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Promotoria defende camelôs no calçadão

O promotor da Habitação e Urbanismo, Wanderley Trindade, garante que vai acionar judicial­mente, nos próximos dias, a Câ­mara de Vereadores e a prefeitura de Ribeirão Preto em função da “fiscalização policial” contra os ambulantes na região central da cidade. O representante do Mi­nistério Público Estadual (MPE) alega que a lei vigente é incons­titucional e a administração es­taria sendo parcial ao defender apenas os interesses de entidades de classe ligadas ao comércio, ao invés de discutir o assunto com todos os envolvidos.

“Há um bom tempo esta­mos discutindo a ocupação da­quele espaço público com todos os setores envolvidos, inclusive com a prefeitura. De repente, somos surpreendidos com esta atitude policial em relação aos ambulantes. Precisamos discu­tir de forma definitiva a ocupa­ção daquele espaço, criando leis constitucionais e dando direitos e deveres a todos envolvidos”, explica Trindade.

A prefeitura de Ribeirão Preto, no entanto, já disse em nota envia­da ao Tribuna que os doze poli­ciais militares contratados através do programa Atividade Delegada – permite o chamado “bico oficial dos PMs”, que trabalham fardados e armados em horário de folga – não estão atuando na fiscalização dos informais. Na representação, o promotor também afirma que questionará o Executivo sobre a ocupação dos dois Centros Popu­lares de Compras (CPC), os cha­mados “camelódromos”, criados pelo município.

Um fica na avenida Jerônimo Gonçalves, ao lado do Merca­do Municipal, o “Mercadão”, e o outro na rua General Osório nº 52 – entre a Jerônimo Gonçalves e rua José Bonifácio. Segundo Trindade, existem denúncias de que locatários de boxes nestes em­preendimentos públicos seriam comerciantes com lojas estabele­cidas em outros locais da cidade. “Estes locais foram criado para dar oportunidade aos ambulantes de se tornarem empreendedores”, completa o promotor.

Segundo o Ministério Público, os ambulantes têm direito a traba­lhar na região central da cidade, mas desde que estejam legaliza­dos. O objetivo do MPE é resolver a ocupação de forma organizada, padronizada e com a transforma­ção deles em microempreendedo­res, o que implicaria, por exemplo, que após este processo eles serão obrigados a emitir notas fiscais, garantir a origem das mercadorias e o pagamento de impostos.

Em nota, a prefeitura de Ribei­rão Preto esclarece que o Depar­tamento de Fiscalização Geral da Secretaria Municipal da Fazenda cumpre a legislação que determi­na a proibição de vendedores am­bulantes no quadrilátero central. O texto afirma, também, que o comércio ambulante é permitido em outras áreas, fora do quadrilá­tero central, desde que os camelôs tenham inscrição municipal.

Projeto aguarda votação
O projeto de Adauto Honora­to, o “Marmita” (PR), pedindo a revogação das duas leis munici­pais que proíbem os vendedores ambulantes de atuarem na re­gião do calçadão e do Mercadão, ainda aguarda parecer da Co­missão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Câmara. Em 20 de novembro, a proposta en­trou na pauta de votação e levou dezenas de camelôs até o Legisla­tivo para pedir sua aprovação. No entanto, por falta de parecer, a vo­tação foi adiada.

O projeto revoga o parágra­fo 4º do artigo 2º da lei comple­mentar nº 1.070, de 29 de agosto de 2000, e o parágrafo único do artigo 2º da lei complementar nº 2.598, de 19 de julho de 2013 que estabeleceram a proibição. Segun­do “Marmita”, que preside a Co­missão Especial de Estudos (CEE) dos Ambulantes na Câmara, a revogação de parte das duas leis é necessária porque elas são incons­titucionais. A CEE teria concluído que a proibição é inconstitucional porque a competência para legis­lar sobre proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turísti­co e paisagístico é da União, con­forme estabelece o artigo 24 da Constituição Federal.

Contrária a proposta, a As­sociação Comercial e Industrial (Acirp), o Sindicato do Comércio Varejista (Sincovarp), o Sindicato dos Empregados no Comércio (Sincomerciários), o Sindicato do Comércio Varejista de Feirantes e Vendedores Ambulantes de Ri­beirão Preto e a Associação dos Amigos, Moradores e Empresá­rios do Centro (Amec) emitiram um comunicado em que afirmam que esta iniciativa é extremamente danosa para todo o município.

O texto afirma que ao deixar espaço para que os ambulantes utilizem em benefício próprio as ruas, calçadas e o calçadão de Ribeirão Preto, em detrimento da população que utiliza esses espaços para caminhar, para seu lazer e para suas compras e tam­bém em detrimento do comér­cio legalmente estabelecido, que gera empregos e paga impostos. “Esperamos que a maioria dos ve­readores vote contra essa medida”, diz parte do texto.

O presidente do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac), Anderson Polverel, também en­tregou um ofício à Câmara lem­brando que o Centro Histórico é tombado pelo município e tam­bém pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueoló­gico, Artístico e Turístico (Con­dephaat) – vinculado à Secretaria de Estado da Cultura –, e por isso qualquer mudança na legislação que envolve o calçadão precisa de parecer dos dois conselhos.

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