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2025 – Um ano para não esquecer – Geopolítica

Luiz Paulo Tupynambá *
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Naquela que se chamou de “Crise dos Mísseis de Cuba”, acontecida em outubro de 1962, uma frota de combate estadunidense bloqueou a pequena ilha caribenha de Cuba, que após uma revolta popular liderada por Fidel Castro, converteu-se na primeira nação socialista do hemisfério ocidental e declaradamente apoiada pela URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) a associação de nações diversas do Leste Europeu e norte da Ásia, como era conhecida a Rússia na época. A URSS tentou instalar bases de lançamento de mísseis em território cubano, coisa inadmissível para os EUA e impedir a chegada de barcos soviéticos aos portos da ilha caribenha se tornou estratégico para eles. Por muito pouco não aconteceu uma Terceira Guerra Mundial, que seria catastrófica para todos.

Este fato, que marcou o endurecimento da chamada “Guerra Fria” e a aceleração da corrida armamentista, acrescentou milhares de ogivas aos arsenais nucleares dos dois países. Desenvolveram-se lançadores de bombas termo-nucleares de alcance mundial, os chamados ICBMs, tecnologia que auxiliou a conquista do espaço próximo. Chegamos então ao ponto de Destruição Mútua Garantida, ou seja, a guerra começa, os dois lados lançam suas bombas nucleares e todos são destruídos. Ninguém vence, todos perdem. Hoje cochilamos docemente num colchão forrado com trinta mil bombas nucleares armadas e prontas para serem lançadas e detonadas. Para a nossa “segurança”, é claro.

Em Cuba, naquele final de 1962, enfim o bom senso tomou conta da sala e as coisas esfriaram. Um acordo foi negociado por Robert Kennedy, secretário de estado dos EUA e Nikita Kruschev, secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética.  Os estadunidenses desistiram da instalação de mísseis nucleares que haviam iniciado na Turquia e os soviéticos desistiram de instalar os seus em Cuba. O bloqueio a Cuba nunca foi suspenso e os EUA sufocam lentamente a Revolução Cubana pelo bloqueio econômico.

Porém, essa crise trouxe de volta a ideia da Doutrina Monroe, criada em 1823 pelo então presidente estadunidense James Monroe, que diz “A América inteira, de norte a sul (do Alasca a Patagônia) é dos americanos e deve ser protegida da invasão de nações de outros continentes. Sempre sob a guarda e liderança dos Estados Unidos da América. Isso segundo ele, e recentemente corroborado por Donald Trump.

Se você olhar um mapa mundial, verá que as Américas tem duas “muralhas” quase inexpugnáveis, em termos de defesa estratégica: a leste, o Oceano Atlântico e a oeste, o Oceano Pacífico. Para quem tem a maior força de guerra já criada pela humanidade, isso é uma vantagem espetacular. Quando se fala em guerra entre nações de continentes diferentes, quem domina os mares sairá vencedor. A guerra só está ganha com o ganho de território inimigo, confisco de seus ativos minerais e energéticos, domínio sobre sua logística interna e tomada de sua capacidade de produzir alimentos.

Trump anunciou a volta à Doutrina Monroe. De agora em diante, os EUA se preocupam prioritariamente com o que acontece e que os ameaça aqui nas Américas.  Reduziram o apoio à OTAN, braço militar da Aliança Ocidental. Quer que os europeus “se virem” para resolver os seus eternos problemas nacionalistas e ideológicos. Para a turma do MAGA, com a qual Trump concorda, não compensa injetar mais dinheiro num conflito sem fim. Hoje é a Ucrânia, amanhã será a Polônia, depois os Bálcãs novamente. Um conflito seriado e infindável. Para a turma do Steve Bannon, isso não é problema dos americanos.

Os EUA já fazem um bloqueio severo no Mar do Caribe, alegando combater o tráfico de drogas da Venezuela. Nem boi dormindo acredita nisso. Trump e sua turma estão de olho (grande) é no petróleo de lá. Mas, não só na costa venezuelana. Também estão de olho no óleo na Colômbia e, adivinha, na foz do Rio Amazonas, em águas territoriais brasileiras. Afinal, todo mundo quer veículo elétrico e Inteligência Artificial Geral Irrestrita. Alguém tem que pensar como produziremos toda a energia elétrica gasta com isso nas próximas décadas, né mesmo? E o petróleo é ótimo para isso.

Bom Natal e Feliz Ano Novo para todos!

* Jornalista e fotógrafo de rua

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