José Eugenio Kaça *
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Todos os anos, em 15 de outubro, quando se comemora o Dia do Professor, aqueles mesmos políticos que sempre trabalharam com afinco, para que a educação básica pública, não ultrapasse os limites estabelecidos para a perpetuação das desigualdades, entretanto, colocam em campo a hipocrisia e saem distribuindo elogios aos professores, como se não fossem os culpados pela situação da educação básica brasileira. O descaso com a educação básica pública é histórico, e não vemos no horizonte medidas efetivas para mudar esta situação.
O primeiro Plano Nacional de Educação, que foi Promulgado em 1962, estabelecia a erradicação do analfabetismo, como sua principal meta, e passados mais de seis décadas, o problema continua sem solução. O que aconteceu neste periodo para que esta mácula permaneça quase inalterada. Acontece que a história não foi absorvida e entendida, para que os mesmos erros do passado não se perpetuassem, e estejam sempre nos assombrando.
A violência, sempre foi um elemento de destaque no ambiente escolar na educação básica, e com o passar do tempo foi mudando suas formas e agregando novos personagens. No passado a violência era uma prática cotidiana contra os alunos, que ia da violência física, psicológica, da expulsão sumária, e da evasão escolar. Os governantes brasileiros usam com maestria o sofisma, para enganar o povo, e na maioria das vezes conseguém. Mudar as nomenclaturas da educação básica é uma ferramenta eficaz para mostrar que ouve mudanças, sem mudar nada.
A velha máxima, que sempre correu a boca pequena, que tem lei que pega e lei que não pega, faz com que a educação básica pública, mesmo tendo as melhores leis do mundo para rege-la, não avança – vive na eterna espera por dias melhores. No dia do professor, a queixa da grande maioria é a indisciplina, e a violência dos alunos no ambiente escolar, que se perde mais tempo para harmonizar os alunos, do que dando aula. Mas, porque isso acontece? Para entendermos essa situação é preciso enterder a história e a evolução dos métodos que o poder usa para que a situação se mantenha como sempre foi.
Com o advento da Constituição cidadã, e do Estatuto da Infâcia e Adolescência, as coisas mudaram, e a velha violência no ambiente escolar contra os alunos foi proibida, no entanto, não ouve uma transição para a substituição dos velhos métodos violentos, por uma pedagogia de paz e harmonia, neste novo ambiente escolar – saimos do oito para o oitenta, ai o colisão foi inevitável. E a velha violência, que deveria ter sido exprugada do ambiente escolar contunuou – só mudaram os personagens.
A violência do cotidiano invadiu o ambiente escolar, principalmente nas escolas públicas das periferia pobres. Aquele ambiente harmônico e solidário, que a escola precisa ter para que a convivência pacífica formem cidadãos imbuídos de ética e solidaridade humana, não produziu seus efeitos, e a velha violência continuou, e está se proliferando. Eu vejo a meninada sedenta de aprender, dominam as novas tecnologias, mas não usam para o desenvolvimento humano por falta de orientação. Visitei uma feira de arte em uma escola PEI, e fiquei deslumbrado com a felicidade dos alunos por poderem mostrar seus trabalhos para o público e seus familiares, a alegria de poderem circular livremente pelo espaço da escola, coisa que não acontece no dia a dia escolar – isso mostra que aprender com liberdade dá bons frutos.
Afinal: “aula não ensina, e prova não prova”. (José Pacheco).
* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação

