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Dia dos Pais! A importância da figura paterna no desenvolvimento de crianças

A presença paterna é tão essencial ao desenvolvimento infantil e juvenil quanto o suporte materno (Reprodução)

Especialistas destacam como a presença paterna fortalece vínculos emocionais e impulsiona o desenvolvimento integral do indivíduo

Por Adriana Cristofoli

Ao longo da história, a figura paterna foi tradicionalmente associada ao provedor financeiro e ao guardião da autoridade familiar, presente principalmente como símbolo de disciplina e sustentação econômica. Em eras agrárias e industriais, o pai raramente participava das rotinas afetivas do lar, concentrando-se no trabalho fora de casa, enquanto a mãe cuidava dos filhos.

Na atualidade, a figura paterna vive uma redefinição: o pai participa ativamente da educação, do cuidado cotidiano e das expressões emocionais, compartilhando tarefas domésticas e dedicando tempo de qualidade aos filhos. Essa evolução reflete mudanças culturais, maior valorização da paternidade afetiva e o reconhecimento, por parte da sociedade, de que a presença paterna é tão essencial ao desenvolvimento infantil e juvenil quanto o suporte materno.

A importância da figura paterna

A interação pai-filho traz benefícios significativos e estimula áreas cerebrais ligadas à regulação emocional e ao processamento de recompensas, podendo ser determinante na construção da autoestima e na gestão do estresse. Além disso, crianças com laços paternos sólidos tendem a desenvolver relações interpessoais saudáveis, bem como capacidade de empatia e cooperação.

Segundo a educadora e psicóloga Ana Claudia Favano, a importância da figura paterna se torna amplamente positiva quando os exemplos são valorosos e trazem bons aprendizados a serem incorporados na vida da criança. “Elas, na verdade, aprendem muito mais com as atitudes paternas que vivenciam do que com o que ouvem deles.”

“Quando o pai se envolve ativamente, oferecendo apoio emocional e participação nas rotinas diárias, ele fortalece a sensação de segurança dos filhos, essencial para que eles explorem o mundo com confiança”, diz Ana Claudia. “Os pais que hoje conseguem impor limites aos filhos com consistência e coerência, sem abrir mão de regras combinadas, valores e princípios fundamentais, são os que mais terão contribuído para a verdadeira formação do caráter de futuros adultos equilibrados.”

Ela acrescenta que, em ambientes escolares, a presença paterna efetiva amplia a capacidade de formação de habilidades de autorregulação. “Assim, quando ambos os genitores estão presentes, observamos como é fundamental, pois conseguimos um alinhamento único na tomada de decisões.”

Como outra pessoa pode ocupar a figura paterna?

Em situações de ausência paterna por motivos diversos — como separação, falecimento ou distância profissional —, outras figuras de cuidado podem exercer papéis fundamentais no desenvolvimento emocional e social das crianças. Avôs e avós, tios, madrastas ou padrastos, e outros adultos significativos podem oferecer vínculos potentes e inspiradores, desde que pautados na consistência afetiva e no compromisso com o bem-estar da criança.

“O que realmente fortalece esse vínculo é a presença sensível, a escuta ativa e a disponibilidade emocional. Independentemente do laço biológico ou do papel formal na família, é a qualidade da relação que proporciona segurança, referências emocionais e modelos de comportamento”, observa a coordenadora pedagógica Renata Alonso.

A figura paterna nas novas configurações familiares

As configurações familiares na sociedade atual são amplas e diversas. Modelos como famílias monoparentais (com apenas um responsável), recompostas (formadas após novas uniões), homoafetivas e multiculturais representam variações legítimas e enriquecedoras do convívio familiar.

Essas estruturas se afastam do modelo tradicional centrado exclusivamente na figura do pai e da mãe, mas mantêm algo essencial: a presença de adultos responsáveis, atentos e afetivos, que exerçam de forma equilibrada os papéis de cuidado, orientação e referência emocional.

A orientadora educacional Maria Teresa Casamassima destaca que, em configurações familiares não convencionais, o fator mais importante é a segurança emocional oferecida. Segundo ela, “a diversidade de figuras parentais enriquece a rede de apoio, ampliando as oportunidades de aprendizado e de expressão afetiva das crianças”.

Para o desenvolvimento saudável das crianças, é fundamental que exista um ambiente de respeito, afeto e estabilidade emocional, comunicação clara entre os cuidadores e referências consistentes de afeto e disciplina.

“Esse olhar valoriza não só a estrutura familiar, mas, sobretudo, a qualidade das relações entre adultos e crianças. É essa qualidade que forma o alicerce do desenvolvimento emocional, cognitivo e social dos pequenos”, diz Maria Teresa.

O Dia dos Pais e suas origens

Botosso: “A primeira celebração aos pais teria acontecido há cerca de 4 mil anos” (Arquivo Pessoal)

Inúmeras versões apontam o início da comemoração do Dia dos Pais. Segundo o historiador Marcelo Botosso, a mais antiga delas indica que a celebração teria ocorrido há aproximadamente quatro mil anos, quando Elmesu, filho de Nabucodonosor, rei da Babilônia, moldou em uma placa de argila o primeiro cartão de Dia dos Pais. “Nele, o jovem teria desejado boa sorte, muita saúde e vida longa ao seu progenitor. A partir de então, a data teria se tornado uma festa por todo o reino babilônico”, explica.

No Ocidente, muito tempo depois, já nos anos 1900, alguns acontecimentos viriam a consolidar a data. Em dezembro de 1907, uma mina de carvão explodiu nos Estados Unidos. Dentre as vítimas, 250 eram pais. Em julho do ano seguinte, familiares dos mortos realizaram a primeira celebração em homenagem aos pais, restrita à localidade do acidente.

Em 1909, ainda nos Estados Unidos, após ouvir o sermão do Dia das Mães, Sonora Louise Smart Dodd teve a ideia do Dia dos Pais. O intuito era homenagear seu pai, William, ex-combatente da Guerra Civil Americana, que cuidava sozinho dos seis filhos desde a morte da mãe de Sonora.

Sonora enviou uma petição à Associação Ministerial de Spokane, em Washington, para transformar o aniversário de William, 19 de junho, em Dia dos Pais. A proposta ganhou força e, nos Estados Unidos, a data foi comemorada até 1966, quando o presidente Lyndon Baines Johnson decidiu alterá-la para o terceiro domingo de junho, permitindo que pais trabalhadores passassem o dia com seus filhos. Seis anos depois, o presidente Richard Nixon declarou o dia como feriado nacional.

O caso brasileiro

No Brasil, a origem foi diferente e ocorreu apenas nos anos 1950, como uma ação publicitária. “O Dia dos Pais foi idealizado por Sylvio Bhering, publicitário e diretor do jornal O Globo”, explica Marcelo.

Bhering criou um concurso para homenagear o pai com o maior número de filhos, o mais jovem e o mais velho. Os vencedores foram um pai com 31 filhos, um de 16 anos e um de 98 anos. A premiação ocorreu em 14 de agosto de 1953, segundo domingo do mês. O sucesso do concurso fez com que a data passasse a ser comemorada anualmente.

Apesar da origem mercadológica, no Brasil o Dia dos Pais é um momento para que filhos homenageiem seus pais — biológicos ou não — não apenas com presentes, mas com gestos de carinho, mensagens, confraternizações e outras demonstrações de afeto.

 

 

 

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