Tribuna Ribeirão
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O novo livro do Embaixador

Rui Flávio Chúfalo Guião *
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O Embaixador Synésio Sampaio Goes Filho, meu querido amigo e colega de turma na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, acaba de lançar novo livro, desta feita sobre o auge da cidade de Itu, sua terra natal, a maior produtora de açúcar da província de São Paulo no século XVIII, entremeando com  a biografia do seu Capitão-Mor Vicente da Costa Taques Goes e Aranha.

Nascido naquela cidade e tendo estudado em São Paulo, Synésio formou-se em Direito na turma de 1964 daquela faculdade e logo ingressou no Instituto Rio Branco, escola de formação dos diplomatas brasileiros, onde se formou em 1967.

Seu primeiro posto foi o de secretário na Embaixada do Brasil em Paris, onde tive oportunidade de visitá-lo, em companhia de Celso Lafer (futuro Ministro das Relações Exteriores) e de Osmar Chohfi ( que seria nosso embaixador em vários países ), todos da nossa turma, num encontro não programado, por acaso, uma surpresa muito gostosa. Acabamos o dia no Les Deux Magots para uma sessão nostálgica, regada a absinto, bebida em voga no final do século XIX e começo do XX, preferida dos artistas e intelectuais da época, que todos admirávamos.

O absinto é destilado do anis e outras ervas, tem teor alcoólico que pode chegar a 70% e seu uso continuado  leva a graves problemas alucinatórios. Mas, não poderíamos deixar de experimentá-lo. Sentíamos uma enorme satisfação por estar compartilhando da bebida preferida de tantos escritores e intelectuais franceses.

Dia seguinte acordei com a maior ressaca que já tive. Minha cabeça era um liquidificador batendo meus neurônios. Tinha uma viagem à tarde para Londres, dormitei no avião e chegando à capital inglesa deitei e acordei no dia seguinte, ainda sentindo os eflúvios do exagero.

Da capital francesa, Synésio foi para Lima, depois para Londres, onde foi Ministro-Conselheiro, assumiu o consulado-geral brasileiro em Milão e, nomeado embaixador, serviu em Bogotá, Lisboa e Bruxelas.

Estando em Lisboa para atender a um compromisso profissional, minha esposa e eu tivemos o prazer de ser recebidos em jantar pelo Synésio e esposa, na residência oficial do embaixador, uma noite cheia de lembranças carinhosas.

No suas estadas no Brasil, exigência da carreira, Synésio exerceu vários cargos, como Presidente da Fundação Alexandre de Gusmão, professor do Instituto Rio Branco,Chefe do Cerimonial da Presidência, chefe de gabinete dos ministros Fernando Henrique Cardoso e Celso Lafer, entre outros.

Em  2017,  foi eleito para a Academia Paulista de Letras em reconhecimento não só de seus vários trabalhos em revistas especializadas internacionais, como pelo seu livros  “Navegantes, Bandeirantes, Diplomatas” (um clássico, em sua oitava edição), “As Fronteiras do Brasil”, “Alexandre de Gusmão” (já comentado nesta coluna) e “Bela Viagem”.

Neste último livro, “Itu em seu Auge. Tempos do Capitão-Mor Vicente Taques” , Synésio inicia a obra fazendo um amplo comentário a respeito da história do país, desde os tempos  coloniais, passando por sua política, as questões dos limites territoriais (sua especialidade),a participação paulista na Independência, seus agentes principais, as lutas para a nossa emancipação, a importância da região ituana para a produção de cana de açúcar, as perdas de área da capitania de São Paulo para então chegar na vida do Capitão-Mor Vicente Taques.

Na estrutura hierárquica adotada pelo Reino de Portugal para sua colônia, havia o Governador-Geral, ou Vice-Rei, o Capitão-General da Província e o Capitão-Mor de uma cidade, que exercia os poderes de polícia, juiz, administrador.

Foi um personagem curioso, que durante 47 anos conduziu Itu com mão firme em nome da monarquia portuguesa. Conhecia latim e escrevia poesias de peso, tendo sido fundamental para que a cidade atingisse a posição de mais rica cidade do interior de São Paulo no seu tempo.

Vale a pena ler o livro, rica fonte de vários momentos da nossa história.

* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e secretário-geral da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

 

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