Tribuna Ribeirão
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Tempo indestrutível

Sérgio Roxo da Fonseca *
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Taís Roxo Fonseca **
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O tempo, seja futuro ou passado, une-se aos fatos nele teatralizados, impedindo o seu desaparecimento, seja como a memória dos que nele tenham vivido, seja na página posta na sua impressão. Falamos dele numa época em que se inicia nos anos conformados na metade do século XX, tendo como palco os dias surgidos e muitas vezes apagados porém vividos na cidade de São Sebastião de Ribeirão Preto.

Um grupo formado pelos alunos do apelidado Ginásio do Estado, hoje cognominado Instituto de Educação Otoniel Mota, aproximou-se da administração do jornal “Diário de Notícias’,  então dirigido pelo Padre Celso Ibsen de Sylos. Eram eles: Feres Sabino, João Orlando Cunha, Rubens Ely de Oliveira, Laudo Silva Costa, Sérgio Arouca, Sérgio Roxo da Fonseca, Henrique Amorim, entre outros. Quase todos usavam pseudônimos. O João Orlando, identificava-se como “Pensa Bem’ e o Henrique Amorim era o ‘Henry Miroma” entre outros. O Feres e eu fomos eleitos presidentes do grêmio estudantil do então Ginásio do Estado.

O grupo instalou o Parlamento Estudantil no Otoniel Mota, liderando o movimento no sentido de dar voto aos analfabetos. É escusado dizer que até então os analfabetos não votavam no Brasil.

Feres Sabino, após sua formatura, foi nomeado pelo governador Franco Montoro Procurador Geral do Estado com a responsabilidade de administrar todos os  advogados públicos do Estado. O Rubinho terminou seus dias como Juiz de Direito. O João Orlando elegeu-se Deputado Federal. O Laudo Costa, depois de estudar vários idiomas, tornou-se médico oftalmológico da Universidade de São Paulo, notabilizando-se com trabalhos contra o câncer que atingia os olhos das crianças. O Sérgio Arouca, médico, elegeu-se Deputado Federal do Rio de Janeiro, tendo sido um dos criadores do Instituto Médico Legal, tendo como lema: “o atendimento médico previsto por lei tem de ser universal e gratuito”.

O extraordinário aluno do Ginásio do Estado Sidney Benetti ingressou na magistratura, sendo elevado ao alto grau em São Paulo, para em seguida ocupar um dos mais elevados postos de Brasília, para depois finalmente presidir a entidade internacional de orientação jurídica.

O Padre Celso Ibsen de Sylos elegeu-se vereador em Ribeirão Preto e exerceu atos da política municipal e nacional até o golpe militar de 1964.
Na época a comunidade de Ribeirão Preto mantinha três escolas de música, formando, por exemplo, vários pianistas. Hoje não temos nenhum “Conservatório” que se multiplicam na China e na Coreia do Sul! A nossa educação afastou-se das músicas clássicas.

O movimento de 1964 contribuiu para o desaparecimento do Diário de Notícias. O Cardeal de São Paulo foi transferido para Aparecida do Norte, levando com ele o Padre Leocádio Monteiro Pontes, formado pelo Seminário de Ribeirão Preto.   O bispo de Ribeirão Preto foi elevado a cardeal de São Paulo.

A memória daquela época, antes de 1964, consegue manter em grande relevância a história da tão nobre e digna cidade de São Sebastião de Ribeirão Preto.

* Advogado, professor livre docente aposentado da Unesp, doutor, procurador de Justiça aposentado, e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras

** Advogada

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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