Brasil e Indonésia assinaram uma série de memorandos e acordos de cooperação nas mais diversas áreas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira, 23 de outubro, em Jacarta, que vai buscar o quarto mandato nas eleições de 2026. O petista afirmou ao presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, que ainda irá encontrá-lo “muitas vezes”, sugerindo que permanecerá no poder além do ano que vem.
“Vou completar 80 anos, mas pode ter certeza que estou com a mesma energia que tinha com 30 anos de idade. Pode ter certeza, vou disputar um quarto mandato no Brasil. Estou dizendo isso porque nós ainda vamos nos encontrar muitas vezes”, disse.
“Esse meu mandato só termina em 2026, no final do ano, mas eu estou preparado para disputar outras eleições”, disse Lula, durante declaração conjunta à imprensa ao lado de Subianto, no Palácio Merdeka.
O encontro entre os dois presidentes ocorreu em tom descontraído. Subianto, que fez 74 anos na semana passada, convidou Lula, que completa 80 anos na segunda-feira, 27 de outubro, para uma festa de aniversário conjunta na noite desta quinta-feira. A recepção em Jacarta deu início à visita de Estado de Lula à Indonésia, que segue até esta sexta-feira (24).
Os dois países assinaram uma série de memorandos e acordos de cooperação nas mais diversas áreas, durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à capital do país, Jacarta. Em declaração à imprensa, os presidentes dos dois países disseram ter visões e posicionamentos comuns com relação à situação em Gaza, à necessidade de reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, bem como sobre o papel do Brics na defesa dos interesses do sul global.
Ao confirmar que disputará as eleições presidenciais de 2026, Lula disse que novos encontros, entre ele e o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, ocorrerão para tornar a relação entre os dois países cada vez mais valorosa.
Segundo Lula, os acordos assinados pelos dois chefes de Estado caminham nessa direção, em especial para áreas como agricultura, energia, comércio, educação, defesa, ciência e tecnologia. Ele lembrou que, nas últimas duas décadas, o comércio entre Brasil e Indonésia cresceu mais de três vezes, passando de US$ 2 bilhões para US$ 6,5 bilhões.
“É quase inexplicável, para as nossas sociedades, como é que dois países importantes no mundo, como Indonésia e Brasil, com quase 500 milhões de habitantes, só tenham um comércio de US$ 6 bilhões. É pouco”, disse Lula.
“Por isso, vamos fazer um esforço muito grande para trabalhar muito para que Indonésia e Brasil se transformem em dois parceiros fundamentais na geografia econômica do mundo”, acrescentou ao afirmar que os dois países são “nações determinadas a assumir o lugar que nos corresponde em uma ordem em profunda transformação”. De acordo com o Planalto, a Indonésia foi o quinto destino das exportações do agronegócio brasileiro em 2024.
Segundo Lula, “são valores ainda tímidos” diante do potencial desses mercados consumidores. Lula disse que Brasil e Indonésia devem avançar no comércio bilateral baseado em moedas locais, sem depender do dólar, e reforçou a aliança entre os dois países na consolidação do Sul Global. “Brasil e Indonésia não querem uma nova Guerra Fria.
Queremos comércio livre, multilateralismo, democracia comercial e não protecionismo”, afirmou Lula.
Potencial de comércio – Em seu discurso, Prabowo disse que Brasil e Indonésia são duas forças econômicas cada vez maiores, que fortalecem o sul global. Segundo ele trata-se de uma “parceria estratégica e sinergética entre países complementares”, entre dois membros do Brics e do G20, grupo formado pelas 20 maiores economias do planeta. “Hoje assinamos acordos significantes”, afirmou o presidente indonésio.
Segundo ele, o comércio entre os dois países tem potencial para chegar a US$ 20 bilhões nos próximos anos. A fim de “cultivar essa relação”, Prabowo disse que incluirá o português entre as línguas prioritárias do sistema educacional de seu país. Defesa, energia, mineração – Os dois presidentes manifestaram otimismo com relação às oportunidades comerciais, em especial no setor de defesa.
“O Brasil possui sólida base industrial militar e está disposto a contribuir para as necessidades estratégicas da Indonésia, em particular de sua Força Área”, disse Lula. “Na área de energia, dialogamos as experiências de gestão soberana de minerais críticos, que são essenciais na transição energética.
A cooperação na área de mineração poderá avançar com maior institucionalidade no âmbito do memorando que nossos ministros de Minas e Energia assinaram”, acrescentou. Gaza, ONU e Brics – Lula disse que, no atual cenário de acirramento do protecionismo, Brasil e Indonésia têm plenas condições de mostrar ao mundo a capacidade de defender interesses econômicos com diálogo e respeito mútuo.
Acrescentou que os dois países compartilham de visões similares sobre a situação em Gaza. “Nossos governos estão unidos contra o genocídio em Gaza e continuarão a defender a solução de dois Estados como único caminho possível para a paz no Oriente Médio”, afirmou Lula após ter ouvido de Prabowo que os dois países têm “comportamentos semelhantes em assuntos como os dos conflitos na Palestina e na Ucrânia”. O presidente brasileiro reiterou seu posicionamento em defesa de uma reforma integral do Conselho de Segurança da ONU para resolver a “falta de representatividade e presente paralisia” da entidade.

