Cerca de 34 milhões de brasileiros convivem diariamente com a falta de rede de abastecimento de água. Esse número equivale a aproximadamente o dobro da população do estado do Rio de Janeiro, um dos estados mais populosos do país.
Essa carência reflete-se em uma maior incidência de doenças, crianças faltando às aulas e adultos impossibilitados de comparecer ao trabalho. São milhões de famílias que não conseguem manter a higiene básica ou preparar seus alimentos de forma adequada.
No entanto, apesar dos avanços ainda necessários, muitos municípios têm feito sua parte e investido na oferta de água para suas populações. Ribeirão Preto está neste grupo De acordo com a 17ª edição do Ranking do Saneamento (Sinisa, ano-base 2023), que analisa os 100 municípios mais populosos do Brasil, 23 já universalizaram o acesso à água potável, e Ribeirão Preto está na lista. São considerados universalizados, de acordo com a lei nº 14.026/20, cidades que atendem a 99% ou mais da população com abastecimento de água potável.
Em Ribeirão Preto, a taxa é de 99,73%, com 100% na área urbana, mesmo índice de 2021 e 2022. A prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Água e Esgoto (Saerp), é responsável pela captação e distribuição de água na cidade. Segundo o “Ranking de Saneamento Básico das 100 Maiores Cidades 2025”, com dados referentes a 2023, Ribeirão Preto galgou três degraus e subiu do 32º em 2022 para o 29º lugar, dizem Instituto Trata Brasil e GO Associados, com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades.
A nota total da cidade foi de 8.85, acima dos 8.65 do estudo anterior numa escala que vai até 10.00. Porém, o relatório aponta que, em alguns índices, Ribeirão Preto ainda precisa avançar. O mais importante são as perdas totais no sistema de distribuição, que no estudo deste ano (com dados de 2023) caiu para 41,67%, contra 43,64% do período anterior.
Apesar de o índice de desperdício ter despencado em seis anos – caiu de 61,5% em 2017 para 41,67%, diferença de 19,83 pontos percentuais –, ainda está acima da média nacional, de aproximadamente 40%. Tirou nota 6.00 em uma escala que vai até 10.00.
O saneamento básico na cidade já é universalizado (nota 10) e tem 99,07% da coleta de esgoto (nota 10) e 98,04% no tratamento desses dejetos (10). Segundo o ranking 2025, entre 2019 e 2023 Ribeirão Preto investiu R$ 102,26 milhões em saneamento, R$ 29,27 por habitante, nota 8.55. Era de R$ 27,76 no levantamento anterior (nota 7.80), R$ 1,51 a mais e alta de 19,46%. Os dados mostram que onze dos 23 municípios já possuem 100% de cobertura de atendimento com água.
Outros doze alcançam índices iguais ou superiores a 99%, estando, portanto, também universalizados. Em contraste, a cidade com o menor percentual de atendimento de água foi Porto Velho (RO), com 35,02%. Esse número representa uma queda em relação a 2022, quando o índice era de 41,79%, no mesmo município. O índice médio de abastecimento dos 100 maiores municípios brasileiros é de 93,91%, levemente abaixo dos 94,92% registrados no ano anterior. De modo geral, os municípios analisados possuem níveis de atendimento superiores à média brasileira, que foi de 83,1% em 2023, segundo os dados do Sinisa.
Os municípios universalizados estão distribuídos por nove estados. João Pessoa (PB) e Aracaju (SE) na Região Nordeste; Goiânia (GO) no Centro-Oeste:; e Curitiba (PR), Foz do Iguaçu (PR), Porto Alegre (RS), Canoas (RS) e Caxias do Sul (RS) no Sul. Os outros ficam na Região Sudeste: além de Ribeirão Preto, tem ainda Vitória (ES), Vila Velha (ES), Uberaba (MG), Niterói (RJ), Campos dos Goytacazes (RJ), Santo André (SP), Diadema (SP), Barueri (SP), Osasco (SP), Carapicuíba (SP), Guarulhos (SP), Campinas (SP), Jundiaí (SP) e São Paulo (SP).
A universalização do acesso à água potável nos 23 municípios destacados é um exemplo concreto de como investimentos em infraestrutura e planejamento podem transformar a qualidade de vida da população. Apesar dos desafios ainda enfrentados por muitas regiões do Brasil, o progresso dessas cidades demonstra que é possível alcançar metas ambiciosas no saneamento básico, promovendo saúde, educação e desenvolvimento econômico. Cabe agora aos gestores públicos e à sociedade como um todo trabalhar de forma colaborativa para que esses avanços se tornem realidade em todo o país, garantindo dignidade e bem-estar para milhões de brasileiros que ainda vivem sem acesso a esse bem tão essencial.

