Tribuna Ribeirão
DestaquePolítica

Prefeitura bancará R$ 7 milhões para finalizar obras em andamento no centro

Governo do Estado suspendeu o repasse de recursos após irregularidades no processo licitatório de 2024 

As obras na avenida Nove de Julho incluem os serviços de drenagem nas ruas São José e Comandante Marcondes Salgado: nova licitacão será aberta (Alfredo Risk)

Com base em parecer da Procuradoria Geral do Estado, que aponta suposta falha na licitação das obras de revitalização, restauração e construção de corredor de ônibus na avenida Nove de Julho – inclui os serviços de drenagem nas ruas São José e Comandante Marcondes Salgado –, o  prefeito Ricardo Silva (PSD) anunciou nesta quarta-feira, 26 de fevereiro, que a prefeitura de Ribeirão Preto vai custear com recursos próprios o valor referente ao repasse do governo de São Paulo.

Porém, uma nova licitação será aberta para finalizar serviços de drenagem na Marcondes Salgado. O parecer referencial da PGE identificou irregularidades no processo licitatório de 2024, levando à suspensão de repasses estaduais, cerca de R$ 13 milhões que seriam financiados e pagos pelo município no âmbito do Programa Ribeirão Mobilidade.

Custeio – Para terminar os trechos já em obras serão necessários R$ 7 milhões somente da parte do Estado, que será bancada pelo município. Para concluir todo o projeto, incluindo as etapas ainda não licitadas, a prefeitura precisará de um valor adicional que supera R$ 6 milhões, mas o excedente será custeado por financiamentos já contratados.

“As obras já duram quase um ano e têm causado grandes transtornos, principalmente aos comerciantes da região. Nosso compromisso é concluir os serviços o mais rápido possível. No entanto, fomos notificados pelo governo do Estado de que a licitação foi feita com base na antiga lei nº 8.666/1993, que já estava revogada, quando deveria ter seguido a nova lei 14.133/2021”, diz  prefeito.

“Diante disso, para evitar mais prejuízos à população, vamos finalizar as intervenções em andamento com recursos próprios”, explica Ricardo Silva. Realizada pela empresa Era-Técnica Engenharia Construções e Serviços Ltda., que venceu a nova licitação em março do ano passado  por R$ 32.411.776,19, a obra tem recursos da Desenvolve SP – agência de fomento vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE).

Também conta com recursos do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento  (Finisa) e contrapartida da prefeitura, que assumirá apenas a finalização das frentes de trabalho já iniciadas, investimento superior a R$ 7 milhões – valor que antes seria custeado pelo convênio estadual. Diante da necessidade de um novo processo licitatório, a administração municipal optou por suspender a abertura de novas frentes de trabalho, como a obra de drenagem na Marcondes Salgado, que ainda não havia sido iniciada.

“Nosso foco, neste momento, é concluir o que já foi aberto para minimizar os transtornos à região Central. A ampliação do projeto só poderá ocorrer após um novo processo licitatório dentro das normas vigentes”, esclarece a secretária interina de Obras Públicas, Juliana Ogawa.

Trânsito – A expectativa é de que as obras em andamento sejam finalizadas até abril deste ano, mas a prefeitura está empenhada em acelerar os trabalhos para concluir a entrega o quanto antes. Mesmo com esse novo desdobramento, o atual governo assegurou que os trechos atualmente em obras serão concluídos de forma a liberar totalmente o trânsito na Nove de Julho e nas ruas São José e Marcondes Salgado.

A obra em execução prevê ainda a instalação de novas galerias pluviais em 14 quarteirões das ruas São José e Marcondes Salgado com o objetivo de facilitar o escoamento e evitar enchentes na região Central as constantes enxurradas na parte alta do Centro.

Vão da Nove de Julho até o córrego Retiro Saudoso, na avenida Doutor Francisco Junqueira.  O Finisa é um programa federal voltado ao setor público administrado pela Caixa Econômica Federal. Já a Desenvolve São Paulo oferece linhas de financiamento para o setor público e privado.

Licitação – A licitação da obra – concorrência pública número 014/2023 – foi aberta 18 de março de 2023 e o edital de homologação com a empresa vencedora foi publicado em 26 de março de 2024. O parecer da Procuradoria Geral do Estado foi elaborado em 14 de novembro de 2024 para analisar processos licitatórios das cidades de Cordeirópolis e Itapuí.

No documento, a PGE afirma que as homologações de licitações publicadas após o dia 31 de dezembro de 2023 teriam de ser feitas a partir da nova Lei de Licitações (nº 14.133/2021). Até então, a antiga legislação (nº 8.666/1993) podia ser aplicada nos editais publicados pelas prefeituras e outros gestores, cabendo a eles decidirem se a usavam ou optavam pela nova lei.

