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Economia

TJ barra reajuste da tarifa de ônibus

O reajuste de 6,33% da tarifa do transporte coletivo urbano da cidade continua suspenso. Nesta quinta-feira, 2 de agosto, o desembargador Souza Meirelles, da 12ª Câmara de Direito Pú­blico do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), negou agravo de instrumento impetrado pela prefeitura de Ribeirão Preto. A administração municipal pedia a derrubada da liminar do juiz Gustavo Müller Lorenzato, da 1ª Vara da Fazenda Pública, que na semana passada acatou o pedido de liminar solicitado em man­dado de segurança – impetrado pelo partido Rede Sustentabili­dade – e barrou o aumento.

A prefeitura de Ribeirão Pre­to havia autorizado o aumento de 6,33%, R$ 3,95 para R$ 4,20, acréscimo de R$ 0,25, e publi­cado o decreto com a decisão do prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) no Diário Oficial do Município (DOM) de quin­ta-feira, 26 de julho. A liminar foi concedida no dia seguinte, sexta-feira (27), e “congelou” o valor da passagem de ônibus. O reajuste valeria a partir da zero hora de segunda-feira, dia 30.

O desembargador concor­dou com a decisão da Justiça de primeira instância de que o decreto do Executivo carece de fundamentação clara e adequa­da em relação aos cálculos que resultaram no percentual con­cedido – o Consórcio PróUr­bano pedia 19,24% de aumen­to, com aporte de R$ 0,76 e tarifa a R$ 4,71.

“Diante da incompletude das premissas motivacionais do agravo, há-se interinamente de prevalecer a veridicção pre­liminar de sua excelência o ma­gistrado da 1ª Vara da Fazenda Pública no sentido de que so­bredito decreto ‘carece de fun­damentação clara e adequada, não bastando a referência ge­nérica a estudo de reajuste tari­fário’”, cita Meirelles.

Com a decisão, o reajuste está suspenso até nova deter­minação judicial. Caso a ordem seja descumprida, haverá multa diária de R$ 100 mil, a ser rever­tida ao Fundo Estadual de Inte­resses Difusos e Coletivos. Pro­curada, a prefeitura, por meio de nota, informa: “A Secretaria de Negócios Jurídicos esclarece que cumprirá a decisão da Justiça e analisará necessidade de entrar com novo recurso.” O PróUrba­no não foi notificado.

Para o vereador Marcos Papa, que em nome do partido Rede Sustentabilidade impe­trou o mandado de segurança coletivo, esta é mais uma vitória de Ribeirão Preto e comprova que as explicações técnicas do PróUrbano e da prefeitura para o reajuste não são fundamenta­das. “Agiu bem a Justiça em re­afirmar o nosso pedido de cau­tela para o índice de reajuste da tarifa do transporte público de Ribeirão Preto. Como eu tenho dito, esses números precisam ser checados, essa planilha de custos precisa ser auditada em profun­didade, o sistema como todo precisa ser auditado”, afirmou.

Para o parlamentar em vez de ficar se defendendo na Jus­tiça, a prefeitura deveria apro­veitar a oportunidade para “ser mais transparente, mostrar os cálculos, o que ela considerou como justo para autorizar um aumento tão injusto”, finaliza. Já Carlos Roberto Cherulli, diretor do Consórcio PróUr­bano, afirmou ao Tribuna na segunda-feira que o reajuste de 6,33% não tem nada de irregu­lar e foi autorizado a partir de estudos técnicos.

Ele revela que o estudo de reequilíbrio do consórcio en­tregue para a administração municipal foi elaborado por uma das duas instituições re­conhecidas nacionalmente – a Fundação Instituto de Pesqui­sas Econômicas (Fipe). Segun­do Cherulli, os técnicos apon­taram que, com os problemas de custos adicionais estabeleci­dos no contrato de concessão, a passagem deveria ser reajus­tada para R$ 4,71, aumento de 19,24% e aporte de R$ 0,76.

No entanto, o percentual definido está bem acima da in­flação dos últimos doze meses, de julho do ano passado a junho de 2018, com base no Índice Nacional de Preços ao Consu­midor (INPC) do Instituto Bra­sileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – indexador usado no município para reajustar tri­butos como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto Sobre Serviços (ISS).

O INPC acumulado em doze meses está em 2,5%, igual ao reajuste salarial que os 9.988 servidores municipais e os cerca de 900 motoristas do Consórcio PróUrbano tiveram neste ano. Se o valor for manti­do futuramente, a passagem de ônibus em Ribeirão Preto vai custar R$ 0,20 a mais do que o valor cobrado na capital São Paulo, de R$ 4, ou 5% acima.

Entram no cálculo da tarifa o reajuste de motoristas e traba­lhadores da área administrati­va do setor (com data-base em maio), a inflação dos últimos doze meses, investimento em veículos novos, gastos com com­bustível (óleo diesel, que gerou a greve de dez dias dos caminho­neiros e teve o valor congelado pela Petrobras), peças e insumos e outros tópicos. O contrato de concessão prevê reajuste anual sempre no final de julho.

No ano passado, o valor da passagem de ônibus em Ribei­rão Preto subiu de R$ 3,80 para R$ 3,95, alta de 3,94% e aporte de R$ 0,15. O PróUrbano – formado pelas empresas Rápi­do D`Oeste (40%), Transcorp (30%) e Turb (30%) – tem uma frota de 356 ônibus que operam 118 linhas e transportam cerca de 150 mil pessoas por dia – eram cerca de 165 mil em 2012, queda de 9,1% e 15 mil a menos.

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