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Construção civil: um setor de portas abertas e oportunidades crescentes

Yorki Estefan *

O Brasil vive um momento muito especial para a construção civil. O governo federal tem a meta ambiciosa de entregar mais de 3 milhões de moradias até o fim de 2026, e nós, que fazemos parte deste setor, temos orgulho de contribuir para que esse objetivo se torne realidade. Em 2023, o país alcançou o menor déficit habitacional relativo da história, segundo dados da Fundação João Pinheiro, divulgados em setembro de 2025: a proporção de famílias que se encontram no déficit caiu de 10,2% para 7,6%.

Esses números mostram um avanço importante, mas também evidenciam um desafio que nos acompanha há algum tempo: a falta de trabalhadores. Mesmo com mais de 3 milhões de profissionais com carteira assinada no setor, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), ainda precisamos de mais gente qualificada para atender à crescente demanda. Só no estado de São Paulo, são mais de 830 mil empregos formais, um número expressivo, mas que poderia ser maior.

No SindusCon-SP, temos trabalhado para valorizar e dar visibilidade às profissões que fazem o setor acontecer. Um dos projetos em andamento é a revisão das nomenclaturas dos cargos da construção civil, para que as funções reflitam com mais precisão e respeito a responsabilidade de cada profissional. Até o fim de 2025, entregaremos ao MTE uma proposta que inclui, por exemplo, a substituição do termo “servente” por uma denominação mais justa e alinhada ao mercado atual.

Também é importante mostrar que o setor oferece boas oportunidades de remuneração e crescimento. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), o salário médio de admissão é o maior entre todos os segmentos pesquisados, chegando a R$2.436. Em funções de liderança, como mestre de obras, os salários nas empresas associadas ao SindusCon-SP podem chegar a R$ 20 mil.

Com o nosso apoio, as construtoras associadas estão estruturando planos de carreira claros e acessíveis. O trabalhador pode começar como ajudante, evoluir para funções técnicas e, com capacitação contínua, chegar a mestre de obras. Em parceria com o Senai-SP, temos levado cursos gratuitos para dentro dos canteiros, mostrando que é possível crescer profissionalmente sem precisar sair do chão da obra.

Queremos também atrair profissionais que hoje buscam sustento em outras atividades, muitas vezes sem perspectiva de crescimento. Diferentemente de quem atua em aplicativos de entrega, por exemplo, o trabalhador da construção tem carteira assinada, proteção social e oportunidades reais de evolução na carreira.

Outro ponto essencial é aumentar a presença feminina. As mulheres já são maioria entre os técnicos de segurança do trabalho, mas ainda representam apenas 12% da força nos canteiros de São Paulo. Em parceria com o Instituto Mulher em Construção, estamos trabalhando para elevar esse percentual para 30%, oferecendo capacitação e incentivo à inclusão. Desde 2006, o instituto promove cursos gratuitos que abrem portas e geram renda e autonomia a mulheres em situação de vulnerabilidade.

A construção também quer uma maior participação de trabalhadores migrantes. Um acordo entre o SindusCon-SP e a OIM (Agência da ONU para as Migrações) busca ampliar a presença de migrantes no setor, que em 2023 somavam cerca de 35 mil em todo o país, para números significativamente maiores.

Para preparar o setor para as próximas décadas, buscamos atrair jovens e adequar a legislação do menor aprendiz, permitindo que eles tenham o primeiro contato com a construção em atividades seguras nos canteiros de obras, com acompanhamento técnico e formação profissional.

Esses avanços só são possíveis porque há uma rede de apoio sólida. O trabalhador das empresas associadas ao SindusCon-SP conta com o atendimento médico e odontológico gratuito do Serviço Social da Construção (Seconci-SP). Também lançamos o Manual de Boas Práticas em Gestão de Pessoas, disponível gratuitamente no site do sindicato, para orientar empresas na valorização de suas equipes.

Para quem quer ingressar ou voltar ao mercado de trabalho, há milhares de vagas na construção civil, que podem ser consultadas nos sites das empresas ou por meio de iniciativas das prefeituras, como os centros de apoio ao trabalhador, e também do governo estadual, como o programa Trampolim. Mais do que levantar estruturas, a construção civil transforma vidas e contribui para o desenvolvimento do estado de São Paulo e do Brasil.

 

* Presidente do SindusCon-SP

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