A partir de 1º de janeiro de 2024, todas as licitações teriam de ser feitas a partir da nova legislação. A Procuradoria Geral do Estado estabeleceu que o parecer deveria ser seguido por todos municípios que tem obras com recursos estaduais, respeitadas eventuais peculiaridades,

No início do mês, Ricardo Silva esteve em São Paulo para tentar resolver o problema com o governador Tarcísio de Fretas (Republicanos), seu aliado político. “Paralelamente, a administração municipal segue reforçando a fiscalização das obras, com o suporte das secretarias de Obras Públicas, Infraestrutura, Água e Esgoto (Saerp) e RP Mobi”, disse.

Outro lado – Procurada pela reportagem, a administração do ex-prefeito Duarte Nogueira (PSDB) diz que o certame seguiu a Lei de Licitações número 8666/1993 no ano de 2023 ,com parecer da Procuradoria Geral do Município e orientação do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP). Afirma ainda que, em 2024, o TCE analisou a concorrência e não apontou qualquer tipo de irregularidade na concorrência.

“Além disso, não há qualquer relação entre a concorrência e o repasse das verbas pelo governo do Estado, uma vez que a própria prefeitura pode realizar esse custeio, como ocorreu na administração anterior. A atual administração tem o dever de dar continuidade aos contratos firmados, conforme prevê a legislação”, cita.

“Caso haja dúvidas, os órgãos de controle são os responsáveis pela fiscalização. O que não se pode fazer é paralisar obras públicas com justificativas genéricas e sem embasamento técnico. Todas as informações sobre os contratos estão disponíveis nos portais de transparência para consulta pública”, finaliza o texto.

Novela – As obras na avenida Nove de Julho começaram em 20 de julho de 2023. Em dezembro do mesmo ano, 40% dos trabalhos deveriam estar concluídos.
Porém, apenas 8% foram realizados pela Construtora Metropolitana, que teve o contrato rescindido unilateralmente péla prefeitura sob o argumento de não cumprimento do cronograma definido em contrato.
A empresa Era-Técnica Engenharia Construções e Serviços Ltda. venceu o novo certame lançado pela administração com a proposta no valor global de R$ 32.411.776,19. A economia foi de 5,63% em relação ao custo estimado inicialmente em edital, de R$ R$ 34.344.037,88, desconto de R$ 1.932.261,69.

Porém, o acréscimo chega a R$ 1.279.674,42, aumento de 4,11% em relação aos R$ 31.132.101,77 propostos pela Construtora Metropolitana. A previsão inicial da prefeitura de Ribeirão Preto era entregar a nova avenida Nove de Julho em junho de 2024, durante as comemorações dos 168 anos de Ribeirão Preto, mas o contrato foi prorrogado por mais doze meses. Todo o projeto deveria ficar pronto entre abril e maio de 2025.
Comitê do comércio e serviços emite nota
Diante desses novos fatos, o Comitê de Acompanhamento das Obras – que reúne 23 entidades e movimentos setoriais/empresariais, além de dezenas de empreendedores e moradores das regiões impactadas – se manifesta conforme a seguir:

1 – Com a decisão jurídica consolidada, o Comitê entende ser fundamental a conclusão dos atuais trechos em obras (que estão abertos), liberando 100% o trânsito e as vagas de estacionamento que fomentam o fluxo de pessoas. Vai ao encontro de solicitação anterior feita pelo próprio Comitê;

2 – Além da conclusão e liberação, é fundamental, também, a Prefeitura realizar a zeladoria imediata e periódica dos trechos impactados com a remoção de resíduos de obra, limpeza de canteiros, calçadas e ruas, bem como a recuperação da iluminação pública, entre outros aspectos, para garantir condições de uso e segurança à população;

3 – O comércio precisa urgentemente recuperar o fluxo de clientes, sendo assim, a liberação dos referidos trechos vai oxigenar as atividades empresariais que vivem uma prolongada “asfixia”;

4 – Reforçamos o pedido para que a prefeitura divulgue o cronograma de obras atualizado uma vez que os empreendedores precisam se planejar da melhor forma possível;

5 – O Comitê solicita, ainda, que a Prefeitura mantenha esforços para minimizar danos e prejuízos aos empreendedores e seus colaboradores, já muito penalizados por problemas não gerados por eles;

6 – Como sempre fez, o Comitê de Acompanhamento se coloca a disposição do poder público para desenvolver soluções, considerando especialmente a proximidade das datas sazonais estratégicas do calendário varejista. 

 

Postagens relacionadas

Morre Lisa Presley, única filha de Elvis

William Teodoro

Mulher de Ribeirão Preto morre em acidente na cidade de Colômbia

Luque

Câmara discutirá a coleta seletiva 

Redação 2

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com