo Butantan 22,7 milhões de doses. Em fevereiro, 4,85 mi­lhões e, em janeiro, 8,7 milhões de unidades.

O Instituto Butantan rece­berá até 20 de abril, da biofar­macêutica Sinovac, uma nova remessa de insumos de três mil litros para o processa­mento de mais cinco milhões de doses da vacina contra o novo coronavírus, garantin­do, assim a entrega contratu­al prevista ao PNI.

Um segundo carregamento deverá chegar ainda em abril, com mais três mil litros, tota­lizando dez milhões de doses em IFA. O Butantan ainda trabalha para entregar outras 54 milhões de doses para vaci­nação dos brasileiros até o dia 30 de agosto, totalizando 100 milhões de unidades.

Atualmente, mais de 80% das vacinas disponíveis no país contra a covid-10 são do Butantan, que interrompeu o envase de novas doses da Co­ronavac –imunizante produ­zido em parceria com a bio­farmacêutica chinesa Sinovac – diante do esgotamento do IFA, matéria-prima do imuni­zante importada da China.

Essa etapa da produção tem previsão de retomada na pró­xima semana, com a chegada de uma nova remessa do IFA. O Butantan diz que atualmente 2,5 milhões de doses estão em processo de inspeção de con­trole de qualidade, parte inte­grante do processo produtivo.

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