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Do diretor Marcos Prado, ‘Macabro’ traz história real de ‘irmãos necrófilos’

Por Luiz Carlos Merten

Marcos Prado teve acesso a detalhes da história dos chamados ‘irmãos necrófilos’ em 2009. Prado foi parceiro de José Padilha em Tropa de Elite 1 e 2 e a data encaixa-se entre ambos os filmes. O caso dos irmãos era considerado uma das mais longas e difíceis operações do Bope. Ibraim e Henrique, dois jovens negros, foram acusados da morte em série de oito mulheres, mais um velho e uma criança, na região da Serra dos Órgãos, no Estado do Rio. Estupro e morte, fanatismo religioso. “O tema era fascinante e eu comecei a trabalhar num possível roteiro com Rita Glória Curvo, quando recebi um telefonema do advogado de Henrique, dizendo que seu cliente, embora condenado, sempre protestou inocência”, conta o diretor. “Face ao massacre de ambos pela mídia, isso dava uma nova perspectiva para o caso.”

De forma detalhada, o roteiro de 150 páginas contava a história dos irmãos, que sofreram abuso do pai e a família toda sofreu discriminação dos colonos suíços que se estabeleceram na região de Nova Friburgo. “Havia ali uma comunidade quilombola muito forte que foi dizimada quando os suíços chegaram e se expandiram Ele formaram uma comunidade religiosa muito rígida, e fechada. Nosso roteiro era forte, mas também era muito sombrio. Daria um filme de mais de três horas. Não era viável. Chamei o Lucas Paraizo para retrabalhar o material e ele me disse que melhor que aquilo não poderia fazer, mas poderíamos trilhar outros caminhos. Foi o que fizemos.”

Macabro estreou na Mostra de São Paulo do ano passado, depois veio o Festival do Rio. Logo em seguida veio a pandemias, a atividade cinematográfica foi desacelerada, salas fechadas, estreias canceladas. Agora, os filmes recomeçam a circular. Macabro será a atração desta terça, 28, do drive-in Belas Artes, no Memorial da América Latina, às 21 h. O filme já tem mais oito marcações para drive-ins de quatro praças, o que configura, até para a Ancine, duas estreias nacionais em cinemas. Antes disso, fez sua pré-estreia internacional no Festival de Austin, no Texas, onde foi considerado o melhor numa categoria sugestivamente chamada de Dark Matter. Depois participou do Brooklyn Film Festival, que este ano foi online, e venceu o prêmio do público. O assunto, realmente, não poderia ser mais sombrio. “O que mais me chamou a atenção nessa história, além da barbaridade dos crimes em série cometidos pelos irmãos e as lendas criadas pelos locais, é que Henrique talvez tenha sido condenado injustamente a 49 anos de prisão. Eram muitas perguntas sem respostas e uma porção de camadas a serem exploradas”, reflete Prado.

Com a chegada de Lucas Paraizo, o filme ganhou radicalmente um outro olhar, e um novo viés. A história real passou a ser contada de um ângulo ficcional, pelo olhar de um sargento do Bope que, de cara, comete uma infração disciplinar na cidade – uma morte em serviço – e é colocado na geladeira. É enviado à Serra dos Órgãos – afinal, é da região – para colaborar na captura dos irmãos criminosos. O problema é que Téo, seu nome, foi expulso da localidade. Deixou uma situação familiar e amorosa mal resolvida na área, conheceu a discriminação e o preconceito, e isso sendo um branco.

Téo termina por insurgir-se contra essa condenação generalizada – da imprensa, da polícia, das lideranças locais. E o que ele percebe é que a comunidade possui um padrão histórico de abuso tão violento quanto os crimes de que Ibraim e Henrique são acusados.

Macabro surgiu com a proposta de ser um filme popular, de gênero Segundo o roteiro original, seria muito mais ‘macabro’, integrado ao horror. A presença de Téo faz com que trafegue pela ação e o thriller. Quem faz o papel é Renato Góes, e ele possui a solidez necessária para criar um Téo dos mais convincentes. Nenhum filme de Marcos Prado se assemelha a outro que ele realizou – o documentário Estamira e a ficção Paraísos Artificiais, o novo filme nas bordas. Prado não tem respostas claras para duas questões inevitáveis. Uma, sobre a diversidade. “Conto as histórias que me atraem, e cada uma traz o seu desafio, que gosto de encarar. O que sinto é que, apesar das diferenças, elas têm o meu denominador. Busco sempre ser ético.” A outra é que, apesar das diferenças de estilo e tom, Paraísos Artificiais e Macabro passam-se nos anos 1990. Alguma coisa em especial naquela década? Prado fica um pouco em silêncio. “Nunca pensei nesses termos. Estou nos meus 50 e ainda me acho um cara jovem, cheio de entusiasmo, mas nos 90, sim, quase 30 anos atrás, eu era jovem. E quando a gente é jovem, sonha. Tudo parece possível para os jovens de Paraísos Artificiais, tudo é negado para os de Macabro. E são coisas que mexem comigo, com o senso de ética que acho que tenho.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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