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Ataque de escorpião vira rotina neste ano

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O número de ocorrências envolvendo escorpiões dispa­rou 33,7% em Ribeirão Pre­to em dez meses de 2019 na comparação com todo o ano passado. Entre 1º de janeiro e 25 de outubro, foram registra­dos 1.183 acidentes na cidade – média mensal de 118 casos e diária de quase quatro (3,9) –, contra 885 de 2018 inteiro. São 298 a mais atualmente.

Os dados foram divulgados pela Divisão de Vigilância Epi­demiológica (DVE) da Secreta­ria Municipal da Saúde (SMS), com base no Sistema de Infor­mação de Agravos de Notifica­ção (Sinan Net). A quantidade de casos em 2019 é seis vezes superior aos 196 de 2017, alta de 503,6% e 987 ocorrências a mais. Desde 2007, a cidade já soma 4.607 ataques do aracní­deo, quase um por dia – média de 354 por ano.

Nestes 13 anos, os escor­piões fizeram menos vítimas em 2014: foram 161 ataques. A quantidade de casos de 2019 é a mais alta da série, mais de sete vezes acima das ocorrências de cinco anos atrás, alta de 634,8% e aporte de 1.022 acidentes. Em relação a 2007, quando o arac­nídeo levou 260 pessoas ás uni­dade de saúde, o aumento é de 355% (cinco vezes), com 923 registros a mais.

A região com maior núme­ro de ocorrências neste ano é da Distrital de Saúde Norte, com 298 casos, seguida pela Oeste (240), Sul (216), Leste (127) e Central (117), além de 185 não identificados. Em 13 anos, a região campeã de ata­ques de escorpiões é a Zona Sul, com 1.015. Depois aparecem a Oeste (970), Norte (946), Leste (508) e Central (457). Outros 711 não foram identificados.

Segundo a Divisão de Vi­gilância Epidemiológica, neste período houve apenas um óbito na cidade. A última morte por ataque de escorpião em Ribeirão Preto ocorreu em 1º de maio do ano passado, no Jardim Salga­do Filho, na Zona Norte. Uma criança de oito anos foi ferida no pé pelo aracnídeo quando aju­dava a tia a retirar o entulho de um terreno onde seria erguido um barraco.

O menino João Victor Souza de Paula foi socorrido pela tia e levado à Unidade Básica Distri­tal de Saúde (UBDS Norte) do bairro Quintino Facci II, mas acabou transferido para a Uni­dade de Emergência do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Ele morreu depois de sofrer pa­radas cardíacas decorrentes da ação do veneno. A fêmea do es­corpião é autóctone – não preci­sa do macho para se reproduzir – e tem dois partos por ano, com 20 filhotes em cada.

A Divisão de Vigilância Epidemiológica do Departa­mento de Vigilância em Saúde informa que em todo caso de acidente com animal peço­nhento a vítima deve procurar a unidade de saúde mais pró­xima para avaliação médica e, caso seja necessário, o posto deverá encaminhar o paciente ao HC para avaliação da toxi­cologia e necessidade de aplica­ção do soro antiescorpiônico, de acordo com a gravidade.

A população pode ajudar ro­çando o mato dos terrenos par­ticulares e evitando o acúmulo de lixo e entulho. A espécie mais comum nas cidades é a “Tityus serrulatus”, conhecida como “escorpião amarelo”. Trata-se de um tipo urbano, frequentador de esgotos ou redes pluviais, e considerado o mais perigoso da América Latina.

“Sua picada é muito dolori­da, provoca náuseas, vômitos, sudorese, e o veneno pode matar crianças de até 12 anos e idosos após causar arritmia cardíaca e edema pulmonar”, diz o imuno­logista Luiz Vicente Rizzo, pre­sidente do conselho curador do Instituto Butantan.

Para não correr risco de morte, a pessoa tem de ser aten­dida em, no máximo, quatro ho­ras. É preciso tomar soro contra o veneno e analgésico para ali­viar a dor. De acordo com Lúcia Taveira, coordenadora do Con­trole de Vetores da Secretaria da Saúde, a limpeza das residências é fundamental para evitar a pro­liferação do animal.

“Escorpião gosta de lugar quente e escuro, tanto na área interna como externa, e tem hábitos noturnos. Ele sai à noite para procurar alimento, bara­ta, grilo, cupim, animais vivos”, orienta a coordenadora. Explica ainda que o aracnídeo pode ficar até seis meses sem se alimentar, mas água é fundamental para sua sobrevivência. Por isso, com o início das chuvas o alerta deve ser ainda maior.

“Ele procura ficar em luga­res úmidos e, quando come­çam as chuvas, aumenta muito a proliferação de escorpiões e a incidência de acidentes escorpi­ônicos”, explica. Ela orienta que quando forem encontrados es­corpiões, as pessoas não devem levar as mãos diretamente nos objetos onde estão.

“A maior incidência de acidentes acontece nas mãos e nos pés, justamente porque vão com as mãos nesses obje­tos e acabam sendo picados. Ao calçar os sapatos é preci­so ter muito cuidado, verifi­car antes se não há escorpião alojado dentro, lugar quente, propício para eles”, orienta. Os escorpiões podem subir em camas também.

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