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A cidadania se aprende no chão da escola!

Foto: Arquivo

José Eugenio Kaça *
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A educação básica é o alicerce da cidadania, pois é nela que os valores humanos e da convivência harmoniosa são absorvidos. A luta por uma educação básica pública, e com qualidade para todos é secular. E durante este tempo leis foram criadas para direcionar os caminhos de uma educação básica pública, com qualidade e para todos. Entretanto, estas leis não são cumpridas – ficam apenas no papel. Um exemplo cabal que a educação básica pública não cumpre seu papel é o projeto chamado de EJA (Educação (Educação de Jovens e Adultos), que na prática teria que absorver os adultos que não tiveram oportunidade de estudar, no entanto, os jovens a partir de dezesseis anos são a maioria, isso mostra que o ensino regular, não está no caminho certo.

No século passado o Brasil era um país de analfabetos, pois o letramento da população pobre não estava no horizonte dos nossos governantes, pois ter uma população analfabeta vai ao encontro dos interesses da velha “elite”, que sempre tomou conta do poder. Com o início da industrialização nos anos 1940, ouve a necessidade da alfabetização da classe trabalhadora, e os primeiros projetos de educação de adultos foram criados. Entretanto, não havia uma pedagogia especifica destinada ao público adulto, usavam os mesmos métodos da alfabetização das crianças do primeiro ano do curso primário, e essa falta de sensibilidade fez a quase totalidade dos adultos abandonarem o projeto – foi o primeiro fracasso.

Em 1953, o Educador Paulo Freira, aplicou na cidade de Angico, no Rio Grande do Norte, o seu método revolucionário para alfabetizar adultos, este método alfabetizou cerca de 300 alunos em apenas 45 dias, priorizando a conscientização e a relação com a realidade dos alunos, entretanto, por ser um método que criava na classe trabalhadora uma autonomia e consciência de classe foi alijado das políticas educacionais, pois na visão daquela elite; era subversivo. Na ditadura empresarial-militar, inventaram o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), que fracassou por falta de objetivo, e pela propaganda escancarada do regime ditatorial. E com isso o problema do analfabetismo só piorou.

Depois veio o curso de madureza, que permitia, que pessoas a partir de 16 anos, prestassem exames e concluíssem o curso ginasial, mas novamente não alcançou os objetivos. Em seguida veio o Telecurso, que era uma parceria da Rede Globo, com o Sistema S, onde as aulas eram mostradas na Tv, e os exames eram realizados pelas secretarias de educação, mas também não atingiu os objetivos. Em 1996, com a nova LDBEN, foi criado a EJA, que tinha por objetivo acabar de vez com o analfabetismo na idade adulta, e,mais uma vez, os frutos esperados não foram colhidos – qual é a solução?

A evasão escolar é um problema que precisa ser encarado com seriedade, e não com escamoteação. A EJA, que deveria ser um projeto destinado aos adultos que não tiveram oportunidade de estudarem na idade correta, foi tomada por jovens de 16 anos, que abandonaram o ensino regular, por problemas familiares, e indisciplinas no ambiente escolar, e estes alunos ao invés de terem seus problemas resolvidos – são incentivados a abandonar o ensino regular, e ir para a EJA. A cidadania se aprende no chão da escola, “Alguma coisa está fora da ordem”!

* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação

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