Tribuna Ribeirão
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Objetos úteis

Rui Flávio Chúfalo Guião *
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Uma das grandes preocupações do cronista como eu, que escrevo semanalmente para a Tribuna Ribeirão, é encontrar um tema que seja interessante, ao mesmo tempo informativo e que prenda a atenção do leitor.

Noutro dia, pensando sobre o que escreveria para a próxima semana, dei-me conta de que estava rolando um lápis entre meus dedos( tenho uma caneca cheia deles em minha mesa, embora os utilize pouco ) e daí para reconhecer que tinha em mãos um assunto que talvez se encaixasse nas exigências acima expostas, nasceu esta crônica, sobre os muitos objetos úteis que fazem parte de nossa rotina diária e que, muitas vezes, nem nos damos conta de sua existência.

Os primeiros objetos para escrita foram pedaços de metal, que gravavam os caracteres em plaquetas de argila, depois arranhavam os papiros e finalmente deixavam sua marca no papel.

No século XVI, descobrem-se minas de grafite na Inglaterra, o que abriria caminho para seu uso na escrita. Entretanto, o grafite era pouco consistente, quebradiço e difícil de usar, até 1795, quando o francês Nicolas-Jacque Conté mistura-o à argila, passa por um cozimento e resolve o problema. Colado o grafite entre duas partes de madeira roliça, nasce o lápis, que evoluiria durante os anos seguintes e continua até hoje como instrumento útil para a escrita.

Na Inglaterra de 1822, Sampson Mordan e Johan Isaac Hawkins patenteiam um protótipo da lapiseira atual.

Com o uso, o grafite se desgasta, ocasionando a necessidade de constante apontamento. Em lugar de facas, navalhas e canivetes usados para este fim, em 1828, o francês Bernard Lassimore patenteia uma pequena invenção, o apontador de lápis, precursor dos que usamos até hoje.

E, em 1770, o engenheiro inglês Edward Nairme descobre que a borracha natural apagava a escrita a lápis. Sucessivos aperfeiçoamentos levaram a criação do pequeno instrumento que, até hoje,  faz a alegria dos estudantes.

Perde-se no tempo o início do uso da tinta nanquim chinesa para se escrever. No início, ela era colocada em recipientes pontudos de bambu e deslizava para a escrita em papel. Era muito difícil o seu uso, requeria grande habilidade para se escrever com esta caneta primitiva. Na Idade Média, usavam-se penas de aves, devidamente afiadas, que produziram a maioria das obras criadas  nos monastérios.

Mas, foi somente em 1884 que o americano Lewis Edson Waterman patenteia o que é considerada a primeira caneta tinteiro, com um recipiente contendo a tinta, que escorria por capilaridade até a ponta da pena metálica. Durante muitos anos, seu uso se popularizou, todos tinham suacaneta tinteiro, bem como enfrentavam a possibilidades de a tinta sair em excesso e manchar o texto. Usava-se, às vezes, um papel absorvente, denominado mata-borrão.

Esta última preocupação levou o jornalista húngaro Láscio Biró e seu irmão György a inventarem uma caneta com ponta esferográfica, que distribuía a tinta por igual e não manchava. Adquirida a sua patente por Marcel Bich, o mesmo lança nos Estados Unidos sua caneta que se tornaria icônica, a Bic, em sua forma descartável, até hoje o mais utilizado meio de escrever do mundo.

No final do século XVIII já se cogitava sobre uma maneira  de manter unidas duas ou várias folhas de papel. Coube ao inventor norueguês Johan Vaaler, em 1899,usando um fio galvanizado, a criação de um dispositivo  que iria resolver o problema, surgindo o clipe, em forma de quadrado. Aperfeiçoado, ganhou a sua forma atual, que persiste até hoje, sendo feito prioritariamente com fio metálico, embora haja várias variações plásticas coloridas.

* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e secretário-geral da Academia Ribeirãopretana de Letras

 

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