Rosemary Conceição dos Santos*
De acordo com especialistas do volume Biografias da Enciclopédia Colombiana do Círculo de Leitores, Eduardo Caballero Calderón foi um escritor e jornalista colombiano nascido em Bogotá, em 1910. Autor de escrita rápida e correção lenta, o tempo reflexivo que esta correção exigia lhe permitiu obter um produto refinado, resultando em excelentes ensaios como produto final. Ainda muito jovem iniciou sua carreira como jornalista e escritor, tendo escrito com dois irmãos a obra “Rabo de paja”. Após concluir o ensino médio no Ginásio Moderno de Bogotá, matriculou-se na Universidade Externado da Colômbia e cursou direito por três anos, mas abandonou o curso para se dedicar ao jornalismo e à política. Ocupou cargos diplomáticos em Lima, Buenos Aires, Madri e Paris, tornando-se Encarregado de Negócios na Espanha (1946-1948), embaixador da Colômbia na UNESCO (1962-1968), deputado na Assembleia de Boyacá e Cundinamarca, representante na Câmara dos Deputados (1968-1970) e prefeito de Tipacoque, em Boyacá (1968-1971).
Ingressando no jornal El Espectador como correspondente, mudou-se, em 1938, para El Tiempo, onde publicou uma coluna quase ininterrupta sob o pseudônimo de Swann. Mais tarde, juntamente com o poeta Eduardo Carranza, tornou-se editor do Suplemento Literário de El Tiempo. O primeiro conto longo que escreveu foi “Tipacoque”, publicado em 1940, que já revelava o futuro romancista; aqui, o rural e o urbano são contrastados, marcados pelos cheiros, doenças e virtudes que se revelam na vida cotidiana. Em 1943, publicou “El arte de vivir sin soñar” (1943), os ensaios “Latinoamérica, un mundo por hacer” (1944) e “Suramérica, tierra del hombre” (1944), que compilam suas reflexões sobre suas viagens como correspondente; “Breviario del Quijote” (ensaio, 1947), que surgiu após sua nomeação como encarregado de negócios na Espanha; “Ancha es Castilla”(1950), um guia espiritual para a Espanha; e, no mesmo ano, “Diario de Tipacoque (cuadros de costumbres)”. Em 1952, publicou seu primeiro romance, intitulado “El Cristo de espaldas”, no qual se evidencia seu domínio técnico. Em 1954, surgiu “Siervo sin tierra”, considerado a consolidação do escritor em termos de técnica, do mundo imaginário que conseguiu projetar e da construção de seus personagens. Nesta obra, Calderón apresenta todo o problema da miséria dos camponeses, explorados e despossuídos, abandonados a um mundo que os devasta.
Em 1955, sua produção literária continuou a fluir, aparecendo, entre outros: “La penúltima hora” (romance, 1955), o ensaio “Americanos y europeos” (1956), “Historia privada de los colombianos” (coleção de ensaios, 1960), “Manuel Pacho” (1962), romance que Caballero Calderón reconhece como sua obra favorita, “Los campesinos” (compilação de artigos de imprensa, 1962), o romance “El buen salvaje” (Prêmio Nadal 1966), “Memorias infantiles” (1968), “Caín” (romance, 1968) e “Yo, el alcalde” (memórias, 1972), onde aparece a conhecida frase: “Sonhando com um povo para governá-lo depois”; “Azote de sapo” (romance, 1975), “Historia de dos Hermanos” (romance, 1977), “Tipacoque, de ayer a hoy” (1979), “Hablamientos y pensadurías” (memórias, 1979), “El cuento que no se puede contar, y otros cuentos” (1981), “Bolívar una historia que parece un cuento” (1983).
Seus romances, ensaios, contos e contos receberam distinções especiais e foram traduzidos para outras línguas; ” Siervo sin tierra “, por exemplo, foi traduzido para italiano, português, alemão, inglês, francês, tcheco e russo. Todas as suas atividades se refletem de alguma forma em suas obras. Sua experiência como diplomata é mais evidente em ” El buen salvaje “, que narra a vida de um estudante no exterior e as dificuldades decorrentes. Caballero Calderón foi membro fundador, em 1954, da Editora Guadarrama, em Madri, e colaborou com diversas revistas. Foi membro da Real Academia da Língua e do Círculo de Jornalistas de Bogotá.
De acordo com o especialista Luis María Sánchez, sua prosa pura, simples e clara se evidencia em seus belos livros infantis, em sua narrativa vigorosa e na sobriedade de seus ensaios, alguns dos quais falham por serem dogmáticos. Caballero Calderón adotou uma abordagem pedagógica da vida, que exerceu na educação de seus filhos e na publicação de cartilhas infantis que ensinavam história de forma didática. Como ensaísta, sua obra é por vezes interferida pelas ações do narrador. Ele não pode deixar de testemunhar o drama rural, talvez por aquela constante na literatura nacional que compele os escritores a escreverem sobre os eventos que os cercam e afetam seu cotidiano. Algo semelhante ocorre em suas obras narrativas, onde a atitude do ensaísta interfere; isso resulta na ausência de uma relação entre a história e o narrador que produza um acento de sinceridade, apesar da predominância da narração em primeira pessoa. O autor faleceu na mesma cidade em que nasceu, em 1993.
Professora Universitária*


