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Corpos nas águas: a macabra rotina de desova em rios da região

Nelson Francisco Carreira Filho e Alex Gabriel dos Santos: desfecho trágico em ambos os casos (Arquivo pessoal)
Nelson Francisco Carreira Filho e Alex Gabriel dos Santos (Arquivo pessoal)

A prática criminosa que cresce às margens dos rios Pardo e Grande revela uma face sombria da violência na região. Casos recentes em Pontal e Cravinhos evidenciam um padrão de ocultação que dificulta as investigações.

Lúcio Mendes

A descoberta de corpos em rios e córregos da região de Ribeirão Preto tem se tornado cada vez mais frequente e, preocupante. A desova de cadáveres em cursos d’água representa uma tentativa deliberada de ocultar crimes, desafiando as forças de segurança na identificação das vítimas, na determinação da causa da morte e na apuração da autoria dos homicídios. Entre os principais focos dessa prática macabra está o rio Pardo, com destaque para os trechos próximos à cidade de Jardinópolis.

Ocorrências recorrentes em Ribeirão Preto

A principal cidade do nordeste paulista tem registrado diversas ocorrências envolvendo corpos lançados em córregos urbanos ou encontrados em áreas ribeirinhas em estado avançado de decomposição.

Em fevereiro de 2025, o corpo de um homem foi encontrado às margens de um córrego no bairro Adelino Simioni. No mês seguinte, em março, o corpo de uma mulher foi localizado boiando em um córrego na Vila Virgínia. Ambos os casos ainda estão sob investigação, com identificação e causas da morte pendentes.

Já em janeiro de 2024, pescadores encontraram um corpo com os pés amarrados por arame no rio Pardo, nas imediações de Colômbia (SP). A vítima apresentava ferimentos na cabeça, indicando uma possível execução seguida de ocultação.

Um dos casos mais emblemáticos ocorreu em 2013, com o assassinato do menino Joaquim Ponte Marques, de apenas 3 anos. Após desaparecer em Ribeirão Preto, o corpo da criança foi localizado no Pardo, em Barretos, a 150 km de distância. A investigação concluiu que ele teria sido lançado em um córrego que deságua no rio.

A ponte velha de Jardinópolis: um ponto crítico

A área próxima à ponte antiga sobre o rio Pardo, em Jardinópolis, consolidou-se como um ponto recorrente de desova de cadáveres. Somente nos últimos anos, diversos achados macabros foram registrados ali.

Em junho de 2020, o corpo de um homem foi localizado dentro de um saco branco, boiando nas águas do rio. Poucos dias depois, outro corpo, desta vez parcialmente enterrado, foi encontrado na zona rural, próximo à mesma ponte.

Em junho de 2024, dois casos em sequência chamaram a atenção das autoridades: o corpo de uma jovem foi localizado amarrado, enrolado em um lençol e com ferimentos na cabeça. Dias depois, o corpo de um homem, também dentro de um saco, foi retirado do rio por bombeiros, após o alerta de um morador de rancho.

A lógica da ocultação

Segundo policiais e peritos, os criminosos utilizam os rios como estratégia para dificultar o trabalho investigativo. A correnteza transporta os corpos por longas distâncias, enquanto o tempo na água acelera a decomposição, comprometendo vestígios como impressões digitais, marcas de agressão e até provas genéticas.

Além disso, o descarte em áreas afastadas, de difícil acesso ou com vegetação densa, como ocorre nas margens do rio Pardo, reduz as chances de flagrante e atrasa o reconhecimento pelas autoridades e pelos familiares.

Um alerta para as autoridades

A repetição de casos semelhantes exige uma resposta coordenada das forças de segurança pública. Investimentos em monitoramento de áreas críticas, como a ponte velha de Jardinópolis, além da ampliação dos recursos da Polícia Científica e do IML regional, são medidas urgentes para frear esse padrão de criminalidade.

A população também desempenha um papel essencial, especialmente por meio de denúncias anônimas, que frequentemente se tornam o ponto de partida para a elucidação dos crimes.

Em tempos de violência cada vez mais banalizada, corpos lançados às margens caracterizam uma rotina sinistra.

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