Cada vez mais homens e mulheres buscam a harmonização facial como forma de resgatar autoestima e suavizar os sinais do envelhecimento. Rugas, linhas de expressão, flacidez e perda de volume no rosto estão entre as principais queixas de quem procura esse tipo de tratamento.
Entre os tratamentos mais buscados por pessoas acima dos 50 anos estão os bioestimuladores de colágeno, os preenchedores faciais, a toxina botulínica, peelings e tecnologias como ultrassom microfocado. Esses métodos ajudam a reposicionar tecidos, redefinir contornos e suavizar marcas do tempo.
Mas, junto com os casos de sucesso, também existem histórias de frustração, resultado de procedimentos mal indicados ou realizados por profissionais sem a devida especialização.
A biomédica esteta Andressa Bredariol, referência em estética facial, explica que harmonização não significa transformação radical. “O objetivo é devolver equilíbrio e naturalidade, respeitando os traços da pessoa. O maior erro é acreditar em soluções milagrosas. A pele levou 50 anos para chegar até aqui, e os resultados precisam vir de forma gradual, com segurança”, afirma.
A corrida em busca da jovialidade, porém, traz também desafios, como saturação, competição por preço e operadores sem qualificação adequada. Segundo a especialista, os lábios costumam ser um dos pontos de maior transformação nessa faixa etária.
“Muitas mulheres relatam que não conseguem mais passar batom porque o lábio ficou muito fino. Quando devolvemos volume de forma sutil, é como se elas se reconciliassem com o espelho”. Ela reforça que os cuidados devem ser sempre personalizados: “Cada etapa da vida exige um tipo de atenção. Peles maduras têm maior perda de colágeno, tempo de recuperação mais lento e maior susceptibilidade a manchas e agressões externas. Por isso, a abordagem precisa ser multifatorial, unindo procedimentos, cosméticos adequados, proteção solar e hábitos saudáveis”.
Motivos que levam a harmonização
Quem procura pela harmonização geralmente é guiado por demandas pontuais como a perda de volume (em maçãs do rosto, têmporas), flacidez, redefinição de contornos e realce dos lábios. Mas, os riscos não são baixos quando feitos inadequadamente. As consequências vão de assimetrias e inchaços até complicações vasculares e a reversão exige competência técnica e prudência.
De acordo com a especialista, os erros mais comuns em harmonização estão ligados à má avaliação e à falta de conhecimento anatômico. Assimetria, exageros, obstruções vasculares, inchaço e manchas pós-inflamatórias são algumas das intercorrências possíveis. Nesses casos, a reversão pode incluir desde enzimas e massagens até tratamentos mais complexos. “

Todo exagero é um resultado mal executado. O rosto deve manter sua identidade e leveza. Quando o paciente não se reconhece mais no espelho, algo saiu errado”, alerta Andressa. A especialista lembra ainda que condições de saúde podem interferir diretamente no tratamento. Doenças autoimunes, diabetes descompensado, uso de determinados medicamentos e até questões psiquiátricas precisam ser avaliadas antes de qualquer intervenção estética.
A funcionária pública do Tribunal de Justiça Estadual, Patrícia Pringolato Carrer, 54 anos, procurou tratamento ao notar sinais de flacidez e perda de volume no rosto. Ela conta que não queria mudar quem era, só queria parecer mais descansada e feliz.
Com procedimentos considerados sutis e personalizadas, ela obteve resultados naturais. “Me sinto mais segura e até nas fotos familiares voltei a gostar do que vejo. É como se tivesse reencontrado minha melhor versão”, afirma.
Já Renata Alves, 45 anos, administradora, buscou inicialmente preencher os lábios, mas o resultado foi exagerado e desproporcional. “Me senti artificial, não me reconhecia nas fotos nem no espelho. Foi frustrante”, conta. Ela decidiu recorrer a uma especialista para desfazer o excesso e corrigir com cautela.
Foram três anos de ajustes graduais, dissolução do que estava em excesso e intervenções sutis até chegar ao resultado desejado: “Hoje meus lábios estão naturais, harmoniosos com meu rosto. Voltei a sorrir sem constrangimento. Esse processo me devolveu confiança e fez com que eu me sentisse eu mesma novamente”.
Quando o exagero chama atenção
O caso do ator Stênio Garcia, 92 anos, repercutiu recentemente nas redes sociais após o artista aparecer com o rosto bastante modificado por procedimentos estéticos. Para a biomédica esteta Andressa Bredariol, o episódio ilustra os riscos do excesso.
“Houve um exagero evidente, porque ele não ficou melhor, ficou irreconhecível. O segredo de ter um rosto leve e jovial é preservar as estruturas faciais bem delimitadas, mantendo curvas, pontos de luz e sombra. Quando o excesso de produto apaga essas referências, a naturalidade se perde”. Ela reforça que harmonização não deve ser confundida com transformação radical: “O segredo de se manter jovem é saber envelhecer”.


A harmonização facial pode ser uma grande aliada da autoestima, especialmente em idades mais maduras, desde que conduzida com responsabilidade e bom senso. Para Andressa Bredariol, “mais do que inovar, o verdadeiro desafio é envelhecer bem, com identidade e respeito às particularidades de cada rosto”.
Com tantos novos profissionais entrando no mercado, a qualificação se torna fator de diferenciação essencial. O crescimento agressivo também pressiona preços, leva à oferta de procedimentos em massa e pode gerar riscos. Além disso, muitos pacientes chegam com expectativas irreais, influenciados por filtros, redes sociais e a cultura do “resultado instantâneo”, o que facilita frustrações e casos de correção.
Um mercado em ascensão
No Brasil, estima-se que o mercado de estética movimentou cerca de US$ 3,4 bilhões em 2023, com projeção de saltar para US$ 9,8 bilhões até o fim da década. A nível global, os procedimentos estéticos faciais minimamente invasivos, como os usados em harmonização, movimentaram US$ 8,93 bilhões em 2023 e devem alcançar US$ 17,24 bilhões até 2032.
Um relatório da Mordor Intelligence também projeta que o setor de estética nacional, incluindo cosméticos e procedimentos, terá receita de US$ 41,6 bilhões até 2028. Esses números mostram que o Brasil está entre os maiores mercados estéticos do mundo, especialmente em procedimentos faciais não cirúrgicos.
Dicas para quem pensa em fazer harmonização
* Priorize profissionais com formação em anatomia facial, experiência comprovada e ética clínica.
* Prefira abordagens graduais e resultados naturais, menos é mais.
* Informe-se sobre histórico de saúde, medicamentos e condições especiais que possam interferir no procedimento.
* Consulte casos reais e referências.
* Saiba que alguns procedimentos exigem manutenção e acompanhamento contínuo.

