Tribuna Ribeirão
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Os autores 

Rui Flávio Chúfalo Guião *
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Quando o presidente da mesa da última solenidade da qual participei convidou os presentes para ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, “música de Francisco Manoel da Silva e letra de Joaquim Osório Duque Estrada”, dei-me conta de que não sabia nada a respeito dos referidos autores, embora tenha ouvido inúmeras vezes esta menção.

Satisfeita minha curiosidade, decidi compartilhar com os leitores as minhas descobertas.

É preciso fazer, inicialmente, uma breve referência histórica ao nosso hino.

Proclamada a Independência, o jovem Imperador Pedro I, exímio músico, compôs o que seria o Hino do Império do Brasil, hoje denominado Hino da Independência.

Ele esteve em vigor até abril de 1831, quando o Imperador abdica em favor de seu filho Pedro de Alcântara, então com cinco anos de idade e é substituído informalmente pelo  Hino de Sete de Abril, que foi sendo adotado como Hino Nacional.

A peça, composta por Francisco Manoel da Silva não tinha letra oficial e era executada somente como música ou música e letra adaptada ao evento.

Com a Proclamação da República, fez-se concurso para escolha de um novo hino, vencido pelo trabalho musical de Leopoldo Miguez e letra de Medeiros e Albuquerque.

Entretanto, mostrada a obra ao Marechal Deodoro da Fonseca, nosso primeiro presidente, o mesmo teria dito: “Gosto mais do antigo !”.

O antigo foi oficializado como hino nacional, transformando-se a obra de Leopoldo Miguez e Medeiros e Albuquerque em Hino da Proclamação da República.

Nosso hino só foi ganhar sua letra oficial quando se aproximavam as comemorações do Centenário da Independência, em 1922 e a letra de Joaquim Osório Duque Estrada foi então oficializada.

Francisco Manoel da Silva nasceu no Rio de Janeiro em 21 de fevereiro de 1795. De forte talento musical, dedicou sua vida toda à música, talento este que teria adquirido de seu pai.

Desde cedo, frequentou as aulas do Padre José Maurício Nunes Garcia, um dos grandes compositores de nosso país, que pontificava na Corte, produzindo centenas de obras do barroco nacional. Com ele, Francisco Manoel desenvolveu suas habilidades.

Caindo nas graças do Príncipe Regente D. João, pode estudar violino e composição, solidificando sua cultura musical. Integrou a Real Câmara e Capela dos Braganças, foi nomeado compositor daquela Capela, ao mesmo tempo que levava seus conhecimentos para as irmandades, confrarias e ordens terceiras.

Foi cofundador, professor e diretor do Conservatório de Música, que se transformaria na atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Com vasta obra musical, que inclui peças de vários tipos, morreu no Rio de Janeiro em 1865, 40 anos antes de a música do Hino Nacional Brasileiro ser oficializada.

Joaquim Osório Duque Estrada poeta, crítico literário, professor e jornalista, era fluminense de Vassouras, onde nasceu em 29 de abril de 1870. Afilhado do General Osório, estudou no Colégio Pedro II do Rio de Janeiro, onde se bacharelou em letras e deu início a extensa carreira literária, dirigindo também jornais da então capital da República.

Publicou várias obras, foi membro da Academia Brasileira de Letras e teve breve participação na carreira diplomática.

Um de seus poemas, publicado em 1909, em versos decassílabos foi adotado como letra oficial de nosso hino, na véspera do dia comemorativo do centenário de nossa independência.

* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e secretário-geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

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