Por Hugo Luque
Um dos principais clássicos do Brasil, a rivalidade entre São Paulo e Palmeiras terá um novo capítulo neste domingo (5), às 16h, quando o Tricolor recebe o Verdão no Morumbis, pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro. As duas equipes chegam ao último encontro da temporada em momentos opostos.
O São Paulo respira um pouco mais aliviado depois de um momento de crise dentro e fora de campo. O time comandado por Hernán Crespo apresentava um bom futebol até o tropeço diante da LDU, em Quito, pela ida das quartas de final da Copa Libertadores.
Em seguida, o conjunto são-paulino enfrentou derrotas para Santos e Ceará pelo Brasileirão, além de mais um tropeço pela Libertadores, que custou a eliminação em pleno Morumbis. A torcida, então, protestou contra a diretoria e esvaziou o estádio tricolor para o confronto contra o Ceará – o público de 12.342 foi o pior do clube, salvo portões fechados durante a pandemia, desde 2019.
Na última quinta-feira, contudo, o São Paulo derrotou o Fortaleza por 2 a 0 na capital cearense – primeiro triunfo como visitante no duelo desde 2020 – e somou importantes pontos na luta por uma vaga na próxima Libertadores. Com 38 pontos, a equipe permanece “na cola” do G-6, ainda que com uma partida a mais em comparação aos adversários.
“O espírito sempre foi igual. Muitas vezes aconteceu que o resultado não acompanhou o rendimento do time. Se você ver os últimos jogos, não merecíamos o placar que tivemos, as derrotas. Acho que o espirito do grupo prevaleceu outra vez”, disse Crespo.
“Esse time é muitas vezes criticado, mas luta e briga todo dia para conseguir os resultados. Pode acontecer de não chegar. Mas a linha e identidade [permanecem]. O grupo sempre lutou”, acrescentou o treinador argentino.
Por conta de vários desfalques, Sabino foi o único zagueiro de origem na escalação são-paulina contra o Ceará. Durante o primeiro tempo, o atacante Rigoni foi expulso, o que sobrecarregou o sistema defensivo, formado ainda pelos volantes Negrucci e Luiz Gustavo, improvisados. Líder do setor no duelo, o camisa 35 exaltou a garra do grupo.
“Vitória muito importante, o contexto do jogo explica muito bem. Nossa luta, nossa garra. Jogar com um a menos é muito difícil. (…) O São Paulo é assim desde a chegada do Crespo: um São Paulo que luta, se entrega, e foi a demonstração disso. Esse é o São Paulo que o torcedor quer ver”, destacou Sabino.
Agora, o torcedor mantém no alto as esperanças de um novo resultado positivo. São-paulino de coração, o eletricista de manutenção industrial Rafael Schemer quer ver o clube em mais uma edição da principal competição da América.
“A busca pela vaga da Libertadores vai continuar sendo difícil por conta de o São Paulo ter jogos a mais [em relação aos rivais diretos]. Porém, animicamente pode ajudar o time, pois ganhar um clássico é sempre bom. Em cima daquele que, hoje, é nosso principal rival seria melhor ainda”, opina.
Sem Rigoni, que foi expulso, Crespo também não deve contar com os zagueiros Rafael Tolói e Ferraresi, machucados. Alan Franco e Lucas são dúvidas, enquanto Arboleda deve retornar após cumprir suspensão.
Assim, uma provável escalação tem: Rafael; Alan Franco (Negrucci), Arboleda e Sabino; Cédric, Bobadilla, Rodriguinho (Marcos Antônio), Pablo Maia e Enzo Díaz; Tapia (Ferreirinha) e Luciano.
Palmeiras
O lado alviverde do clássico tenta manter a vantagem histórica e recente no confronto. O Palmeiras não perde para o São Paulo no tempo normal de um encontro desde a Copa do Brasil de 2023. Desde então, foram oito embates, com quatro vitórias e quatro empates.
Na história, de acordo com os cálculos do Verdão – que considera mais vitórias tricolores do que o próprio rival –, foram 121 vitórias palestrinas, 120 empates e 120 triunfos são-paulinos. No primeiro turno do Brasileirão, o clube do Allianz Parque tomou a frente no retrospecto.
A ultrapassagem foi importante para o palmeirense Rubens Avelar. O jornalista cresceu em uma família alviverde e aprendeu desde cedo o peso desse clássico, que para ele é tão importante quanto o duelo com o Corinthians.
“Para mim, o Choque-Rei representa uma rivalidade tão grande quanto Dérbi, por conta do histórico que tem essa rivalidade. Aquela história que falam que o São Paulo tentou pegar o Parque Antárctica, depois teve o Aidar falando que o Palmeiras tinha se apequenado. É uma rivalidade muito pesada. (…) É uma partida que causa ansiedade e nervosismo na maioria dos palmeirenses que conheço. Ninguém quer perder, acaba com o dia se perder. Isso eu acredito que para são-paulinos também.”
Com 52 pontos, o Palmeiras briga pelo título nacional enquanto divide as atenções com a Libertadores – está na semifinal. Nos últimos dez jogos por todas as competições, os comandados de Abel Ferreira perderam apenas uma vez, para o Bahia, no último domingo.
No entanto, na rodada do meio de semana, dominaram o Vasco e venceram por 3 a 0 em casa. O destaque dessa boa fase é a dupla de ataque formada por Vitor Roque e Flaco López. Foram dos atacantes, inclusive, os três gols no último jogo.
“Nunca teria imaginado [uma dupla assim], mas feliz que está dando certo, a gente treina muito e se esforça pelo time. Acho que é fruto do trabalho do grupo”, comentou López.
“É um prazer enorme jogar com um jogador incrível, que tem me ajudado bastante, o grupo também. Hoje dois gols e uma assistência para mim”, acrescentou Roque.
Outra boa notícia na Academia de Futebol é que o time terá quase força total à disposição para o jogo deste domingo. Sem novos desfalques (Lucas Evangelista, Paulinho e Khellven, com problemas físicos, já estavam fora), um provável 11 inicial é formado por: Weverton; Giay, Gustavo Gómez, Murilo e Piquerez; Aníbal Moreno, Andreas Pereira, Raphael Veiga e Felipe Anderson; Vitor Roque e Flaco López.

